Os caminhos da intolerância passam por caminhos tortuosos. Em cada uma das curvas deste caminho ela vai recebendo a adesão de seus congêneres: junta-se a ela o ódio, a raiva, a vingança e o preconceito.

Quando uma bomba explode na Universidade Hebraica, atingindo indiscriminadamente a toda comunidade universitária formada por judeus, árabes e estrangeiros, percebe-se que o alvo, uma vez mais, foi a paz. Esta que anda por um campo aberto de mãos dadas com a tolerância, a compreensão e o respeito ao próximo.

Não existem palavras que expressem toda nossa indignação e repúdio ante mais um ato terrorista de tamanha covardia que tira precocemente a vida de pessoas que tinham todo um futuro pela frente. Nossa resposta continua sendo a nossa voz. Não desistimos de buscar o entendimento e a reconciliação entre os dois povos.

O círculo de violência não exibe sinais de arrefecimento. Pelo contrario, Sharon não tardou em retaliar. O Código de Hamurabi precisa ser respeitado: olho por olho, dente por dente.

O castigo coletivo remonta a milhares de anos atrás. Se um membro de uma tribo cometia um crime, toda a aldeia era destruída e sua população morta. Por crime entenda-se, tudo o que contrariava a lei do mais forte. Nas guerras modernas as forças alemãs, italianas e japonesas também empregaram este método contra os bolsões das resistências nos países ocupados. O método é bastante simples: para cada soldado das forças de ocupação mortos, um número dez vezes maior de civis inocentes eram executados.

O resultado do emprego deste método todos nós conhecemos. A memória dos que foram mortos nestas atrocidades permanecem vivas entre seus povos. Aqueles povos que as cometeram continuam dela se envergonhando até hoje. Muitos dos que as ordenaram continuam sendo cassados para que paguem por este crime.

Quando Sharon propõe o castigo coletivo como método para acabar com o terror, nós sabemos onde isto vai terminar. Toques de recolher por dias seguidos, que impedem as pessoas de saírem de suas casas e conseqüentemente de exercer qualquer atividade; impedimento de se locomoverem de um local para outro e a destruição de casas das famílias e de parentes de terroristas são a ponta deste regime de terror a que eles estão submetidos nos territórios. Nunca foram tão humilhados e nunca tivemos uma onda de atentados tão violentos e seguidos.

O campo pacifista não aceita a tese de que a paz é impossível. Enquanto existirem vozes capazes de, mesmo sob a dor das perdas, clamarem pelo fim da violência, continuará havendo esperança. Esta é a nossa tarefa. Dura, muitas vezes incompreendida, mas acima de tudo necessária.

Os terroristas e os belicistas estão ditando as regras de seu jogo. Estão levando judeus e palestinos a obedecerem a sua tática de luta. Uns explodindo homens bomba entre civis, outros retaliando sobre pessoas inocentes. Ambos alimentando o círculo vicioso da violência.

Mais do que nos questionarmos como isso vai parar, devemos nos perguntar quando é que isto vai terminar. Não tenho uma resposta para estas questões. Acho difícil que alguém as tenha. A única coisa que sei, é de que farei tudo o que puder para que isto pare amanhã na forma de uma volta a mesa de negociações.

Talvez pareça muita presunção de minha parte achar que serei capaz de algo tão difícil. Mas se minha voz alcançar a mente de mais alguém, já terei sido recompensado. Se a nossa voz somar-se a sua, judeu, palestino ou ser humano de qualquer povo, então estaremos no caminho certo. E se cada um trouxer mais alguém para o campo da paz, então um dia eles vão nos escutar bradando Basta de Violência, Paz Agora!

Neste dia alguma coisa será diferente. Quando terroristas e belicistas não encontrarem mais pessoas em caminhos tortuosos, quando todos estiverem em campo aberto, então estaremos pavimentando o caminho da paz e da reconciliação entre o povo judeu e o povo palestino.

Ajude a salvar uma vida quebrando este círculo de violência, junte-se a nós. Não propague mensagens de incitação ao ódio. Vamos mudar esta história porque um mundo melhor é possível.