Reichskristallnacht o Kristallnacht, ma anche Reichspogromnacht

Reichskristallnacht o Kristallnacht, ma anche Reichspogromnacht

Con Notte dei cristalli (Reichskristallnacht o Kristallnacht, ma anche Reichspogromnacht o Novemberpogrom) viene indicato il pogrom condotto dai nazisti (SS) nella notte tra il 9 e 10 novembre 1938 in Germania, Austria e Cecoslovacchia.
Si parlò di 7500 negozi ebraici distrutti durante la notte del 9 novembre, di quasi tutte le sinagoghe incendiate o distrutte (secondo i dati ufficiali erano stati 191 i templi ebraici dati alle fiamme, e altri 76 distrutti da atti vandalici). Il numero delle vittime decedute per assassinio o in conseguenza di maltrattamenti, di atti terroristici o di disperazione ammontava a varie centinaia, senza contare i suicidi. Circa 30 000 ebrei furono deportati nei campi di concentramento di Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen. Relativamente al campo di Dachau, nel giro di due settimane vennero internati oltre 13 000 ebrei; quasi tutti furono liberati nei mesi successivi (anche se oltre 700 persero la vita nel campo), ma solo dopo esser stati privati della maggior parte dei loro beni.
La polizia ricevette l’ordine di non intervenire e i vigili del fuoco badavano soltanto che il fuoco non attaccasse anche altri edifici. Tra le poche eccezioni ci fu l’agente Wilhelm Krützfeld che impedì che il fuoco radesse al suolo la Nuova Sinagoga di Berlino, e che per la sua azione venne sanzionato internamente. Nessuno tra i vandali, assassini e incendiari venne processato.
L’origine della definizione notte dei cristalli, più correttamente Notte dei cristalli del Reich è una locuzione di scherno che richiama le vetrine distrutte, fatta circolare da parte nazionalsocialista e diffusa poi anche nella storiografia comune. Dello stesso atteggiamento di beffa nei confronti dei cittadini classificati ebrei fa parte anche l’obbligo imposto alle comunità ebraiche di rimborsare il controvalore economico dei danni arrecati.
*
NEVER AGAIN!
Judaísmo, Cristianismo e Islam

Judaísmo, Cristianismo e Islam

O Livro JUDAÍSMO, CRISTIANISMO E ISLAM, escrito por Pietro Nardella-Dellova (Judaísmo), João Décio Passos (Cristianismo) e Atilla Kush (Islam, com a colaboração de Francirosa Campos Barboza), traz uma visão atualizada das três grandes culturas e religiões.

No capítulo dedicado ao JUDAÍSMO, Pietro Nardella-Dellova faz uma trajetória desde as experiências mesopotâmicas de Abraham, passando pela vivência em Canaã, Egito e, finalmente, no Judáismo da Torá. Recupera os fatos históricos, a situação medieval e chega aos dias contemporâneos, principalmente no que respeita ao diálogo do Judaísmo com outras culturas.

O livro foi publicado pela Editora Vozes e encontra-se disponível.

A Torá para o caminho de ir vivendo

A Torá, que significa Instrução, é “um” Livro de viver a vida na estrada, para transitar entre pedras e atravessar mares e desertos, de experienciar processos embrionários de formação do mundo, em Bereshit, e do processo de constituição de um Povo – então, Povo Hebreu, Israelita e Judeu, especialmente em Shemot, Vayikrá, Bemidbar e Devarim.

A Torá não é o único Livro judaico nem pode ser vista sob “maus” olhos fundamentalistas. O chamado Povo do Livro (conceito muito mais acertado que o de Povo escolhido) possui muitos Livros, uma Biblioteca variada, criativa, inspiradora e muito interessante, que vai de história a pensamentos de matriz filosófica, de direito à poesia, de épica à relatos sobre fatos e de vozes proféticas (não, não tem a ver com vozes proféticas de outros grupos culturais, pois não se trata de falar algo sobre o futuro, mas de dizer (dizer!) algo sobre o presente. Os Profetas pensam e dizem algo sobre o mundo em que viviam, sobre relações de justiça e bondade, educação e espirituralidade.

Porém, a Torá, que não é o único Livro, é, todavia, o mais importante legado judaico (sim, a Torá é judaica, é patrimônio judaico, e nunca foi “velho testamento” (exceto nas vozes antissemitas, desinformadas e levianas!). A Torá é, sobretudo, principiológica, ou seja, traz princípios (em ensinamentos ou exemplos) em torno dos quais é possível desenvolver um pensamento, um comportamento e um juízo de valores (aliás, como qualquer princípio). Cada povo, semita ou não, tem seus princípios, como no Código de Hammurabi (babilônico), na Lei das Doze Tábuas (romana), nas Constituições e ética (ateniense) etc. O Livro de princípios para o Povo Judeu é a Torá.

A Torá, assim, não é um Livro dogmático (nem revelado), mas histórico, ético e o ponto de partida (não de chegada) do Povo Judeu. Por isso mesmo, ao longo da História Judaica, a Torá ganha brilho e atualização sob os sábios olhos do hermeneuta, daquele que se dobra sobre ela e dela retira a substância, os pontos de apoio, os calços, e os referenciais para a vida. A Torá não é um livro do “além-mar” nem do “céu”, mas da vida, da existência, da subsistência, das relações interpessoais, das fragilidades humanas e dos motivos de fortalecimento, resistência, vigor e caminhada.

Em outras palavras, é o ponto de partida do Judaísmo que, embora não impeça qualquer outro alcance de sabedoria e conhecimento, serve sempre como alicerce, princípio e Constituição. A Torá é a Constituição (na história, a mais antiga!) de um Povo e, tal a sua musculatura principiológica, perdura ao longo do tempo, seja em Israel ou na Diáspora, seja no Gueto ou nas remoções, seja em Jerusalém ou no Deserto. Como Livro de princípios serve para o processo de crescimento. A Torá é a passagem do topos ao u-topos, de um lugar conhecido a um lugar que se imagina bom.

Por último, a Torá não pode se tornar um objeto idolátrico (como seria um livro dogmático) ou um Livro sacrossanto (o que levaria a fundamentalismos toscos e destrutivos). A Torá não desceu do céu! O homem, em especial, o Judeu, não foi feito para servir à Torá, não foi feito para a Torá, mas a Torá, sim, foi feita para o homem, em especial, para o Judeu. A Torá está a serviço da pessoa humana em seu processo de instrução, de educação principiológica, de justiça e atos de bondade.

Por isso mesmo, a cada semana estudamos uma Porção, um trecho, isto é, uma Parashá, para ir, pouco a pouco, bebendo nessa fonte, e crescendo com ela, exatamente no que disse Moshe Rabenu (Moisés, nosso Mestre), em um processo de gotejamento, gota a gota, sempre, em cada ciclo anual, imediatamente logo após Rosh Hashaná e Yom Kippur, dois momentos de reflexão de origem e de consciência, recomeçamos, semanalmente, o processo de educação na inesgostável fonte da Torá.

Tishrei, 5785

(c) Pietro Nardella-Dellova

Casa degli Spiriti e algo acerca de Mashiach

Casa degli Spiriti e algo acerca de Mashiach

I

Deixei meu filho na Piccola Caffetteria, comendo seu tramezzino, e fui para o Quartiere Ebraico, bem atrás do Castello Baronale, com todas as saudades da Sinagoga Scuola, a que chamam, amedrontados, Casa Degli Spiriti, porque muitas atrocidades ocorreram contra os ebrei, como são chamados os judeus italianos. Houve muita perseguição e morte, dentro e fora da Sinagoga, com requintes de brutalidade.

 

II

Ouve-se que algumas crianças foram mortas sobre a Bimá, a mesa sobre a qual se coloca o Rolo da Torá nos serviços religiosos judaicos. Por isso mesmo, os moradores dali dizem ouvir vozes, e sombras se movimentando, pelas pequenas janelas do prédio. Dizem que as pedras das paredes da Sinagoga ficam respingando o sangue das vidas que ali foram assassinadas e que, agora, buscam vingança contra seus opressores e descendentes. Ao chegar naquele pátio da Via Olmo Perino, diante do prédio da antiga Sinagoga, fui tomado de um sentimento de dor, mas, igualmente, de esperança e gratidão. Cheguei-me à antiga porta de madeira, fechada, e estendi minha mão, como que acariciando, ou agradecendo, ou, simplesmente, testemunhando alguma vida em mim e, ao encostar minha mão à porta, fui tomado por pensamentos e sentimentos que vêm de longe.

 

III

Choramos e esperamos nesta triste Galut por um tempo de paz, em que possamos simplesmente viver. Ali, no Quartiere Ebraico, diante da velha Sinagoga, desta minha curiosa Casa Degli Spiriti, caminhamos e brincamos tantas vezes no pequeno pátio florido, onde minha família viveu por séculos, meus olhos se enchem de luz e esperança. Também ouço vozes, mas de outra natureza.

 

IV

Estava quieto diante da porta fechada da Sinagoga. Às minhas costas, exatamente atrás, para cá e além do Castelo, ficam as três Igrejas Católicas, Santa Maria Assunta, San Pietro e San Francesco. Mais distante, do outro lado da cidade, à minha esquerda, para além da Via Appia, ficam duas Chiese Evangeliche, e à minha direita, há moradias de um grupo de muçulmanos que atuam na exploração de serviços telefônicos internacionais.

 

V

E eu, parado ali, senti um calor invadir meu peito. É impossível não chorar, porque ouvi o clamor das vozes de centenas de judeus e judias levados e mortos pelos religiosos de fora, pela sua inquisição, pelos fascistas, nazistas e outros canalhas injustos. E ouvi os sinos badalando incessantemente, ouvi alguma gritaria conjunta de Igrejas evangélicas e vozes ininteligíveis islâmicas.

 

VI

Mas, do silêncio estranhamente respeitoso da velha Sinagoga, ouvi, também, a voz inconfundível da esperança em Mashiach:

 

… o Espírito de HaShem está sobre mim,

porque Ele me ungiu, para pregar aos mansos e revigorá-los:

          enviou-me a restaurar os chorosos de coração,

            a proclamar liberdade aos escravizados,

              e a abertura de prisão aos presos…

 

VII

Porque andamos perdidos nas sombras de tantos séculos, sem direção nem contentamento, e o sentido de Mashiach tornou-se um peso milenar e o talhe do teu reino mal pode ser reconhecido. Nos últimos milênios fizeram-no com mil faces e em mil lugares. Sendo tantas, ninguém a conhece nem pode esperar ou ouvir esta voz.

 

VIII

Mas, alguns esperam Mashiach e acreditam que o avistarão sobre os montes de Israel, com os seus pés em movimento, ensinando a renovação do Conhecimento e o Retorno a um tempo em que Poetas eram reis em Jerusalém. Rei Poeta e Poeta, Mashiach ensinará algo de mais profundo sobre a Face do Eterno.

São aspectos de Mashiach que me encantam e me fazem, em determinada medida, ouvir sua voz. Mas, espero, também, que as vozes retidas nas paredes desta minha Sinagoga sejam libertadas com atos de justiça! A voz de Mashiach fará ouvir a paz, e anunciará o bem, fará ouvir a plenitude e dirá à Sião:

O Eterno reina!

… celebra as tuas festas e cumpre os teus votos…

 

IX

E ele será, então, a imagem e a semelhança do Eterno, e nele serão soprados os Sete Espíritos do Eterno. E, com ele, a Coroa será ligada ao Reino… Malchut à Keter!

 

X

Quando ele nascer (e os sábios disseram que nascerá), o Eterno se alegrará de sua Justiça, de sua Mansidão, de seu Conhecimento de Torá, de seu Cântico e de seu Hallel. Nele, as obras da “criação” serão finalmente terminadas. Sob seu Reino, os homens encontrarão as fontes de conhecimento, da sabedoria e da inteligência e não haverá fome sobre a terra, nem terror, nem injustiças. O cego não errará o caminho e o surdo não será privado de entendimento, e ninguém será enganado, pois ele ensinará o equilíbrio e como suplantar a árvore do aprofundamento do bem e do mal, como vencer as inclinações para o bem e para o mal e, assim, levará ao caminho de volta à árvore da vida, e apontará a Coragem e a Força!

 

XI

Então, o Eterno, finalmente, ficará satisfeito e ouviremos a sua voz plena de alegria (e de bereshit) ecoando pelo espaço:

… é muito bom…

Mas, agora, ninguém conhece o seu perfume, os seus olhos, as suas mãos, os seus cabelos, a sua barba, o seu caminhar, o seu partir do pão, do peixe e o seu delicioso vinho. Ninguém sabe como será aquela mulher que ele amará como esposa nem como serão seus filhos, porque ele trará em si os olhos e a música de David e a Poesia e juízos de Sh’lomò, de cuja descendência nascerá. Ninguém viu, ainda, o seu sorriso, o seu modo de abençoar, o seu cântico, a sua amizade, a sua presença, o seu sangue, o seu espírito e, não obstante, ele é o desejado de todas as nações, porque todos os homens e mulheres desejam um tempo de plena paz e descanso!

e como pastor apascentará o seu rebanho;
entre os seus braços recolherá os cordeirinhos,
e os levará no seu regaço:
as que amamentam ele guiará mansamente…

XII

Mas, por que ainda não o conhecem? Porque veem mal, com os olhos obscurecidos de religião, de teologias e de intrigas medievais. Veem com más intenções, e por isso não enxergam; não ouvem e não escutam. Ouvem mal, conforme as conveniências e, se o encontrassem não lhe reconheceriam.

Provavelmente, o desprezariam, porque não seria grego ou romano, não seria russo nem alemão. Desprezariam porque ele seria um Judeu – o melhor dos Judeus! Desprezariam porque ele não nasceria em um calendário gregoriano nem daria início a um novo calendário, como querem os homens platônico-aristotélicos, nem seria um Judeu nascido em terra estranha, como querem algumas escolas e grupos. Desprezariam porque ele teria em um dos braços, a Torá, e no outro, os Nevi’im. De um lado o acompanharia Moshè rabenu, e do outro, os Profetas. Desprezariam Mashiach porque o seu coração é uma força nos Tehilim, e sua alma será formada nas deliciosas Festas Judaicas e nas Canções que enchem nossas vidas de contentamento.

 

XIII

E somente aqueles que ouvissem, repetidas vezes, o seu pai declamando delicadamente os versos dos Cânticos de Sh’lomo para sua terna esposa; e ouvissem, também, a voz e a força dos Provérbios e da Meguilat Ester, quando estivessem juntos com seus irmãos, ao redor de uma mesa iluminada pelas chamas de um duplo candelabro, e perfumada pela delícia dos Chalôt, somente assim poderiam saber como será o Mashiach.

Os outros o desprezariam e o odiariam porque na sua boca e no seu coração os Ensinamentos jamais seriam uma nova religião (e sequer uma religião), mas a luz, a renovação, o azeite, o ser humano pleno que nos falta – a perfeita leitura e interpretação da vontade do Eterno: amor-amar, superando as faces do bem e do mal, com o fogo da Ruach HaElohim!

façamos o homem

à nossa imagem e semelhança

Os homens maus, poderosos, senhores do império de ouro, prata, ferro e barro, mataram milhares de crianças judias pelos milênios, esperando que ele fosse morto – e continuam matando e comendo a carne de seus filhos, com seus votos ao vento! 

E hoje, vestidos de Babilônia, de Roma e Edon, culpam-nos por uma cruz forjada na ignorância dos ecos do Coliseu e insistem que devemos morrer por ela. Em dois mil anos de necrofagia que não termina, num discurso de morte que não termina, numa procissão mórbida que não termina, em cruzadas genocidas que não terminam, em inquisições necrófilo-religiosas que não terminam, em holocaustos que não terminam, em bombas que não se calam, e embriagados do nosso sangue, exigem que nos dobremos diante dos seus deuses gregos e romanos, e dos seus profetas orientais tresloucados, bem como de seus missionários de perdição! Exigem que ouçamos seus pregadores delinquentes e nos dão o fel da exclusão social!

 

XIV

E as filhas, orientais e ocidentais, desta absurdidade religiosa, vendem a ilusão in memoriam (aos pedacinhos) nas praças, nos salões alugados, nos templos de isopor, nos canais de rádio e televisão mal adquiridos, nos campos de futebol, nas capelas, nas basílicas, nas igrejas, nos terreiros, nos centros, nas encruzilhadas, nos sagrados Shopping Centers, nas Bolsas de Valores, nos chaveiros, nas lojas, nas Torres Gêmeas, nas peregrinações, na estampa maledetta do dinheiro, nos porta-aviões, nos discursos vazios, nas lojas de hambúrgueres, nas árvores, nas bolinhas de natal, nas ceias de natal e no frango assado de natal e nos dias de dezembro. Aliás, dezembro e novembro inteiros, porque os pedacinhos da ilusão devem mover o comércio!

 

Ah, esse Rabi desconhecido – o Mashiach! Se os homens o encontrassem em quaisquer lugares, certamente o desprezariam, porque não nasceria em dezembro! Porque será do sangue hebreu de Abraham, Itzchak e Ya’akov, e porque seria instruído/instruindo por Moshè rabenu, e porque é o coração e o gemido de Yehoshua, dos Shoftim, dos Melajim, de David, de Sh’lomò, de Yeshayahu, de Yirmiahu, de Yejezkel, de Daniyel, de Hoshea, de Yoel, de Amós, de Ovadiá, de Yoná, de Mijá, de Najum, de Javacuc, de Tz’faniá, de Jagai, de Zejariá, de Malají e de todos os Judeus de todos os tempos. Porque é a ideia de plenitude.

Mashiach será a perfeita harmonia entre Criação e Creador (não Criador), porque chora desde sempre, com gemidos de quem quer estar em Jerusalém – e ninguém pode amá-lo, desejá-lo ou compreendê-lo se antes não souber amar Jerusalém, o Beit HaMikdash e a Torá!

Ah, esse Rabi, meu irmão, jamais poderia ter nascido de Atenas, em meio às festas e bacanais, porque não é filósofo: é a própria Sabedoria. Jamais poderia ter nascido de Roma ou de suas Províncias, em meio aos festins e orgias, porque não é jurista: é a própria Justiça. Somente poderá nascer em Judá, em meio às Festas judaicas de Pessach e Shavuot, Yom Kipur e Sucot, e na alegria de um Shabat, porque ele é, e esperamos dele, o Shalom

 

XV

E olhando ao lado da porta da antiga Sinagoga, vi uma pedra, uma pequena pedra. Depositei-a no chão, diante da porta, em memória às centenas de vidas que tombaram diante do furor bestial eclesiástico, nazista e fascista, durante os séculos naquele Ghetto, cujo sangue e fé homenageiam cada uma das linhas da Torá. E às vozes judaicas que teimam em não calar pelos séculos e séculos até que possam estar em algum lugar com suas famílias, Tradições, Festas e seu Mashiach! Até que possam estar com seu D’us!

*

Pietro Nardella-Dellova: Sinagoga Scuola ou Casa degli Spiriti e alguma coisa de Mashiach, in A Morte do Poeta nos Penhascos e Outros Monólogos. SP: Editora Scortecci, 2009, p. 40  e segs.

 

 

Se “sionismo” for…, sou sionista. Se “sionismo” for…, sou antissionista

Se “sionismo” for…, sou sionista. Se “sionismo” for…, sou antissionista

Se por “sionista” entendemos ser a favor do Estado de Israel, sou sionista. Se, entretanto, e concomitantemente, for contra o direito dos Palestinos a um Estado, sou antissionista.

Se por “sionista” entendemos ser a favor de direitos iguais dos (e para os) vários grupos (árabes, drusos, cristãos, judeus, religiosos, ateus, brancos, negros etc) que vivem em Israel, sou sionista. Se, entretanto, for a defesa de um Estado Judeu, exclusivo para Judeus, sou antissionista.

Se por “sionismo” entendemos o pensamento dos primeiros líderes dos Kibutzim anarquistas e socialistas, de 1870 a 1948, sou sionista. 

Se por “sionista” entendemos a existência de dois Estados: Israel e Palestina, vivendo soberanamente e com autonomia, sou sionista. Se, entretanto, for a defesa de Israelenses com a eliminação dos Palestinos, sou antissionista. 

Se por “sionismo” entendemos a invasão, esbulho e ocupação ilegal, imoral e violenta da Cisjordânia por “colonos” Israelenses, e a inviabilidade da Palestina, sou antissionista. 

Se por “sionismo” entendemos a plena Democracia em Israel, sou sionista. Se, entretanto, for autoritarismo e fascismo do netanyahismo e respectivos grupos neofascistas ou religiosos, sou antissionista.

Se por “sionismo” entendemos um sistema jurídico laico em Israel que proteja a diversidade religiosa, sexual e cultural dos vários grupos, sou sionista. Se, entretanto, for um sistema religioso fundamentalista, autoritário, obtuso, bíblico e ultrapassado, sou antissionista. 

Se por “sionismo” entendemos a filosofia do século XIX, defendida por Landauer, Buber, Einstein como resposta histórica e proteção contra o antissemitismo, sou sionista. Se, entretanto, for islamofobia, racismo, apartheid, profetismo, anticonstitucionalismo e teologização do Direito, sou antissionista. 

Se por “sionismo” entendemos a diversidade sexual e pluralidade de ideias políticas, com direitos políticos positivos e negativos de todos e todas em Israel, sou sionista. Se, entretanto, for repressão sexual, pensamento uniforme e excludente, sou antissionista. 

Se por “sionismo” entendemos chorar pelos mortos israelenses nas muitas vezes em que Israel foi atacado, sou sionista. Se, entretanto, for zombar, rir e gargalhar sobre mortos Árabes e Palestinos, sou antissionista. 

Se por “sionismo” entendemos o pensamento de David Ben-Gurion, Golda Meir, Shimon Peres etc, sou sionista. Se, entretanto, for o pensamento de Ariel Sharon, B. Netanyahu, dos ortodoxos, entre outros, sou antissionista. 

Se por “sionismo” entendemos um pensamento progressista, liberal, socialista ou social-democrata, humanista, antifascista e voltado aos Direitos Humanos, sou sionista. Se, entretanto, for o pensamento da extrema-direita, religiosa ou não, sou antissionista.

Se por “sionismo” entendemos os valores os valores mais caros do Judaísmo subterrâneo dos Profetas humanistas de Israel, e dos Ensinamentos da Escola de Hilel (e respectivos), e da filosofia de Luzzatto, Buber, Heschel, entre outros, então, sou sionista.

Enfim, ser por “sionismo” entendemos a defesa atual de Israel e seu direito inegociável de existir (ao lado de um Estado da Palestina), sou sionista. Se, entretanto, for simplesmente ataque à população de Gaza, sem critérios nem inteligência, sou antissionista!

(© Pietro Nardella-Dellova)