O atentado ocorrido em Bali reforça o sentimento de que a maldade humana não tem limites. Tampouco encontra páreo no mundo animal. Uma bomba anônima tirou a vida de 187 pessoas inocentes de várias nacionalidades, entre elas a de brasileiros. Deixou cerca de outras 300 feridas. Ninguém assumiu a autoria deste crime.
Para mim que venho comentando a situação do conflito no Oriente Médio a vários meses, retratando o horror da barbárie que envolve israelenses e palestinos, assistir as cenas de Bali pela TV, trazem de volta o sentimento de repulsa aos assassinos responsáveis por cada morte lá ocorrida.
Quando a criminalidade alcança níveis insuportáveis, a população passa a apoiar propostas de Pena de Morte. Quando a democracia não consegue resolver a situação de caos, a população passa a dar ouvidos aos apelos de uma ditadura. A nossa autodefesa e o nosso sentimento de autopreservação costumam falar mais alto do que a razão.
No momento em que o terror passa a atacar indiscriminadamente em todos os lugares, vai se tornando cada vez mais difícil se condenar atitudes de força. Este é o caso do ataque programado por Bush ao Iraque. As pessoas deixam de se importar com as prováveis perdas de civis iraquianos em nome do combate ao terror. Ficam cegas ao sofrimento de todo um povo em nome de sua própria segurança.
O Campo Pacifista não apóia a Sadam Hussein ou seu regime ditatorial. Existem muitos outros como ele. Pode-se falar da Coréia do Norte ou de Cuba apenas como exemplos. No momento, a maior potência do planeta afirma que Sadam possui armas de destruição em massa. Mesmo sem apresentar provas irrefutáveis, está determinada a derrubá-lo. É justamente neste ponto que discordamos de Bush.
Acreditamos que a força é a última arma a ser utilizada.. Não aceitamos que uma nação tome a si a tarefa de patrulhar o planeta e apontar quem são os bons e quem são os maus. Todas as nações têm o direito de se expressar e para isso o melhor fórum ainda é a ONU. Mesmo com todas as suas dificuldades, este organismo reúne a quase totalidade dos países do globo terrestre. É preciso dar uma chance aos diplomatas e negociadores. Somente quando tudo isto tiver falhado, então cabe a ONU determinar as medidas cabíveis no interesse da maioria das nações. Até mesmo o uso da força.
Acabar com o terror sem acabar com a democracia é uma tarefa árdua. Como atacar aqueles que se valem dos valores mais caros de liberdade para tentarem destruí-la? Como realizar tal empreitada sem retroceder nos direitos civis? Qual pode ser o limite que devemos nos impor ao tratar com terroristas?
Todas estas questões nos levam a refletir sobre o papel de cada um de nós na construção de um mundo melhor. Quando condenamos os ataques terroristas perpetrados por grupos palestinos, ou ações de terrorismo de Estado perpetradas por Israel, colocamos a todos no mesmo patamar. Não podemos fazer concessões quando se atacam pessoas inocentes.
O mundo que desejamos não é um mundo em guerra ou de discórdia. Todas as diferenças devem ser resolvidas através do diálogo. Exemplos disso não faltam. A Europa acabou com suas guerras. A China recuperou Macau e Hong Kong sem disparar um tiro. O Líbano está sendo reconstruído.
Para poder se chegar a um entendimento são necessárias certas premissas: todos têm razão; é preciso relevar; não se pode trazer o rancor para a mesa de negociações; a paz se conquista com o entendimento e a confiança se constrói com a reconciliação.
Por isso, é neste momento em o terror continua atacando e a guerra do Iraque parece inevitável, que conclamo a todos a dizerem NÃO.
NÃO AO TERROISMO!
NÃO A GUERRA!
Meus sentimentos de pesar a todas as famílias enlutadas.