Nós, do coletivo Judias e Judeus Sionistas de Esquerda, manifestamos o repúdio ao antissemitismo ocorrido no evento presencial do Brasil247 realizado há alguns dias.
Nesta ocasião, uma pergunta de fundo conspiracionista foi endereçada ao jornalista Pepe Escobar, que a respondeu reforçando o conspiracionismo.
Alguém pergunta sobre o “papel do sionismo internacional” e do “capital financeiro judaico” que “a família Rothshild” terá sobre as políticas dos BRICs. Em resposta, Escobar concorda com o teor da pergunta, afirmando que “todos sabem muito bem quem colocou em vigor o sistema que está em vigor” (sic) e conclui que esta suposta força controladora do mundo lançaria até mesmo uma guerra híbrida contra a política desenvolvimentista dos BRICs.
Denunciamos, uma vez mais, que o antissemitismo desta Esquerda brasileira tem crescido de forma vergonhosa e criminosa, marcada com o negacionismo histórico e falsas teorias conspiratórias, que incitam o ódio contra os judeus.
É lamentável que a plataforma Brasil247, sabendo disso, dê espaço para este tipo de manifestação, a um só tempo, burra, criminosa, e contrária aos valores da Esquerda!
O antissemitismo desta “Esquerda” é puro ódio e um câncer que está carcomendo a própria Esquerda.
Jean Goldenbaum, Mauro Nadvorny , Milton Blay , Nelson Nisenbaum, Pietro Nardella e Tânia Maria Baibich, em nome do coletivo Judias e Judeus Sionistas de Esquerda, assim como milhares de israelenses que saem às ruas por todo o Estado de Israel, nestes dias, condenamos veementemente os assassinatos de 3 jovens israelenses e o verdadeiro Pogrom cometido por colonos em represália na cidade de Huwara na Cisjordânia ocupada.
Reiteramos que uma paz justa e verdadeira somente será alcançada com o fim da violência e um acordo entre as partes que leve à criação de um Estado Palestino.
Somos herdeiros dos verdadeiros brasileiros, dos povos que aqui estavam quando o homem branco chegou para conquistar, matar, destruir, se impor. Somos herdeiros dos povos que ontem foram aculturados pela força e hoje são vítimas de genocídio; genocídio sim, porque é preciso dar nome aos crimes cometidos cotidianamente. Trata-se de um genocídio pensado, deliberado, desejado. E nós, herdeiros deste débito gigantesco, estamos pouco a pouco morrendo com eles.
Nós, Judias e Judeus Sionistas de Esquerda, também somos herdeiros dos nossos antepassados, igualmente vítimas do ódio assassino. Os nazi-fascistas quiseram apagar nossos avós da História. Hoje, o Estado brasileiro quer fazer o mesmo com os povos primeiros.
O presidente da República, entusiasticamente, proclamou: – Os indígenas são quase gente como a gente.
Visão mentirosa, de quem quer adaptar a realidade à sua forma caolha de ver o mundo. Devemos aos indígenas o que resta da Floresta, do Cerrado, do Pantanal, da Mata Atlântica. Enquanto Brasília e seus protegidos – madeireiros, grileiros, garimpeiros, criadores de gado, latifundiários, pistoleiros e narcotraficantes – operam livremente em suas atividades criminosas. A FUNAI e o IBAMA se transformaram em inimigos, cúmplices da destruição do meio-ambiente e dos povos indígenas.
As mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira são apenas mais um capítulo da barbárie, que virou rotina neste país chamado Brasil, governado por Jair Bolsonaro, defensor da morte. Choramos Dom, Bruno e milhares de outros assassinados anônimos – indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses, indigenistas, ambientalistas, ativistas.
Antes de desaparecer, Dom Philips escrevia um livro em que nos interpelava: “Como salvar a Amazônia?” Ao que respondemos: Como salvar o Brasil?
Vimos mais uma vez a público nos manifestarmos com relação ao inaceitável comportamento da polícia israelense no episódio ocorrido em Jerusalém acerca da morte da jornalista palestina Shereen Abu Aqleh. Não bastasse a tragédia da perda de mais uma vida inocente neste interminável conflito, ainda ocorreram confrontos antes de seu funeral, nos quais a polícia israelense utilizou de força desproporcional contra os palestinos enquanto buscava manter a ordem na saída do hospital, quando a multidão carregava o caixão da vítima.
Embora tenha se instaurado uma grande discussão ao redor da autoria do tiro fatal na jornalista, compreendemos que tal autoria é de importância mínima neste caso. Abu Aqleh é vítima da ocupação ilegal de Israel sobre a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Diante deste problema, que constitui o cerne de praticamente todo o conflito, torna-se irrelevante quais dedos apertaram o gatilho específico que a vitimou, ao passo que incontáveis gatilhos de ambos os lados vêm sendo apertados há décadas.
Desta forma, prestamos nossas condolências ao povo palestino pela perda de Abu Aqleh, e nos alinhamos à postura de pessoas como o deputado Mossi Raz, do partido israelense de esquerda Meretz, que compareceu ao funeral e condenou a violência ocorrida.
Nós nos mantemos em nossa pauta de sempre e continuamos lutando contra a ocupação israelense, assim como pelo direito de Israel e Palestina existirem, viverem e conviverem pacificamente lado a lado em soberania, respeito e cooperação.
O sr Jair Bolsonaro, menos de 24 horas após a Decisão do STF – Supremo Tribunal Federal – condenatória do Deputado (bolsonarista) Daniel Silveira, publicou Decreto de Concessão de “Indulto” individual (graça/perdão) ao condenado.
Este Decreto é obviamente um ato NULO de pleno direito, pois a condenação sequer transitou em julgado. Por agora, há una Decisão condenatória, mas sem trânsito em julgado. O réu não pode sequer ser preso; muito menos, “perdoado”. A condenação, com base no Art. 5º, LVII, da CF/88, verifica-se apenas, e apenas, após o trânsito em julgado.
Além disso, o referido Decreto é um flagrante desvio de função. Graça e Indulto não podem ser utilizados desta forma, ou seja, com pessoalidade e particularidade! Este Decreto é apenas um ato miliciano, não tendo nada de constitucional!
Enfim, o Decreto de Graça (perdão) do Jair Bolsonaro em favor do Daniel Silveira é juridicamente nulo, constitucionalmente desprovido de fundamento e é, doutrinariamente um instrumento sem musculatura jus filosófica. Além disso, é, também, um ataque da baixa política bolsonarista contra o STF e, adiante, contra o Sistema Eleitoral, em especial, contra o TSE – Tribunal Superior Eleitoral, a fim de questionar o resultado eleitoral de 2022 e tentar criar ambiente de agressividade social.
Jair Bolsonaro é orientado pelo neonazista estadunidense, Steve Bannon, que assessora Trump e o orientou a criar a confusão eleitoral, incluindo invasão e ataque ao Capitólio. Também é orientado pelo (já finado) Olavo de Carvalho, outro nazifascista contemporâneo, cuja doutrina é a destruição completa das Instituições do Estado Democrático. Anote-se que no dia do Julgamento no STF, o sr. Daniel Silveira tentou entrar no Plenário juntamente com o Deputado Eduardo Bolsonaro (este, assumidamente discípulo de Olavo de Carvalho, Steve Bannon e seguidor de Donald Trump). Eduardo Bolsonaro é aquele que disse que bastaria para fechar o STF com um cabo e um jeep.
Mas, não para por aí. As raízes mais antigas deste ato do Bolsonaro encontram-se na Alemanha nazistificada dos anos 1935. Naquela ocasião, houve uma série de ataques aos segmentos sociais, em especial, Judeus, advindos dos ataques à Constituição de Weimar (documento de nascimento da segunda geração dos Direitos Humanos: sociais e culturais). Não foi diferente a tomada de poder pelo fascista Mussolini, que apoio grupos violentos, armados e antidemocráticos, a fim de estabelecer um Estado Fascista.
Bolsonaro segue a cartilha! Atacar o STF, guardião da Constituição Federal de 1988 (a oitava Constituição brasileira, mas apenas a segunda democrática) é atacar o Estado Democrático de Direito, cujos fundamentos encontram-se entre os Artigos 1º a 17. Ao atacar os fundamentos do Estado Democrático de Direito, Bolsonaro sonha (sonha!) em golpear a República e assumir o poder autoritário. Por agora, conta com o apoio dos Militares do Planalto (aposentados e devoradores do Erário), entre os quais, os Generais (fora da ativa) Braga Netto, Augusto Heleno, Pazzuelo, Ramos etc. Não consta (ainda) que as Forças Armadas estejam ao lado do Bolsonaro nessa trilha miliciana.
Se na Alemanha e Itália dos anos 20 e 30 houvesse um Tribunal como o que se apresenta no STF, certamente não teria havido uma escalada no nazifascismo. Não houve, ao contrário, os Juízes se dobraram diante dos mussolinista e hitleristas. Aliás, não apenas os Juízes, mas os Empresários, os Professores, as Igrejas e outros membros da elite social, legitimados pelas classes sociais economicamente baixas, mas adestradas religiosamente (uma das bases para o nazifascismo e, também, para o trumpismo e bolsonarismo).
Nós, JJSE – Judias e Judeus Sionistas de Esquerda, reconhecemos a grande missão do STF e sua opção pela defesa do Estado Democrático, assim como da CF/88, e manifestamos total apoio ao Colegiado e a cada Ministro em especial.
O coletivo Judias e Judeus Sionistas de Esquerda expressa sua preocupação com os incidentes violentos ocorridos no complexo da Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, um lugar sagrado para cristãos, muçulmanos e judeus.
Infelizmente estamos assistindo o recrudescimento da violência em Jerusalém, justamente quando as três religiões monoteístas comemoram suas festividades. Os cristãos a Páscoa. Os judeus o Pessach e os muçulmanos o Ramadan.
Toda violência precisa ser condenada. Nós acreditamos no direito de todos a referenciarem suas crenças e comemorarem suas festividades junto aos seus familiares em paz e com tranquilidade nos seus locais de reza.
É dever do Estado proteger todos os seus cidadãos de qualquer ato de violência. Neste sentido é compreensível o uso de meios de dissuasão e dispersão de agitadores, sempre que de acordo com o uso de força proporcional e racional, jamais letal.
Condenamos veementemente a invasão de lugares sagrados pelas forças israelenses, mesmo que a título de apreender manifestantes que agiram em desacordo com a lei. Nada justifica o emprego da violência desmedida contra todos para conter a violência de poucos.
Conclamamos a todos se absterem de provocações, permitirem a liberdade religiosa e o direito de ir e vir.