Eles venceram. Mais uma vez, o quarteto do mal formado por Arafat, Sharon, Fundamentalistas e Colonos podem se felicitar por mais um objetivo alcançado. O Primeiro Ministro Palestino Abu Mazen rendeu-se aos seus algozes e renunciou. O Campo da Paz perde um grande aliado.

Eu também gostaria de fazer um desabafo: a partir de hoje sou radicalmente contra todo e qualquer processo de paz. Isto mesmo, não apoio mais nenhum tipo de plano que determine longos prazos. Mas antes que meus companheiros da esquerda pensem que entrei em surto, e meus amigos da direita imaginem que me bandeei para o lado deles, vou explicar.

Indubitavelmente é preciso reconhecer que nenhum plano de paz que implique em deveres e obrigações para os dois lados funcionou até hoje neste conflito (o acordo com o Egito envolveu prazos mas foi assinado entre duas nações em guerra). Prazos para que determinadas ações sejam implementadas, a fim de permitir outras ações, são um convite ao fracasso por que permitem aos envolvidos negligenciarem suas aplicações e dão aos inimigos da paz todo o tempo necessário para solaparem os pequenos avanços alcançados.

A única forma de se acabar com o conflito é através de uma medida radical de paz. Um acordo que uma vez assinado possa ser implementado no menor espaço de tempo possível. Só assim, existe uma chance real de se acabar com as raízes do conflito e exorcizar todos aqueles que dele vivem.

Uma boa amostra disso é sem dúvida o plano apresentado por Ami Ayalon e o Dr. Sari Nusseibeh, que diz o seguinte:

1. Dois estados para dois povos: Ambos os lados irão declarar que a Palestina é o único estado do povo palestino e Israel é o único estado do povo judeu.

2. Fronteiras: Fronteiras permanentes entre os dois estados serão acordadas com base nas linhas de 4 de Junho de 1967, nas resoluções da ONU e na iniciativa de paz árabe (conhecida como Iniciativa Saudita).

1.2 Modificações de fronteiras serão baseadas em uma troca de igual valor territorial (1:1) de acordo com as necessidades vitais de ambos os lados, incluindo segurança, continuidade territorial e considerações demográficas.

2.2 O Estado Palestino terá uma conexão entre suas duas áreas geográficas, Cisjordânia e Faixa de Gaza.

2.3 Após o estabelecimento das fronteiras acordadas, nenhum colono irá permanecer no Estado Palestino.

3. Jerusalém: Jerusalém será uma cidade aberta, a capital de dois estados. Serão garantidos a todos, liberdade de religião e acesso total aos lugares santos.

3.1 Os bairros árabes em Jerusalém irão ficar sob a soberania palestina; Os bairros judaicos sob a soberania israelense.

3.2 Nenhum lado irá exercer soberania sobre os lugares sagrados. O Estado Palestino será designado guardião do Templo do Monte em beneficio dos muçulmanos. Israel será o guardião do Muro das Lamentações em benefício do povo judeu. O status quo nos locais sagrados cristãos será mantido. Nenhuma escavação irá acontecer nos, ou sob os locais sagrados.

4. Direito de Retorno: reconhecendo o sofrimento e o apuro dos refugiados palestinos, a comunidade internacional, Israel e o Estado Palestino darão inicio e contribuirão com um fundo internacional para compensá-los.

4.1 Refugiados palestinos irão retornar somente para o Estado Palestino; judeus irão retornar somente para o Estado de Israel.

5. O Estado Palestino será desmilitarizado e a comunidade internacional irá garantir sua segurança e independência.

6. Fim do conflito: Sob a implementação completa destes princípios, todas as reivindicações em ambos os lados e o conflito israelense-palestino terá fim.

Aqueles que concordam com estes princípios e desejarem apoiar, podem fazê-lo através do site http://www.mifkad.org.il/eng/.

Em tempo, infelizmente a renuncia de Mazen e o atentado fracassado contra a vida do líder espiritual do Hamas, Sheik Ahmed Iassim, irão deflagrar um circulo de violência incomum nos próximos dias. Uma lástima pelo número de seres humanos que vão perder suas vidas devido à intransigência de seus líderes.