Assim como Arafat, Sharon é o maior inimigo de si mesmo. Nos últimos dias, as revelações de que teria recebido um empréstimo no valor de 1,5 milhão de dólares de um amigo Sul Africano, fez o que parecia impossível, o Likud despencasse nas pesquisas em Israel.

Durante a campanha das primárias de seu partido, o Likud em 1999, a família Sharon tomou um empréstimo de 1,5 milhão de dólares para fazer frente às despesas. Em garantia, entregou seu rancho. O Banco no entanto, rejeitou a garantia porque o rancho é consignado a família Sharon, mas as terras pertencem ao Estado. Exigiu uma nova garantia ou o dinheiro de volta. A lei proíbe que se aceite dinheiro de fora para campanhas políticas. A família Sharon fez então outro empréstimo num novo banco para saldar a dívida com o primeiro. Em “garantia” depositou o presente do amigo Sul Africano.

O líder do Partido Trabalhista, Amram Mitzna, chamou Sharon de Godfather, e seus filhos de “a família”, numa comparação com o Grande Chefão da máfia americana. O ex-primeiro ministro Ehud Barak disse para um repórter semana passada que “Você não pode disseminar o medo no coração da nação se não contar com colaboradores internos, e os verdadeiros colaboradores com o terror são os líderes do Likud. Eles fizeram a dança do sangue e dançaram sobre ele.”

No dia de ontem, a Suprema Corte de Israel aprovou o pedido de participação nas eleições do partido árabe Balad e dos atuais membros árabes da Knesset, Ahmed Tibi e Azmi Bishara, que tiveram suas candidaturas cassadas por um comitê interpartidário.

Antes desta decisão, a última pesquisa do Jornal Haaretz, após o escândalo do empréstimo, dava a direita uma diferença de apenas uma cadeira. Isto representa uma queda de mais de 10 cadeiras perdidas pela direita. Com a volta dos partidos árabes, pode-se esperar uma eleição disputada voto a voto com uma chance real de a esquerda voltar ao poder.

A direita israelense pretende continuar sua pregação contra o terrorismo sob o chavão de que somente eles podem trazer paz e segurança. Não foi o que aconteceu e o último atentado em Tel Aviv demonstrou claramente o fracasso desta afirmativa. O povo israelense parece estar despertando de um longo período de torpor. A era Sharon trouxe apenas desgraça.

O terror foi e continua sendo combatido como um problema militar. Sharon nunca sentou a mesa de negociações com Arafat. A economia israelense teve o pior desempenho de sua história desde o ano de 1953. O desemprego empurra a cada dia mais famílias para a linha da pobreza. Aumentou o número de cidadãos que estão emigrando. E por fim, sua ética e a moral de seu partido estão sendo contestadas. O partido por permitir que criminosos comprassem lugares na lista do partido, e o próprio Sharon por tentar enganar a lei eleitoral.

Finalmente o lampejo da esperança reapareceu no horizonte. A disputa na qual a direita já fazia a divisão do poder, começa a dar sinais claros de que algo novo está no ar. À esquerda, que pensava enfrentar um poderoso dragão, sente que ele está ferido e existem chances reais de que pode ser vencido.

Todo apoio às forças progressistas. A paz é possível. Agora mais do que nunca.