Em tempo, infelizmente a renuncia de Mazen e o atentado fracassado contra a vida do líder espiritual do Hamas, Sheik Ahmed Iassim, irão deflagrar um circulo de violência incomum nos próximos dias. Uma lástima pelo número de seres humanos que vão perder suas vidas devido à intransigência de seus líderes.(Basta de Processos de Paz).
Não, eu não sou vidente e tampouco adivinho. O que escrevi ao final de meu último artigo era um prenúncio lógico do que ocorreria devido à intransigência de Sharon. O que assistimos até agora foi uma sucessão de vinganças e contra ataques cometidos pelos dois lados que alimentam o circulo vicioso da violência.

Sempre que alguém supõe que Sharon fez o máximo que podia para prejudicar nosso país e nosso povo, ele se supera. Ao aceitar a proposta do fascista Shaul Mofaz, que sempre clamou pela expulsão da Arafat dos territórios (no que pode se compreender por sua “eliminação do cenário”), como uma forma de assegurar a permanência dos colonos nos territórios, e impedir o avanço de qualquer tentativa de entendimento, Sharon uniu os palestinos, o mundo árabe, os EUA e a União Européia contra nós. Um feito que mereceria ser inscrito do Livro Guinness dos recordes. Nunca tantos estiveram contra nós em tão pouco tempo.

A política de Sharon é uma política de ocupação. Todos os movimentos e articulações de seu governo visam assegurar a permanência israelense nos territórios e impedir que surja um Estado Palestino viável. Ele joga com a vida de inocentes para concretizar seu devaneio. Ao atentar contra a vida do Sheik Ahmed Iassim ele sabia que o Hamas retalharia com atentados suicidas, e foi o que ocorreu. Cada uma das mortes nos últimos atentados pode ser atribuída a Sharon. Ele é o responsável direto por elas.

Sua mais recente “tentativa” (sic) de acabar com o terrorismo, expulsando (ou eliminando) Iasser Arafat dos territórios fará com que o Inferno de Dante se pareça com uma História da Carochinha. O número de atentados contra as vidas de inocentes vai cruzar as fronteiras do conflito e se espalhar pelo mundo todo. O povo judeu vai passar a ser o alvo e não mais somente os civis israelenses. Sharon acaba de declarar guerra ao mundo.

Por qualquer angulo que se queira analisar, sob qualquer prisma que se queira olhar e sob qualquer aspecto que se queira discutir, esta decisão ultrapassa o que se possa achar que seja razoável, cruza o que se tem como compreensível e joga para o alto o que parecia impossível. Sharon e seus asseclas acreditam que o povo judeu vai viver na Grande Israel do Mar Mediterrâneo ao Rio Jordão (até anexar a Jordânia). A vida para os palestinos irá se tornar tão insuportável que nem será necessária uma política de estado para o “Transfer” (transferência dos habitantes para fora da região). A própria população irá partir. Esta terra nos foi dada por Deus e portanto temos direitos a ela, e assim deve ser.

Esta loucura precisa acabar. A população israelense precisa acordar. O navio está a ponto de afundar e temos um maluco como timoneiro. Vivemos o pior momento de nossa história e temos um primeiro ministro que deveria ser declarado incapaz. Precisamos unir o povo judeu pela imediata deposição deste governo e a convocação de eleições gerais antes que seja tarde.

A diáspora precisa dizer que não concorda com a política do governo israelense da mesma forma como defende intransigentemente o Estado de Israel. A maior atitude de amor por nosso Estado é dizer BASTA! Chega de tamanha sandice, vamos nos retirar dos territórios e deixar que o presidente democraticamente eleito da AP, assuma suas funções e possa declarar a independência do Estado Palestino. Somente assim será possível acabar com a violência e passar a reconstrução das relações entre os dois povos e dos dois países arrasados por tamanho banho de sangue.

Somos um povo milenar com uma história de contribuições a vida humana em todos os campos da ciência e da filosofia. Temos um passado de perseguições que não impediu que chegássemos hoje ao que somos. Um povo que reconstruiu sua nação e usa toda a sua força para impedir que outro povo tenha o seu estado. Como foi possível que nos transformássemos de oprimidos em opressores, de vítimas em algozes de uma população que busca hoje o mesmo pelo qual lutamos por cerca de dois mil anos: um lugar para viver entre as nações?

Já se passou o tempo em que se imaginou que haveria lugar apenas para um estado neste território. Todas as lideranças responsáveis de ambos os povos, sabem que vamos coexistir lado a lado em nossos respectivos países. Isto é tão certo como o nascer e o por do sol todos os dias. Israelenses e Palestinos vão se reconciliar e viver em paz com plena cooperação trazendo desenvolvimento e prosperidade para toda a região.

Façamos com que este dia chegue o mais rápido possível para salvar vidas. Povo de Israel, clame por eleições já. Diga NÃO a este governo que está nos iludindo com sua política de que quanto pior, melhor. Um governo que se apega ao poder para encobrir sua incapacidade de resolver a situação à custa de inocentes. Um governo que vai nos jogar em um abismo cada vez mais profundo.

A paz é possível com diplomacia e uma cultura de paz que pode ser construída já. Basta que se tenha a pessoa certa nos lugares certos. Que não seja necessário chegarmos ao fundo do poço para compreender esta lição elementar.