n não tem tido muito tempo de lavar as mãos. Mais uma vez ele as mancha com o sangue de gente inocente. Mais uma vez ele supera todas as expectativas a seu respeito. Mais uma vez ele é o responsável direto pela morte de mulheres e crianças.

A covardia dos terroristas que não dão as vítimas o direito de defesa sempre foi condenado por todos os que compreendem a mecânica de seus atos. Como definir a ação de um chefe de Estado que ordena que um Avião Militar lance um míssil sobre um edifício de apartamentos em meio a uma área densamente povoada para matar um único homem? Outra não pode ser, senão o de terrorista e covarde. Nove crianças pereceram. Mais de 100 feridos como resultado do ataque além da destruição de casas e edifícios deixando dezenas de famílias sem teto.

Ninguém gostava do Sheikh Salah Shehadeh. Líder do Hamas, responsável direto por inúmeras ações terroristas e pelo envio de homens bombas, Shehadeh estava na lista dos mais procurados por Israel. Incapaz de capturá-lo, o governo decidiu por sua morte. Não tendo êxito em inúmeras tentativas anteriores, decidiu por encerrar o assunto da pior maneira. Em nome do mais vil dos sentimentos humanos, vingança a qualquer preço, enviou um míssil no lugar de uma bala. E o resultado só não foi pior do que a desculpa para a ação: ele utilizava escudos humanos para se proteger. Isto é de um cinismo que somente Sharon seria capaz.

Em um momento em que timidamente o Hamas acenava com a possibilidade de acabar com seus atentados suicidas em troca da retirada das áreas ocupadas, Sharon deu sua resposta. Não é capaz de enxergar nada a sua frente além do desejo de acabar com todas as possibilidades de paz e reconciliação.

O Campo Pacifista envia suas condolências as famílias das vítimas atingidas e conclama a todos a não permitir que mais este ato insano termine com nossas esperanças de paz.

O que está acontecendo hoje com a sociedade israelense, é um fenômeno no mínimo injusto. Ao invés de levarmos ao povo palestino nossa herança moral de um povo que sobreviveu a inúmeras perseguições e tentativas de genocídios, isto graças a sua unidade e capacidade ética de diferenciar o mal causado por homens do mal causado por povos, absorvemos dos terroristas a herança do ódio e da vingança a qualquer preço contra tudo e contra todos.

Com esta atitude, Sharon tenta nos igualar a eles. Não podemos permitir que isto continue. Não somos terroristas. Este governo não tem mais um respaldo moral para continuar. Em nome da decência e de nossa herança moral, ética e cultural como povo judeu, temos a obrigação de demonstrar nossa discordância.

Não somos coniventes. Discordamos veementemente desta ação militar que irá trazer mais dor, ódio e sem dúvida, fornecer o combustível que segue alimentando o círculo vicioso do revanchismo.

Por uma Israel democrática e igualitária.
Por uma Israel convivendo lado a lado com um Estado Palestino a nossa semelhança.
Basta, Paz agora.