Quando o povo palestino deixou de ser conduzido pela Organização para a Libertação da Palestina (um organismo que reunia todos os grupos terroristas que compartilhavam o objetivo da destruição do Estado de Israel), e passou a ter um embrião de um futuro governo na forma da Autoridade Palestina, (abolindo a meta da destruição do Estado de Israel), todos imaginaram que algo havia mudado.

O povo palestino que sofria o estigma de um povo terrorista, fruto de ações comandadas pelas diversas facções que compunham a OLP, pôde finalmente sentir-se como parte de um futuro estado que estava por nascer. Desta vez, sua liderança parecia ter compreendido que o tempo de violência havia chegado ao fim. Era chegada a hora da diplomacia.

Assistir e rever a cena em que Rabin, Peres e Arafat recebem o Nobel da Paz são momentos que trazem lagrimas de intensa emoção a todos aqueles que buscam o fim desta guerra suja. Tudo parecia se encaminhar para o fim desta tragédia.

Israel passou a ajudar a AP depois dos acordos de Oslo, de forma a que se constituísse uma verdadeira autoridade política, administrativa e de segurança. Pela primeira vez, os palestinos tinham seus desígnios ditados por sua própria gente. Podiam pagar impostos, reclamar numa delegacia de polícia, viajar através de seu aeroporto etc. A semente de seu futuro estado estava plantada e florescia.

De uma hora para outra, tudo virou de ponta cabeça. Uma visita de Ariel Sharon ao Monte do Templo foi o estopim do inicio da segunda Intifada. Uma mera desculpa para algo que já vinha sendo planejado desde há muito tempo. A AP começava a sucumbir frente a OLP. A semente do futuro estado estava sendo arrancada. Quiseram substituí-la por uma planta antiga: a do terror.

A violência passou a ser a nova palavra de ordem. Os grupos terroristas voltaram à cena. Arafat começou a perder o rumo. Como sempre fez, apostou no lado errado. Assim havia feito durante o Setembro Negro, no Líbano, na Tunísia e na Guerra contra o Iraque. O maior líder que o povo palestino já teve, passou a assistir a destruição de toda a infra-estrutura física de seu governo: seu aeroporto, seu porto, suas forças de segurança e finalmente a reocupação dos territórios autônomos. Para cada ataque terrorista que permitia, uma reação de Israel se materializava.

Completamente cego a tudo e a todos, Arafat levou seu povo ao que de pior poderia se esperar. Novamente os palestinos passaram a serem identificados com o terror e como um povo de terroristas. Cada chance de acabar com a violência foi sendo repudiada. Cada celebração de sucesso pelos ataques, secretamente comemorada. Os enterros dos chamados “mártires” mortos em ação, tornaram-se celebrações diárias. A liderança palestina passou a adorar o terror, mais do que a seu Deus. A morte, mais do que a vida. A vingança, mais do que a reconciliação. A guerra, mais do que a paz.

Criou-se assim um circulo vicioso de ódio tão grande, que a razão deu lugar à emoção. Hoje os dois povos não matam mais para poder sobreviver. Vivem para poder matar. Desta forma, não existe mais respeito a ninguém, crianças, jovens, homens mulheres passaram a ser alvos desta insanidade. O que conta é o objetivo final. A morte encontrou abrigo no Oriente Médio.

Agora a política da AP é ditada pelo Hamas e seus congêneres. Completamente desacreditada externamente, a cada dia perde mais apoio internamente. Indícios de corrupção são cada vez mais difíceis de serem negados. Apoio aos grupos terroristas, desrespeito ao judiciário, ações mafiosas de proteção etc, tiram dela qualquer chance de restabelecer a confiança e o respeito.

O povo palestino tem em suas mãos a chance de mudar esta situação. Somente eles podem dar um basta ao terror. Uma única ação em prol da paz pode ser o estopim de uma nova era. Vocês precisam dar a si mesmos esta oportunidade. O desejo de mudar e voltar a ser aceito no seio das nações depende de um único passo na direção certa. Acabem com o terror antes que o terror sepulte por muitos anos todas as suas aspirações.

O Campo da Paz, acredita que a esperança da coexistência de dois povos, dois estados nunca vai morrer. Ela é o que nos mantém firmes no desejo da paz e da reconciliação. Somente por ela é que seguimos clamando para que a carnificina chegue ao fim.

Um mundo melhor é possível. Dêem uma chance a paz.