por Pietro Nardella-Dell'ova | 5 nov, 2024 | Judaísmo , Literatura , Livro
O Livro JUDAÍSMO, CRISTIANISMO E ISLAM , escrito por Pietro Nardella-Dellova (Judaísmo ), João Décio Passos (Cristianismo ) e Atilla Kush (Islam , com a colaboração de Francirosa Campos Barboza), traz uma visão atualizada das três grandes culturas e religiões.
No capítulo dedicado ao JUDAÍSMO, Pietro Nardella-Dellova faz uma trajetória desde as experiências mesopotâmicas de Abraham, passando pela vivência em Canaã, Egito e, finalmente, no Judáismo da Torá. Recupera os fatos históricos, a situação medieval e chega aos dias contemporâneos, principalmente no que respeita ao diálogo do Judaísmo com outras culturas.
O livro foi publicado pela Editora Vozes e encontra-se disponível.
por Pietro Nardella-Dell'ova | 5 maio, 2024 | Literatura , Poesia
QUATTRO SONETTI D’AMORE
E
QUATRO POEMETOS DO DIA INTEIRO
( dedicados à mulher amada)
POESIA E MUSICA
Appare così presente avvolta nell’incanto e bellezza
Come donna che si muove tra note belle di soavità
E cammina ballando al ritmo di musica sommessa
E vola nella brezza che soffia poesia e musicalità.
Così si tuffa nel fiume di piaceri liberi e irresistibile
Con gli occhi di fuoco che illuminano gli dei e i versi
Diffondendo musica nel tocco delicato e indefinibile
Dalla poesia di un poeta che riunisce toni e universi.
La donna graziosa e bella nel corridoio, cortile, mondo,
Tra spartiti raccolti che risuonano anima in sottofondo
Risvegliando tutti colori della creazione di verso pieno
Al limite della poesia libera, scritta di sguardo sereno:
Eccola che se vede viva oltre lo specchio ad amare
E vivere piena di luna, sole, terra, aria, rosso e mare.
STATUA DI CERA
(titolo provvisorio perché lei non è una statua di cera )
In quei versi della poesia più dolce, pura e delicata,
Con la mano tremante, le guance si inumidirono
Sulla mano del poeta di vita e i suoi occhi brillarono
Di ieri e d’oggi, che vola e passa sulla tua giornata
E di leggere sensazioni camminiamo ad abbracciare,
Toccare sulla pelle lungo del giardino, amore e cielo,
Che fanno volare le tavole, le corde e il tuo mantello
Tra versi e immagini di umidità, desiderio, e baciare
Perché siamo fatti di andirivieni, bagno di immensità:
Né cera, né calce, né salto, né pavimento, né gioco
Solo intere di sogni in braccia libere, occhi e fuoco
Di ritmo che avanza e labbra di piacere ed affettuosità
Nel prendere, senza peso, la bocca del poeta – allegretto
E lasciati vivo ed umido nell’allegro , nei baci e nel sonetto.
SONETTO DEL VESTITO SUL CORPO SCOPERTO
Questa donna piena e bella
Fatta di poesia e immensità
Sospira nei baci che sono
Baci da chi vive e si rivela
L’invito-desiderio della dea
Dal tocco umido dei piaceri
Nell’abbraccio di tante volte
Sguardo libero arriva e crea
Il verbo in musica risveglia
Fuoco-bacio, bocca aperta,
E suoi seni che si liberano
Agli occhi del poeta flirtano
L’immenso verso libero scritto
Sulla bocca, piedi e giardino.
PRESENZA VIVA
La mia poesia rivela il cielo
Il cammino soave da baciare:
Nasce la canzone sulla bocca
Di vita piena senza mantello.
Libera volando, bacia e danza,
Bocca, bacio sulla tua nudità
Nel gioco dei versi sotto luna
Unica, giardino umido avanza
E si apre l’angolo della poesia
Dal tuo verso rosso così vicino
E sguardo dolce ed immerso
E poi il velo sulla faccia si squarcia,
Bocche mute,silenziose, si aprono
Ora due corpi nudi, nudi di cielo.
QUATRO POEMETOS DA MANHA, MEIO-DIA, TARDE E NOITE
Poemeto da manhã
Nesta manhã, envio-te versos
de ternura na brisa suave
de uma poesia, quase uma partitura;
e envio afetos no meu canto matinal
imersos no perfume da tua pele,
teu natural manto, versos despertos de vida…
Poemeto do meio-dia
Teu rosto de encanto, olhar falante,
No teu perfume de beijo e gosto,
E luz que vai, toca, revela adiante,
Entre lágrimas que o verso traduz
E converte em orvalho disperso
No teu jardim que delícias verte!
Poemeto da tarde
Aquela mulher que me leva, suave, sob os véus
dos seus olhos umedecidos de uma tarde qualquer,
e no caminho entre céus, aqui e ali, tecidos e leves
de um fogo que surge, arde, cobre e se desenha
no rubor das suas faces feitas de traço delicado…
Aquela mulher tão bela: flor que me salva no abraço!
Poemeto da noite
Sob o teu convite, visitei teu canto, entrei pela porta
e tu, bella, sobre a cama, dormindo em sonhos de amor
ao lado de lençóis jogados ao chão, corpo em nudez,
e me aproximei, assim, no aproximar-me de quem dorme
e tomei os lençóis brancos lançando-os sobre teus seios
sem tocá-los, e com a dobra cobri teu jardim feito tesouro
porque neles a morada só é possível sob tuas mãos
quando assim me conduzirem e mostrarem o caminho,
mas, não cobri, não cobri nem cobriria sob convite,
os teus lábios, umbigo, cabelos, rosto,
pálpebras, pernas, pés, braços, pescoço, ombros
e mãos, porque teu canto ainda ressoava no teu canto.
© Pietro Nardella-Dellova
(Alguma Poesia no Umbigo da Mulher Amada / Qualche poesie sull’Ombelico della Donna Amata)
por Gustavo Perez Pereira Andrade | 5 ago, 2022 | Brasil , Literatura , Poesia
A plateia está em silêncio
O Palco está mais uma vez no escuro
Apagaram-se as luzes
Não se escuta mais a voz do narrador da história,
Na poltrona vazia
Não há mais anedotas, gargalhadas ou aplausos
Apenas uma lágrima amarga
Saudade das nossas conversas à meia noite
Pois, o seu sofá está agora vazio,
Uma tristeza com sabor de saudade
Misturado a alegria das nossas boas recordações
Invade o Brasil
Um beijo do gordo
E um muito obrigado!!!
Ao poeta dos sorrisos noturnos Jô Soares.
por Gustavo Perez Pereira Andrade | 2 ago, 2022 | Brasil , Literatura , Poesia
Trago uma mala velha,
Cheia de boas lembranças,
amigos, conversas, músicas, fé,
e canções do Belchior.
Trago uma mala velha,
Nela carrego toda saudade
que palpita dentro do peito,
Nela trago fotos na memória, a saudade que dói,
E os nossos sonhos para o pôr-do-sol da bela manhã.
Trago uma mala velha,
Sou um navegante de muitas léguas
Viajante entre tantos mundos
Não me julgue pelo sorriso
Nem pela lágrima,
Por tantas partidas sem despedidas …
Trago uma mala velha
Nela tenho um jornal
Com notícias bonitas
Mensagens de ano novo
e boas festas também.
Tenho,
Tudo aqui bem guardado
Na mala velha da esperança,
Os sonhos da infância, os medos de criança,
O manifesto pela paz mundial
e amor entre os povos,
O bálsamo para toda dor.
Na minha mala velha da esperança,
Trago os muitos planos
e toda incerteza do futuro,
E as angústias de um rapaz latino-americano
do interior .
Nela também trago o verbo amar:
Eu amo a vida, as pessoas,
dois dedos de prosa no bar
O abrir das flores,
Pétala a pétala abrindo na primavera,
As mariposas, as pernas das moças,
De todas as crônicas a mais bela é a vida,
De todas as poesias, a mais bela é a vida,
É um amor matreiro, é um conto ligeiro,
É um desaguar de boas lembranças,
É um rebento de saudade….
por Pietro Nardella-Dell'ova | 3 nov, 2021 | Crônica , Literatura
O Poeta estava ali, forasteiro, olhando o pó de florestas moídas e, então, ela veio e entrou pelos corredores apressadamente e foi deixando os sapatos, altos e pretos, pelo portão.
Aqueles sapatos lançados ao chão resmungaram uma voz concentrada, como se fosse possível ouvir por intermédio deles a voz musical distante, intensa. Porque há mulheres que usam os pés para dançarem, mas, outras, usam-nos para primeiro gemerem e depois para se libertarem, para o salto que as tire da cola asfáltica e o impulso que arrebente paredes – e muros.
Quem tira os sapatos busca a leveza e o conforto de um ato libertário – busca o mar, e busca a brisa, e busca o estado de comunhão, e busca a poesia, e busca aqueles olhos que enxerguem, e busca o espaço, e busca o vento, e busca a tempestade, e busca o toque das mãos feito escultura renascentista.
Em algum ponto dos pés femininos começa o caminho ao paraíso!
Ela, então, agora descoberta mulher e gente, tirou os sapatos e os manteve ali, jogados, feito símbolo de resistência e escárnio, marco de libertação, desenho melódico, expressão de inteligência, convite ao encontro dialógico pleno. Aquela mulher tirou os sapatos em busca da pele, dos poros e do corpo, em busca da alma que transita pelas veias, e da vida que organiza os músculos e arrebata os seios, em busca da luz que cintila nos lábios e faz dilatar as pupilas.
Aquela mulher tirou os sapatos porque as asas não estavam em suas costas, mas, nos pés, e ela buscou asas em seus pés, asas que a levassem para as cabanas alpinas, de onde chegara o Poeta, e para beber na mão da Poesia ou, quem sabe mais próximo, ao alcance de um dedo, nas vias e pousadas andinas ou, simplesmente, para o risco de um verso possível no encontro de gente e seres apenas.
E, agora, Aquela mulher, Esta mulher, tão próxima assim, com os pés soltos, sapatos jogados, pisaria uvas com intensidade, cantando e dançando por toda a noite. Ela ergueria os vestidos para pisar uvas mais profundamente ainda e, ao amanhecer, lançaria mais uvas ao lagar e continuaria cantando alegremente com os vestidos levantados, mergulhada em vinho e poesia, poesia achada na rua, no corredor, no portão e naqueles pés, agora, libertos.
© Pietro Nardella-Dellova, 2010
por Pietro Nardella-Dell'ova | 3 nov, 2021 | Literatura , Poesia
I
Os beijos têm diferentes faces, e cores, e sabores,
e duração, e profundidades, e energias, e tessituras, e geografias.
II
Há beijos de amigos que se encontram e beijos de amantes que se
reencontram no vácuo do tempo. Há beijos americanos e beijos
brasileiros, mas, há beijos totalmente napolitanos. Há beijos
religiosos e beijos escandalosos. Há beijos que são ícones da Internet
e beijos de plástico. Há beijos com máscaras e sem máscaras! Há
beijos terapêuticos e psicoterapêuticos. Há beijos de misericórdia
e beijos de piedade. Há beijos de maridos e de esposas e há beijos
de enamorados. Há beijos convencionais e há beijos apaixonados!
Há beijos vivos e beijos necrófilos – beijos de lábios e beijos de
espelho do espelho de toalete! Há beijos que são beijos de homem-poeta
e de poeta-mulher, de homem-Poesia e de Poesia-mulher,
profundos e demorados.
III
Beijos que vasculham o céu da boca, a língua e todos os
lábios, e todos os poros, e os olhos, e as faces, e a pele inteira, e
as mãos, e os dedos, e os braços, e as coxas, e as costas, e os
cabelos, e as orelhas, e o pescoço, e o peito, e os seios. São beijos
que misturam e espalham o vinho, do umbigo ao corpo inteiro, e
escrevem partituras inteiras – são beijos sonoros que avançam
allegretto e se destacam no dueto pleno, entre as vozes dissonantes
da turba tresloucada! Beijos demorados no corredor, elevador,
biblioteca, setor de macarrão, frios e eletrodomésticos – beijos
anticomerciais, beijos apolíticos. Beijos antissociais!
IV
Quais beijos são os beijos da sua boca, querida? São melhores
que beijos virtuais? São melhores que beijos matrimoniais
ou religiosos? São beijos musicais? São beijos desenhados na pele,
umedecida no toque despretensioso e demorado?
V
Conhece os beijos que
nascem das palavras vivas dos poetas? Palavras que carregam
almas de um lado ao outro, de um espaço ao outro. E almas que
carregam corpos. E corpos que carregam ardores. E ardores que
carregam o gotejamento apressado de corpos com almas, absortas
nas palavras do poeta, ditas a quaisquer brisas que sopram sobre
o estacionamento, conhece? Conhece as palavras que brotam do
inimaginável e despreocupado encontro e do beijo que fica entre
os desenhos da face e da boca? Beijos que começam pelo canto
da boca e se estendem aos cabelos, pele e tudo…
VI
E os vampiros sabem o que é o dueto?
E os necrófilos, saberiam o que é o beijo allegretto?
Os vampiros se perderam entre os necrófilos e as pessoas entre
imagens virtuais. Atrás de uma imagem existe uma enfermidade
e entre eles, existem seres vivos, e existem mulheres de corpo e
alma, de espírito e inteligência, de perfume e intensidade. Alguns
nadam na superfície; outros mergulham na profundidade! E aos
que são acostumados à invariável superfície, mergulhar causa
espanto e sobressalto!
VII
O mergulho é o ato de coragem
afeito aos que amadurecem pelo tempo e pela experiência, pela
dor e conhecimento – pela força que nasce quando ridicularizamos
a sociedade que nos cerca com sua amarelada hipocrisia. Afeito
aos que discernem entre o perfume natural da carne em chamas e
o perfume de shopping center! O que pode dizer, querida, sobre
o mergulho? O que pode dizer sobre Eurídice e Orfeu? O que
pode dizer sobre o voo das águias? Tente dizer e passear por este
caminho. Tente descer ou subir, mergulhar ou voar! Ainda que
eu saiba que o silêncio é melhor que a fala, experimente a fala,
enfrente o Poeta e diga sobre os entranháveis desejos da alma
humana.
VIII
Sabe mergulhar? Tem fôlego para ir ao fundo, onde apenas
seres de verdade se encontram e se descobrem, onde pérolas se
fazem com o ritmo do tempo sem pressa e sem contas? Se nada
sabe de Poesia e se não tem fôlego nem coragem, não poderá
mergulhar com o Poeta nem dialogar diante de quem estende a
mão para o movimento musical. Mas, quando pensar na pérola,
vencerá o medo, e a Poesia se intensificará em seu corpo e lhe
dará vida. Seus poros respirarão dentro das águas profundas.
IX
Não é uma lição – é um fogo de vida e intensidade! O Poeta não
ensina – o Poeta vai! Ele leva você a ver do alto, a voar alto, a
mergulhar, a mergulhar ao fundo. Quer a lição ou o voo? Quer o
conceito ou o mergulho? A mágica da Poesia é receber asas de
águia, para voar alto – quer? E receber fôlego, para mergulhar
com o Poeta ao fundo, e encontrar pérolas – quer, também? Então,
se você ouvir a Poesia e descobrir de que são formados os
beijos do Homem-Poeta, descobrirá a sua Poesia-Mulher, e pedirá
para voar alto, bem alto. E para ver as pérolas que lhe fazem
falta ao fundo, se vencer o medo do profundo.
X
Enquanto a noite não
vem, desenharei as asas que erguerão você ao alto, para o bem
alto, e juntarei o ar de que precisa para o mergulho. E, se o Poeta
estender a mão, diria: sim, Poeta, quero voar alto – leve-me! Sim, quero
mergulhar fundo, leve-me. Leve-me às pérolas, porque preciso de pérolas.
E, se o Poeta levasse você, perderia o fôlego e as asas? – Não,
não perderia, leve-me ao alto porque preciso de plenitude. E se
perder as asas, será trazida de volta à terra. E, se perder o fôlego,
será trazida de volta à superfície. Porque os beijos têm diferentes
faces, e cores, e sabores, e duração, e profundidades, e energias,
e tessituras, e geografias.
Ficasse eu beijando a sua boca neste dia,
acariciando a sua face, de amor rosa – e linda,
bebendo no cálice do seu umbigo o vinho e a água,
e voz rouca, numas horas fugidias, cantando e amando,
explodindo, e ser riso e ser desejo que arde,
e um beijo colado, único, que não finda no entardecer
porque no seu abraço (em que me faço homem que ama)
aperto o laço – para sempre – de jogo, e vida, e ternura,
porque dura o fogo ao meio, e o perfume:
o anseio, em que venço o tempo na tessitura da sua pele
agora ungida, do seu corpo, jardim de flores únicas,
porque repouso, tranquilo, no seio do afago…
e tê-la, nua e úmida, é Poesia que trago para sempre!
ah, principessa, o seu corpo pleno-luz, insinuante e aberto,
rosado e gracioso, sem túnicas…
© Pietro Nardella-Dellova ,
in trecho do livro A MORTE DO POETA NOS PENHASCOS E OUTROS MONÓLOGOS. Ed Scortecci, 2009, pp 61-68
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imagem: by Iza Borgonovi Tauil