Enquanto as forças militares da coalizão americana seguem avançando no Iraque, tropas do exército de ocupação de Israel invadiram o campo de refugiados de Tulkarem ordenando que todos os homens entre 14 e 40 anos, saíssem de suas casas e se dirigissem para uma escola pública.

A cena foi de pais andando pelas ruas com seus filhos menores em longas filas na direção da escola. O crime destas crianças foi o de terem nascido palestinas. Por culpa disso são tratadas como possíveis membros de grupos terroristas, ou o mais provável, como futuros membros destes grupos.

Aproveitando-se do fato de todas as câmeras de TV estarem voltadas para o Iraque, Israel continua humilhando a população palestina, destruindo casas de militantes como forma de punição coletiva, e mais do que nunca afastando todas as possibilidades de dar inicio a negociações de paz.

O atentado contra a cidade de Natânia serviu para fornecer mais convicção ao governo Sharon de que não existem condições para um cessar fogo. Os grupos terroristas, a despeito de todo o sofrimento que causam aos civis israelenses, e por conseguinte aos civis palestinos, continuam insistindo numa solução militar que nunca vai acontecer.

Pobres crianças de Tulkarem. Seriam elas capazes de compreender o que está acontecendo? Teriam elas a capacidade de discernimento para separar soldados israelenses de cidadãos israelenses? Poderiam no futuro compreender que o povo israelense quer viver em paz com seu povo? Que os soldados do governo Sharon obedeciam a ordens quando as trataram como suspeitas de terroristas?

O mundo finalmente resolveu não se calar diante do esperado efeito colateral que vem vitimando civis iraquianos. A cada dia aumenta o número de pessoas inocentes atingidas pelos bombardeios, ou sendo mortas nos postos de controle.

Estas mesmas cenas já são lugar comum nos territórios ocupados. Para assassinar um suspeito de terrorismo, joga-se um míssil sobre seu automóvel ou despeja-se uma bomba sobre o seu apartamento. Para impedir a passagem de homens bomba, impede-se a passagem de ambulâncias ou de pessoas em busca de socorro médico. As forças de segurança não se importam com os transeuntes, moradores dos prédios ou mulheres que precisam dar a luz.

O que está acontecendo no Iraque vai trazer sérias conseqüências para o conflito entre israelenses e palestinos. As mesmas vozes que hora se levantam pelo fim da guerra, logo virão em socorro dos palestinos que representam o lado mais fraco. Os mesmos que condenam os EUA vão passar a condenar Israel. O conflito tende a se internacionalizar em breve.

Infelizmente muitos confundem EUA, governo americano com povo americano. Isto me leva a crer que podem colocar Estado de Israel, governo de Israel e judeus na mesma onda de ódio.

Não podemos permitir que se combata violência com mais violência. Os governos são passageiros mas os povos são permanentes. Vamos dizer não as guerras apoiando o principio de paz e convivência pacífica entre todos os homens e mulheres do planeta pelo direito que todos tem a vida. Por isso a importância de combatemos toda a forma de preconceito que tenta impor a culpa de governos de nações aos povos destas nações.

Os americanos não são Bush, assim como os iraquianos não são Sadamm. Israelenses não são Sharon, assim como os palestinos não são Arafat.Estes líderes vão passar, mas seus povos é que vão viver as conseqüências de seus atos.

Por quem estão pagando as crianças de Tulkarem?