Uma semana bastante agitada aqui em Israel. Desde o assassinato de duas importantes figuras, Salah al-Arouri do Hezbollah e Ismail Haniyeh do Hamas, estamos novamente em uma espécie de pausa no espaço temporal. Como se tudo estivesse se movendo em uma velocidade diferente do resto do mundo. Estamos levando a vida normalmente, só que não.
Não vou entrar no mérito das mortes, se foram cabíveis ou não, justificáveis ou não, porque ocorreram e tudo agora é consequência. Estamos sendo ameaçados por diversas frentes de um ataque massivo simultâneo. Além do Irã e do Hezbollah, os Houthis e as milícias iranianas no Iraque e na Síria coordenam o ataque. Desta vez são esperados um número significativamente maior de mísseis balísticos e drones suicidas. Especula-se em até 1500.
Israel se prepara para o embate. São diversas linhas de defesa que vão empregar um número considerável de aviões e sistemas antiaéreos. Outros países vão ajudar, especialmente os EUA e a Inglaterra. Possivelmente a Jordânia, Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, como da última vez.
Em meio aos preparativos de ataque e defesa, todos dizem que não desejam uma guerra total, e nós, os cidadãos, tentamos manter nosso dia a dia como se nada estivesse acontecendo. A única certeza é de que o ataque será à noite, para tornar mais difícil a localização dos artefatos por parte da aviação. São eles que derrubam a quase totalidade deles. Também não há como manter segredo, quando os mísseis e drones tiverem sido disparados do Irã, vamos ficar sabendo. Do Iêmen e do Iraque também. O problema ocorre com o Líbano e Síria que são muito próximos. O exército determina se devemos ir para os abrigos, ou não.
Desta vez, Israel está deixando claro que sabemos nos defender e sabemos atacar também. Dependendo do que tiver acontecido depois do ataque, vamos retaliar. Nossa resposta e o possível ataque a bases americanas também, pode desencadear uma guerra sem precedentes na região.
Numa situação hipotética como esta, os EUA poderiam ser arrastados para esta guerra e outros países também, a favor de um dos lados. Haveria uma escalada rápida e dramática. Os alvos passariam de essencialmente militares, para civis e econômicos. Como se classifica uma Estação de Energia, ou um poço de petróleo?
Eu moro em frente a uma estação de luz, literalmente. Meu prédio está separado da estação por um terreno aberto a uma distância de cerca de um quilômetro. Se por um lado, pode ser um alvo, por outro, e pela mesma razão é superprotegido. Não sei dizer ao certo, o quanto, mas prefiro pensar que estou no raio de proteção da estação.
Muita gente já está sentindo os efeitos da situação. As companhias aéreas estão cancelando voos de ida e de volta. Para quem não vai poder sair de férias, existe todo o transtorno de cancelamentos, alguns com reembolso, outros sem. Os que estão tentando voltar são os mais prejudicados. Já mostram cenas de dezenas de israelenses dormindo nos corredores de aeroportos.
Eu mesmo tenho uma viagem a trabalho programada para setembro. Ainda não compraram as passagens, e já começo a ter dúvidas se vou poder realizá-la. Como eu, certamente existe muita gente com o mesmo dilema.
Não está faltando nada. Os Supermercados estão abastecidos. Os Hospitais já estão preparados para qualquer situação e os socorristas também. Existem planos para falta de luz e de Internet. Tudo está sendo levado em conta, inclusive o pior cenário possível.
Já passamos por situações complicadas antes. Cada uma delas deixou lições entre erros e acertos. Apesar de tudo, confiamos no exército e em nós mesmos. Nos tornamos gigantes diante de ameaças. Estamos preparados para o que der e vier.
E apesar dos pesares, encontramos tempo para comemorar nossos atletas nas Olimpíadas.
Am Israel Chai!