Foi mais uma semana sangrenta. Começou com atos de infanticídios que vitimaram Noam e Matam Ohayoun (israelenses) e Hamed al Masri (palestino). Terminou com uma emboscada em Hevrom que vitimou mais 19 israelenses e outros tantos palestinos em várias cidades ocupadas.
Parece a repetição de um filme que roda sem parar. Todos os dias mostrando as mesmas cenas de insanidade que nos remetem a Idade Média. Cada vez mais aprofundando o ódio e o “sagrado” direito a revanche.
Enquanto ficarmos lidando com as conseqüências de cada ato de violência e não atacarmos a causa, isto irá perdurar sabe-se lá por quanto tempo mais. E a causa é uma só: a ocupação e colonização de territórios destinados a se transformarem no futuro Estado Palestino.
Não se discute mais sobre a legitimidade deste direito. O que ainda não sabemos, é quantos túmulos ainda serão necessários para que este fato se torne realidade. Enquanto o governo de Israel e a liderança palestina não se encontrarem para estabelecer um calendário de negociações, massacres e contra-ataques vão continuar ocorrendo. Dezenas, centenas ou talvez milhares de pessoas ainda vão perder a vida, para ao final nos perguntarmos o por que.
Cada lado acha que sua dor é maior. Cada um imagina que não exista com quem conversar. Todos acham que é o outro quem deve dar o primeiro passo. Enquanto civis são massacrados, os militares e os militantes com o beneplácito dos políticos e das lideranças religiosas, prosseguem com sua barbárie. Superam-se uns aos outros com os piores atos de covardia e indecência humana para com o seu semelhante.
O dia a dia deste conflito é a prova de que nem tudo tem limite. Nem mais o assassinato de crianças parece afetar o desenrolar dos acontecimentos. Todos se preocupam em como irão contra atacar. De um lado, Israel planejando novas re-ocupações, quantas casas dinamitar, quantas oliveiras destruir sem se importar, evidentemente com as vítimas do “efeito colateral”; de outro os grupos terroristas planejando como infiltrar novos suicidas, atacar povoados e principalmente, matar o maior número de civis que suas balas e bombas puderem alcançar.
Seria o caos não fosse a resistência pacifista a se manifestar todos os dias. Uma ilha de resistência da sanidade contra tudo e contra todos. A cada ataque, uma voz se ergue para condenar a violência. São milhares de pessoas que não aceitam esta situação e mostram ao mundo que existe uma solução. São aqueles que dizem “Não a Morte”.
Homens e mulheres de todos os credos que em meio a todo o ressentimento existentes entre israelense e palestinos, fazem demonstrações de aproximação. Mesmo correndo risco de vida, colocam-se à frente das armas em atividades de reconciliação. São estes heróis anônimos que mantém vivo a esperança de uma paz que vai chegar.
Graças a estes abnegados pelo fim do conflito, que a dor de muitos encontra apoio. São eles que trazem conforto as vítimas, e tentam amenizar o sofrimento de milhares de famílias que não teriam como receber ajuda humanitária. São eles que encontram forças para sobrepujarem todos os obstáculos, por mais hostis que pareçam, para levar uma palavra de compreensão para o outro lado.
Com a aproximação das eleições, os bárbaros dos dois lados vão procurar infringir o máximo de sofrimento uns aos outros. Pretendem assim eleger o maior número de deputados possível nos respectivos parlamentos. Querem impor a força das armas a força das palavras. O ódio sobre o amor. A guerra sobre a paz.
Por isso, apesar de toda a dor causada pelas últimas mortes, não podemos nos deixar levar por esta gente. Temos que afastar nossos temores para dar lugar à esperança. Uma vez mais temos de acreditar que a paz está a nosso alcance. Ela só depende da vontade dos justos.
Israelenses e palestinos estão destinados a viverem em paz em suas respectivas nações. Estados que serão abençoados por todos os homens e mulheres de boa vontade. Quem viver, verá.
Que a vida preserve a todos.