Olhando para trás sobre estes 55 anos de independência, quero crer que temos muito mais coisas do que nos orgulhar do que nos arrepender. Nenhuma nação atingiu um estágio de desenvolvimento em tão poucos anos. Se dissermos que tudo isto foi alcançado enfrentando vizinhos hostis em várias guerras, seria difícil crer não fosse a mais pura verdade.

Israel alcançou um enorme reconhecimento por seu destacado esforço em buscar a paz com seus agressores e a segurança de seus cidadãos até a Guerra dos Seis Dias. Neste ano de 1967, não só venceu os exércitos invasores, como também conquistou um enorme território: o Sinai e Gaza do Egito, as Colinas do Golan da Síria e a Cisjordânia da Jordânia.

Uma das maiores vitórias acabou trazendo consigo um problema até hoje sem solução: o que fazer com a população destes territórios. O Sinai foi devolvido ao Egito com quem se estabeleceu um acordo de paz. As Colinas do Golan, permanecem conosco até hoje e podem vir fazer parte de um futuro acordo com a Síria. Mas o maior problema de todos ficou em Gaza e na Cisjordânia.

A criação de Israel levou em consideração o surgimento de mais um país árabe, a Palestina. O destino porém, tratou de impedir a sua criação e desde então, boa parte desta população foi confinada em Campos de Refugiados nestes territórios e em países limítrofes. Nunca em todos estes anos, abandonaram porém seu direito a uma pátria. Inicialmente em substituição ao Estado de Israel, e hoje nos territórios ocupados de Gaza e da Cisjordânia.

Todos erramos nestes últimos anos. Nosso maior erro foi o de colonizar estas terras. Até parece que a experiência com o Sinai onde até uma cidade teve de ser abandonada, não nos ensinou nada. Milhões de dólares foram investidos não apenas para cercar Jerusalém com bairros judaicos, mas principalmente para a manutenção de cerca de 200 mil colonos infiltrados em terras ocupadas.

Eles também erraram. Não obstante o reconhecimento da existência de Israel, não puderam conter o radicalismo dos grupos para-militares e impedir a ressurgimento do terrorismo. Desta vez ele veio acompanhado de uma onda de homens bomba dispostos a morrer em nome de sua causa.

Esta onda de ataques e contra ataques já fez quase 3 mil vítimas fatais. Um terço delas de israelenses que se somam aos 21.540 soldados caídos em todas as guerras. A diferença é que os soldados caídos lutaram em defesa da pátria. Estas mil vítimas são de civis inocentes alcançados pelo terror.

O dinheiro gasto com esta colonização absurda poderia ter sido mais bem aplicado na solução dos problemas sociais advindos da imigração, crise econômica etc. Da mesma forma, o dinheiro gasto na manutenção do terror poderia ter sido mais bem aplicado na melhoria das condições de vida da população palestina.

Nunca é tarde para recomeçar. O primeiro passo é reconhecer que não se pode alcançar tudo. Temos todos, israelenses e palestinos, de nos contentar com que será possível. Neste sentido, vamos ter de fazer renúncias sobre questões muito difíceis, mas que são a única forma de se chegar ao entendimento e a futura reconciliação com uma paz duradoura.

Chegou à hora de olharmos para frente rumo ao futuro de milhares de cidadãos de Israel e de um Estado Palestino independente. Hora de somar e não mais dividir. Momento de relevar e esquecer os rancores. Todos unidos apoiando aos esforços para a volta as negociações e a implementação de um plano de paz sem pré-condições.

Parabéns Israel por seus 55 anos de independência, ano dos alicerces do futuro Estado Palestino. Um novo tempo de reencontro com nossas origens e nosso anseio de viver em paz e prosperidade com todos os nossos vizinhos.