O Hamas não poderia ter sido mais preciso neste ataque suicida em Jerusalém. Horas depois do primeiro encontro em 3 anos entre autoridades israelenses e palestinas, com a presença de Ariel Sharon e Abu Mazen, um suicida explodiu-se na linha 6 de Jerusalém causando pelos menos 7 vítimas fatais.
Ariel Sharon recebeu este presente com extrema alegria aponto de postergar sua viajem aos EUA onde deveria encontrar-se com o presidente Bush. Desta forma terá mais tempo para saborear o impacto de mais este atentado como uma forma de exigir mudanças no Mapa da Rota, o plano de paz que os palestinos aceitaram sem pré-condições, mas que ele insiste em modificá-lo.
Os colonos israelenses comemoram o ataque uma vez que exigem de forma cínica, o fim da violência como pré-condição para conversações de paz. Justo eles que são uma das principais causas da violência com a ocupação de terras e o incremento de colônias nos territórios ocupados.
Abu Mazen foi o maior prejudicado. Com pouca credibilidade entre a população palestina, fica ainda mais pressionado a impor a força sobre os grupos radicais sem receber nada em troca de Sharon. Exige que tome medidas duras contra os grupos terroristas mas não oferece em contra partida nenhuma medida que sinalize um mínimo alívio para a população palestina, que vive por exemplo, entre outras mazelas, sob toques de recolher em quase todas as grandes cidades.
Mais uma vez, terroristas e colonos têm o que comemorar. Novamente uma minoria fanática e inescrupulosa consegue impor sua vontade sobre uma maioria desejosa de uma solução que traga a paz. Milhões de cidadãos israelenses e palestinos continuam reféns dos radicais de ambas as populações. Para piorar a situação o primeiro ministro de Israel, continua dando crédito a eles.
A despeito da eleição de Abu Mazen. Sharon continuou seus assassinatos seletivos numa clara provocação e total falta de sensibilidade para com o novo primeiro ministro palestino que acaba de assumir o cargo. Atacando indiscriminadamente militantes pacifistas da ISM, matando um jornalista Inglês, mantendo as restrições de deslocamento da população palestina, assassinando militantes Sharon subsidia sem qualquer disfarce o terrorismo contra a população de Israel.
É verdade que ele não está sozinho. Arafat também não move um dedo para frear o terrorismo. Ele sabe que enquanto não existir uma intenção de fato em promover a paz, sua sobrevivência política está diretamente ligada à sua capacidade de responder as provocações de Sharon com a única coisa que aprendeu na vida: instigar atentados contra a população civil de Israel.
Precisamos tomar consciência de que uma minoria fanática não pode fazer dois povos reféns de sua insanidade política nem de seus delírios religiosos. Israel não pode apoiar um homem que se submete a estas chantagens. Tampouco os palestinos podem continuar aceitando esta gente como defensores de sua justa causa.
Os grupos terroristas e os colonos são o maior entrave as negociações de paz. Cabe a cada lado promover as medidas necessárias a resolver este problema. Quanto mais cedo forem tomadas medidas neste sentido, mais rápido e menos dolorosa, será a transição de uma situação de enfrentamento para uma situação de entendimento que permita a continuidade do diálogo.
A abominação a todo o tipo de violência é o único caminho para a paz. Não existe outra maneira de se chegar ao entendimento. Os dois povos têm de vencer seus fantasmas, esquecer suas diferenças e combater todas as formas de sabotagens ao seu futuro como cidadãos de dois estados vivendo lado a lado em perfeita harmonia
A paz é possível e necessária, aqui e agora.