Bolsonaro, Temer, Moro e Collor e a derrota da direita estúpida e da extrema-direita

Bolsonaro, Temer, Moro e Collor e a derrota da direita estúpida e da extrema-direita

Hoje, 22/6/2022, Bolsonaro será julgado pelo TSE – Tribunal Superior Eleitoral, e é provável que aquele Tribunal o julgue inelegível. O conjunto de provas é farto, substancial, público, notório, jurídico: Bolsonaro atentou contra a Democracia, colocou em xeque o sistema eleitoral (diga-se, reconhecidamente, interna ou externamente, como sistema exemplar!). articulou, desde a facada (dizem que falsa!), um golpe.

Golpe encabeçado por ele, e promovido por setores neofascistas e atrasados das Forças Armadas, do sistema especulativo financeiro, dos ruralistas de pouco cérebro e muita voracidade destrutiva, da ala “política” mercenária, dos crentes tipicamente malafaístas, de movimentos expressivamente neofascistas (como o MBL, por exemplo!), da mídia especializada em antidemocracia e, também, de grupos repressores da sexualidade (caso para profissionais da área!).

Bolsonaro é o representante de uma direita burra, emburrecida, idiotizante, e que, há muito, abandonou os padrões (liberais) civilizados de economia, religião e política, e inclinou-se, amarrou-se, colou-se e prendeu-se à extrema-direita com ares nazifascistas! Os apoiadores e representados de Bolsonaro, e promotores do golpismo, estão entre a burrice adorniana (repetição de discursos vazios denunciada por T. Adorno) e a fúria hitlerista e mussolinista.

Mas, Bolsonaro, hoje certamente com sua derrota decidida pelo TSE, é um dos representantes desta extrema-direita (que quer se vender apenas como direita liberal). Michel Temer, Sérgio Moro e Fernando Collor são os outros “escolhidos” para representar o que se tem de pior no Brasil – a extrema-direita maquiada de direita democrática.

Michel Temer, um dos artífices do já reconhecidamente golpe contra o Mandato de Dilma Rousseff (só não é reconhecido por quem defendeu, sem qualquer argumento, o próprio golpe!), foi escolhido para dar existência e corpo aos promotores do golpismo. Com ele estavam todos os promotores do golpismo posterior (o golpe dentro do golpe), entre os quais, a ala neofascista dos militares! Braga Netto já estava com Temer, não nos esqueçamos! Mas, Temer foi derrotado, está derrotado, e saiu com os mais baixos índices de popularidade. Sua idade (e ligações) impede sua prisão!

Sérgio Moro, como se sabe, foi “condenado” como juiz suspeito. Era o escolhido pela extrema-direita para ocupar o lugar de Bolsonaro (a saída antecipada do Ministério da Justiça foi teatral, até porque não apenas se manteve ligado a Bolsonaro, como fez campanha e assessoria eleitoral para Bolsonaro). Moro foi “construído” com uma máscara de “herói” contra “corruptos” desde a farsa da Lava-Jato, cujo objetivo era a prática da “lawfare” contra um alvo específico: Lula. Moro está meio vivo, meio morto: zumbi!

Moro foi “construído” pela extrema-direita do mesmo modo que Fernando Collor. O discurso colocado em suas bocas (nada democráticas, honestas ou justas) era contra o comunismo (comunismo?!), contra a corrupção (corrupção?!) etc. Ambos condenados: Moro por suspeição (e há mais investigações em curso que envolvem bilhões na 13ª Vara, assim como denúncias de Tony Garcia e Tacla Duran); Collor, finalmente, por corrupção!

Voltando a Bolsonaro, o último representante dos promotores do golpe dentro do golpe, hoje ele será julgado inelegível pelo TSE. Dezenas de outras investigações seguem, incluindo crimes de genocídio no Tribunal Penal Internacional, o caso das joias sauditas, os bilhões da Caixa, a falsidade das carteiras de vacinação etc. e, finalmente, o golpismo de 8 de janeiro de 2023.

O que há de comum entre Bolsonaro, Temer, Moro e Collor, além da expressa antidemocracia, ódio aos trabalhadores, ataques diretos e indiretos à CF/88, inclinações militares ao golpismo, violência contra a economia, misoginia e corrupção intrínseca? Todos eles são representantes, construídos e mascarados pela extrema-direita (que já foi mais oculta e, hoje, anda à luz do dia e nas mídias desavergonhadas)! Mas, não só. Todos eles representam, com suas condenações políticas, econômicas e jurídicas, a derrota da extrema-direita!

© Pietro Nardella-Dellova

Capitalismo, o Deus Fodidor

Capitalismo, o Deus Fodidor

O capitalismo

é um deus devastador,

o deus dos deuses, o pai dos deuses,

o deus supremo, o deus único, monoteísta,

o deus legislador, o deus julgador, o deus executor,

o deus carcereiro, o deus psicótico,

o deus governo, o deus banqueiro,

o deus corruptor

e corrupto,

o

deus enlouquecido,

o deus destruidor,

o deus coveiro,

o deus fálico,

o deus fodidor,

o deus pedófilo,

o deus ejaculador,

o

deus

estuprador.

O capitalismo

é a maior e mais eficaz expressão

de morte e idolatria

criada pela mente pervertida

e de ofensa ao próprio homem e à mulher,

o efetivo e integral desfazimento da pessoa.

O deus mascador e chupador,

que falsifica a face humana,

e se transforma em carne,

em corpo,

em alma,

em espírito

e em encontro sem vida nem afeto.

O capitalismo

é o deus encarnado em cada célula

para, finalmente, imobilizá-la como plástico!

Ele é o deus descriador dos céus e da terra, em seis dias cria a besta e no sétimo não descansa na sua lufa-lufa. O deus que consome o planeta e monstrifica seus elementos, suga-o de forma excitante e ritual, espreme-o e transforma em pó e lama cada metro de terra, e em cola química e asfáltica cada litro de água, e em veneno e enxofre de martírio o ar, ampliando o fogo, a chama e a fumaça sobre a Terra, feita, agora, uma pira de holocausto malcheiroso e ardente!

Para o Capitalismo,

Não há mulher nem homem!

Não há idoso nem criança!

Não há pessoa!

Não à pessoa!

Não há flor nem amor!

Não há dignidade nem honra!

Não há direito nem diálogo!

Não há arte nem arte!

O capitalismo a todos consome,

a todos centrifuga.

De todos faz verme. E de tudo, um lixão!

E, tu,

não sabes disso ainda?

Chamas a isso de progresso e civilização?

Não conheces a história que escreves e na qual vives?

Não abres a janela de teu esconderijo?

Não?

És, então,

o religioso psicótico e neurótico, o romeiro, o dizimista, a besta,

o louco, o patife e uma máscara na lufa-lufa!

Não

és

humano!

© Pietro Nardella-Dellova

in trecho do meu Artigo “O Capitalismo e o Fake”, 2012

Israel em Lockdown

Afinal de contas, qual é o valor de uma vida? É com esta pergunta que Israel entrou ontem, quando comemoramos a entrada de 5781, no seu segundo Lockdown. Desta vez, por pelo menos 3 semanas consecutivas.

Ainda tentando digerir as novas regras de distanciamento social, o governo já anuncia, para a semana que vem, a possibilidade de aumentar as restrições e deixar mais pessoas em casa. Desta vez o alvo são os trabalhadores privados de empresas que não recebem público e foram autorizados a continuar trabalhando. Mercados públicos de rua que foram autorizados a permanecerem abertos, talvez tenham de fechar.

Na última semana o número de novos infectados chegou a bater em alarmante 6.000 casos em um único dia. Para um país com apenas 9 milhões de habitantes, este é um número inaceitável. Dentro de duas semanas teremos um aumento significativo de pessoas em estado grave necessitando internação. Os hospitais já estão chegando ao seu limite e novas alas para receber pacientes do Corona precisam ser abertas. Isto significa cerrar para outro tipo de pacientes como Câncer, Coração etc. A conta não vai fechar.

Tudo se encaminha para um colapso do sistema. Traduzindo, vão faltar camas em UTIs para receber novos pacientes graves do Corona. Como eles precisam de isolamento, os hospitais não podem usar corredores ou alas que são abertas. Eles terão de voltar para casa com prognóstico pessimista de sobrevivência.

Enquanto isso, o governo é atacado de todos os lados. Desde aqueles que culpam pelo mau gerenciamento da crise, passando pelos religiosos que não aceitam seus lugares de culto fechados, até obviamente, aqueles que tiveram fechados seus negócios e fonte de renda. Cada um, por suas razões, acredita que podemos manter uma vida quase normal, bastando que todos usem máscaras e mantenham distância uns dos outros.

O uso obrigatório de máscaras e o distanciamento estão em voga desde que o Corona chegou por aqui. Sair a rua sem máscara implica em multa. Se o cidadão estiver dentro de uma loja sem máscara, ele e o local são multados. Mesmo assim, o número de novos casos não parou de crescer. Parte da população, pelas razões mais absurdas, não obedece as normas, e aquela que obedece paga o mesmo preço.

O Lockdown é terrível para a economia como um todo. Negócios quebram e o desemprego aumenta vertiginosamente. Por mais que o governo coloque em prática planos de ajuda, eles nunca são suficientes. O país sofre, mas é a população mais fragilizada que recebe o maior impacto.

Israel não é o único país a enfrentar a segunda onda. Inglaterra, Espanha e Itália, por exemplo, estão se vendo com o mesmo problema e relutam em decretar o Lockdown. Não será por muito tempo. Cada pessoa infectada, infecta ao menos outras 3. A progressão é geométrica fazendo os números aumentarem rapidamente. Mais infectados, mais casos graves, maior ocupação de UTIs. Não existe alternativa responsável.

Até a chegada das vacinas, o remédio será amargo. Este é o ano que todo mundo vai desejar esquecer. Salvo os poucos bilionários que estão ficando trilionários com o Corona, e os laboratórios que vão vender as vacinas, todos nós estamos sendo atingidos de uma maneira, ou de outra.

Raro quem ainda não teve um parente, amigo ou conhecido que faleceu devido ao Corona. Eu mesmo, já perdi a conta. Vidas perdidas que nunca mais vão voltar. E afinal de contas, qual é o valor de uma vida?

 

Nada de Novo no Front

Uma das coisas mais interessantes na crise do Coronavírus é a sensação de “novo” que ele causa. De fato, parece ser um dos vírus mais cruéis das últimas décadas, pelo fato de ele demandar o sistema de saúde em uma velocidade e proporção impressionantes e assustadoras. Em todos os países, com exceção da China, que há muito já tem isso como modelo, rapidamente notou-se a movimentação de todos os setores políticos e acadêmicos em prol do papel do estado como via de saída para a crise.

Mas é apenas a dimensão do tempo – ou da velocidade dos acontecimentos – é que é nova neste momento. Nenhum dos problemas suscitados, dos que afligem as parcelas vulneráveis da sociedade e de sua economia, são de fato novos. O vírus vem apenas nos despertar a consciência perdida pela crônica diluição no tempo e no espaço do volume de pequenas tragédias localizadas e sistêmicas que se arrastam há tanto tempo e em intensidade “suportável” às autoridades e elites. O vírus nos desperta agora para um sem número de problemas que há muito foram naturalizados pela resiliência das camadas inferiores e invisíveis da população, que se forem “lambidas” pela epidemia representarão uma imensa ameaça involuntária nas esferas biológica, social e econômica, ao centro de uma economia cronicamente e excessivamente financeirizada e insustentável exatamente por esta característica.

Subitamente, descobriu-se que sem dinheiro ninguém vive, e que as desigualdades na distribuição desse dinheiro e seu fluxo, na ausência de um lastro patrimonial e funcional que realmente atenda as necessidades básicas de qualquer ser humano, pode nos levar à destruição. Pelo menos, daquilo que considerávamos até dez minutos atrás como sendo o método de vida definitivo e seguro.

E para completar o quadro com requintes de crueldade, no caso do Brasil, foram os estratos superiores da sociedade que trouxeram o vírus ao Brasil, certamente desinformados e desatentos ao que acontecia no mundo. Esses mesmos estratos que puseram no poder um governo absolutamente incapaz de lidar com a situação, aleijado em sua infraestrutura de saúde por decisões voluntárias e desorganizado em sua hierarquia pela intrusão na sua linha de comando e na sua rede de relações do vírus conspiracionista derivado do olavismo e da paranóia anticomunista e fascista.

Com esta última característica, fechamos o ciclo de compreensão desta barbaridade, que como disse, só é nova na escala do tempo. Nenhum dos problemas que enfrentaremos doravante são coisas novas. A diferença é que a vitrola estava em rotação 16, e então, veio a natureza virou a chave para 78. Se para nossa sorte ou azar, caberá a nós decidirmos.


NELSON NISENBAUM

A vida em tempos de Corona

Não está fácil a vida com o Corona. Ninguém passará incólume por este período, com a vírus, ou sem o vírus. A vida de todos está sendo afetada em maior ou menor grau.

Aqui em Israel estamos em meio ao furacão. A propagação, apesar de lenta, é inexorável e a cada hora aumentam os casos de contaminação. No momento em que escrevo estas linhas já são 200 pessoas infectadas, 4 doentes recuperados, nenhuma morte e 38.560 pessoas oficialmente em quarentena.

O governo acredita que durante a semana o número de infectados chegue a 500 e por isso anunciou medidas de contenção ontem a noite. Entre elas, o fechamento por 5 semanas dos Shoppings, bares, restaurantes, teatros, cinemas e locais de lazer. As empresas devem manter seus funcionários trabalhando em casa e o uso do transporte público, só em último caso. Carros particulares devem transitar com até duas pessoas no máximo. Todo o sistema de educação ficará fechado assim como os órgãos de governo.

Abertos permanecem os Supermercados e os Minimercados de rua. Farmácias e Bancos também. O problema é que ninguém sabe até quando e com medo de que fechem, ou que falte mercadoria, estão comprando como nunca e as filas nos caixas duram horas.

Tudo parece sob controle, mas os problemas são muitos. Com as crianças em casa, os pais precisam cuidar delas e como vão poder trabalhar? Os contratos de trabalho em Israel, graças ao neoliberalismo são feitos por horas trabalhadas. Como contabilizar quem está em casa? Pior ainda para quem trabalhava em Shoppings ou locais de lazer. Com tudo fechado eles não vão receber salário por 5 semanas, mas as contas municipais e governamentais vão continuar chegando no final do mês. O mesmo com as contas do dia a dia. O Corona está causando mal aos vivos também.

Está claro que o mundo não esperava por algo assim. Nenhum país estava preparado para isso e cada um está tentando lidar com o problema com a experiência do que aconteceu antes em outro país. Enquanto a China começa a se livrar do problema, outros países começas a enfrentá-lo. Um dia de cada vez.

Os prejuízos econômicos serão bilionários, ou quem sabe trilionários. Não sei quantas companhias de aviação vão sobreviver com todas as restrições a viajantes que estão sendo impostas. Todo o maravilhoso mundo do Turismo está literalmente parado e ele movimenta a economia de muitos países. Um turista, além dos lugares turísticos, frequenta restaurantes, usa táxi, faz compras etc. Milhares de pessoas ligadas ao ramo estão sendo despedidas. O Corona vai fazendo suas vítimas entre os não infectados.

A maioria da população não será contaminada, mas todos nós estamos sofrendo as consequências. A situação é séria, muito séria e ainda não temos ideia de como será o mundo depois do Corona, mas com certeza, não será o mesmo de antes dele. Os prejuízos materiais e em vidas que este vírus vai deixar, já fazem com que ele seja um marco na história da humanidade.

O que eu posso aconselhar, desde Israel, é que não entrem em pânico. Comecem a planejar suas vidas desde agora com o que já está acontecendo aqui, e já aconteceu em outros países. Certamente muitas das medidas tomadas em Israel, e que foram tomadas em outros lugares antes, serão implementadas no Brasil em algum momento.

Faça um estoque de comida e itens de primeira necessidade para um mês. Tenha em casa álcool gel 70%. Toda vez que entrar em casa, use! Evite dinheiro e prefira comprar tudo no cartão. O dinheiro circula e não se sabe quem tocou nele. Melhor andar em locais arejados. Evite aglomerações. Use as escadas, mas evite os corrimões. Transporte público, somente em último caso. Procure ficar em casa. Leia, assista TV, conviva com seus entes queridos. Lavar as mãos sempre.

Luvas podem ajudar, mas lembre-se que a questão é não levar as mãos ao rosto, com, ou sem luvas e ter muito cuidado ao retirá-las. O mesmo acontece com a máscara. Ela deve ser usada preferencialmente por quem está contaminado e trabalhadores da saúde.

Pegar o vírus não é uma sentença de morte. Cerca de 80% das pessoas que se contaminam, ficam apenas gripadas. O problema maior é com pessoas que já possuem problemas respiratórios, especialmente fumantes e ex-fumantes que ficaram com sequelas pulmonares. Quanto mais velhos, mais intensa é a gripe e maior a dificuldade de respirar.

A mortalidade do Corona é de 2% entre os contaminados, a exceção da Itália que chega a 6%. Lá o Corona está sendo implacável e o país inteiro está sendo colocado em quarentena.

Por fim, saibam que o Corona atinge a todos, não importa se de esquerda ou de direita, se inteligente ou minion, religião ou gênero.

Não sou médico, muito menos especialista no Corona. Tudo o que escrevi acima são minhas impressões pessoais e a maneira como estou vendo o desenrolar dos acontecimentos. Cada um deve fazer a sua leitura dos fatos e tomar as suas decisões.

 

 

 

Que revolução é esta?

Que revolução é esta?
 
Estamos vivendo hoje o que se poderia chamar de Revolução Virtual. Da mesma maneira como a Revolução Industrial, esta tem alguns elementos que nos fazem recordar este difícil período para a classe trabalhadora.
 
Até 1760, os produtos eram fabricados por um indivíduo. Assim, um sapato era produzido por um sapateiro, uma cadeira por um carpinteiro e assim por diante. O artesão cobrava pelo material utilizado e pelo seu trabalho na confecção daquele produto. Ele trabalhava as horas desejadas e tinha seu merecido descanso.
 
Então, alguém teve uma ideia. Vamos produzir em escala onde cada fase da produção será exercida por um trabalhador que fará de forma repetitiva a mesma ação por horas a fio todos os dias de sua vida. Estava criada a linha de produção e a volta da exploração do homem pelo homem. Uma nova forma legal de escravidão.
 
Neste processo, pagava-se os piores salários e a jornada de trabalho podia chegar até 16 horas por dia. Mulheres e crianças também eram aceitas por um salário menor. A exploração não tinha limites, nem tirava férias. Não haviam direitos e sobrava mão de obra. A expectativa de vida de um trabalhador era muito baixa.
 
As fábricas de então, como as de hoje, eram de propriedade de grandes capitalistas cujo objetivo era o lucro. Este lucro vinha da venda do produto final depois de pagos os salários e os impostos, assim como nos dias de hoje. Baixos salários e grandes margens de venda traziam grandes lucros para o dono da fábrica.
 
Os novos capitalistas da Revolução Virtual não são donos de uma fábrica, tampouco possuem funcionários, não precisam pagar salários e ainda assim possuem uma grande margem de lucro. Eles são donos apenas de um aplicativo.
 
Vamos tomar como exemplo um dos diversos aplicativos que colocam em contato um desejoso prestador de serviços com um desejoso necessitado deste serviço. Eu preciso ir de um lugar para outro. Uma pessoa está disposta a me levar. O aplicativo nos põe em contato, o serviço é prestado. Por esta facilitação, o dono do aplicativo cobra um valor.
 
Nesta revolução, este valor cobrado é abatido do valor do serviço prestado. Por este serviço o trabalhador não recebe um salário fixo, tampouco tem qualquer tipo de direitos elementares conquistados depois da Revolução Industrial. Não existe limite de horas trabalhadas, não existe descanso obrigatório. Não existe nenhum compromisso com qualquer forma de relação presente ou futura.
 
A Revolução Virtual também chega ao mundo capitalista tradicional. Até pouco tempo, se alguém precisasse de hospedagem temporária, buscava um hotel. Pelas noites ali passadas pagava-se um valor. Deste valor, os funcionários recebiam seu salário, o hotel pagava seus impostos, a manutenção do imóvel e ficava com sua margem de lucro.
 
Agora, um outro dono de outra modalidade de aplicativo, coloca em contato quem precisa de uma hospedagem com quem se dispõe a oferecer uma habitação particular. Por esta facilitação ele recebe um valor determinado. Quem oferece o serviço não possui nenhum vínculo empregatício, nenhum direito outro que não o custo pré-estabelecido para aquela transação.
 
O que muitos estão vendo como um progresso, um novo meio de vida é o prenúncio de um enorme retrocesso nas relações trabalhistas. Junto com estas novas facilitações, também chegaram as flexibilizações trabalhistas. Um trabalhador pode ser contratado por horas de trabalho. Empresas podem contratar trabalhadores terceirizados oferecidos por uma outra empresa de mão de obra.  
 
Toda esta nova classe proletária que trabalha sem qualquer vínculo, ou direitos básicos, mal consegue se manter. O mês muitas vezes termina antes do seu final e as contas vão se acumulando. Os que tem sorte conseguem pagar seu custo de vida, mas dependem dos serviços de saúde e educação fornecidos pelo estado que a cada dia reduz mais esta oferta.
 
A Revolução Virtual é a filha mais velha do Neoliberalismo. Justos eles vão criando nos países onde atuam em conjunto, uma ruptura social com o surgimento de uma classe de ricos e novos ricos, e outra classe de pobres e novos miseráveis. A distância entre estas classes vai aumentando em proporções
abissais.
 
O Brasil de hoje é um país pensado para 30 ou 40 milhões de pessoas, no máximo. Todas as demais vão existir somente para manterem o meio de vida destes afortunados da camada de cima. Todas as políticas estão sendo implementadas exclusivamente para o bem-estar desta gente. Boa parte será mantida a margem da sociedade, e estes serão os sortudos. Os demais vão conhecer a miséria e a fome.
 
Os trabalhadores de hoje começam a se parecerem muito com os trabalhadores do passado. A história parece se repetir. No passado foi o que levou a conquistas de direitos básicos que vieram com muita luta e sangue. O que esta história de hoje vai nos ensinar, ainda não sabemos, mas precisamos decidir rápido enquanto ainda temos o direito de nos expressar.
 
PS: Para todos meus leitores um Feliz Ano Novo!