O Oriente Médio continua o mesmo. Nem bem o novo primeiro ministro palestino Mahhamoud Abbas tomava posse, e Ariel Sharon já lhe dava as boas vindas. Um helicóptero atingia um automóvel de um militante matando seu ocupante e ferindo transeuntes.
O Hamas também enviou seus cumprimentos através de um suicida que se explodiu diante de um conhecido bar em Tel-Aviv, matando 3 pessoas e ferindo dezenas de outras.
Todos continuam exigindo a mesma coisa. De um lado, Sharon quer o fim do terrorismo mas continua com sua política de assassinatos (com os terríveis efeitos colaterais), de incentivo aos assentamentos e ocupando as principais cidades palestinas. De outro, Arafat resignado, apoiou o novo gabinete mas continua fazendo vistas grossas aos grupos terroristas que por sua vez já anunciaram que não vão entregar suas armas.
A paz na região nunca pareceu tão próxima e ao mesmo tempo tão distante como agora. Os EUA, ainda eufóricos com a ocupação do Iraque, propõe junto com a Rússia, EU e a ONU um plano que leva a criação do Estado Palestino nos territórios ocupados convivendo em paz e segurança ao lado de Israel. Tudo em etapas de transição que visam acabar com a violência através do desmantelamento das colônias e o fim dos grupos terroristas, causa e conseqüência (não importa a ordem), da atual crise.
O grande problema do plano é que ele não traz nenhuma novidade. Tudo o que ali está contido é o que já se sabe. A paz só virá quando for criado O Estado Palestino com fronteiras seguras e delimitadas tendo Jerusalém como Capital (parte do lado Oriental) e o conseqüente desmantelamento das colônias que mantém hoje cerca de 200 mil israelenses infiltrados nos territórios. Trata-se de um novo plano com velhas soluções que nenhum dos lados conseguiu implementar até hoje.
Os dois lados podem conhecer uma guerra civil sem precedentes. Muitos dos colonos que vivem nos territórios estão organizados e decididos a não abandonar as terras que pertencem ao povo judeu por determinação divina. Os grupos terroristas já formam uma força para-militar de tal envergadura que dificilmente deporá as armas sem uma luta contra quem tentar desarmá-los.
Numa situação como esta, todos têm de reunir o maior apoio possível para a causa da paz. É preciso isolar os radicais de ambos os lados de forma a não permitir que sua política de atrito e beligerância continue mantendo as duas populações como reféns de seus ideais doentios. Para isso, temos de considerar que tudo farão em termos de ações espetaculares para causar todo tipo de empecilho para o acordo final de paz, principalmente ações terroristas.
Chegou à hora da verdade para Sharon e Arafat. Quem realmente quer paz e segurança e o que estão dispostos a sacrificar para alcançar estes objetivos é o que vamos saber nos próximos meses.
Cada atitude na direção da paz, por mais doloroso que possa parecer hoje, significa a sobrevivência de milhares de israelenses e palestinos no futuro. Todas as vezes que eles estiverem agindo em prol da vida, vão contar com o apoio do Campo Pacifista. Mas a cada desvio, vão receber toda nossa critica.
Não é preciso a Paz dos Bravos, nos contentamos com a Paz dos Humildes. Daqueles que reconhecem que não obstante nossas diferenças, somos capazes de nos sentar e alcançar formas de convivência pacífica e de reconciliação.
A hora é agora. O caminho da paz está diante de vocês. Não saiam da trilha.