O chefe da Igreja Católica na Terra Santa, Michel Sabbah, disse na quarta-feira (18/12/2002), que os líderes palestinos e israelenses deveriam ou selar a paz, ou abandonar seus cargos. Talvez esta tenha sido a melhor mensagem de fim de ano, em dois anos de conflito.

Tudo se encaminha para mais um Natal sem festas na Terra Santa. Enquanto o mundo inteiro comemora fatos que lá se originaram, no palco dos acontecimentos passados os enfrentamentos recentes vão, mais uma vez, impedir as comemorações.

Talvez isto tenha inspirado a posição de Sabbah, que é palestino. Questionado se ele se referia a ambos os lados, foi categórico em afirmar que apesar de que Sharon poderia fazê-lo mais facilmente, Arafat também deveria se afastar. O simbolismo desta declaração vem como uma benção a todos nós que ao longo do tempo temos afirmado isso.

A paz entre israelenses e palestinos tem que ser firmada e conduzida por suas lideranças. Se estas, não podem ou não tem capacidade para isso, então que dêem seu lugar para outros.

As eleições marcadas para o inicio do ano que vem, podem ser um marco para a mudança, ou mais um capítulo da intolerância e do revanchismo que vem trazendo dor e tristeza para centenas de famílias.

Todos os que almejam uma convivência pacífica entre os dois povos, convivendo lado a lado em dois estados, têm o compromisso de pedir votos para os partidos e representantes políticos comprometidos com o diálogo. Não existe solução militar. A permanência de Sharon e Arafat no poder, servirá apenas para aumentar o número de covas nos cemitérios.

Não haverá segurança para Israel enquanto não for criado um Estado Palestino nas fronteiras de 1967, compartilhando Jerusalém como capital. Tampouco haverá um Estado Palestino nestes territórios, se Israel não tiver segurança para sua sobrevivência num meio que ainda lhe é hostil e ameaçador. Neste jogo de cartas marcadas as jogadas têm que produzir efeito prático. Toda retórica é vista como blefe.

Os dois povos podem decidir pelo fim do conflito usando a maior de todas as armas: o voto. Cada cidadão tem uma arma em suas mãos. Pode utilizá-la para conduzir ao fim do conflito, ou para piorá-lo ainda mais. O que sairá das urnas pode representar a sobrevivência de milhares de pessoas, ou a continuidade das mortes sem sentido.

Não permitam que a sede de vingança seja saciada com mais violência. Tenham neste momento a esperança como companheira, o sonho de que é possível como amigo e vamos dar a paz uma chance. Porque um mundo melhor é possível.

Quando as luzes do Natal estiverem a iluminar as noites de fim de ano, anunciando que 2003 já vai chegar, quero desejar a todos os que me acompanham lendo meus artigos, muita saúde e felicidades.

Tomara que neste ano eu possa escrever mais sobre alegrias, do que sobre tristezas; mais sobre a vida do que sobre a morte; mais sobre a conciliação, do que sobre separação; mais sobre tolerância, do que sobre preconceito.

Que todos possamos nos encontrar em 2003 num mundo melhor.