Caro presidente,
Meu nome é Mauro Nadvorny, brasileiro de nascimento e israelense por opção natural, sendo judeu e sionista-socialista. Sou seu eleitor desde sua primeira campanha.
Diante de sua manifestação de apoio a demanda sul-africana na corte de Haia, gostaria de levantar algumas questões que talvez ajudem a fazer justiça.
Na nota do governo brasileiro, está declarado o apoio do país nos termos:
“À luz das flagrantes violações ao direito internacional humanitário, o presidente manifestou seu apoio à iniciativa da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça para que determine que Israel cesse imediatamente todos os atos e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados nos termos da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio”.
Muito se fala em Genocídio e o termo está sendo banalizado. O que a maioria das pessoas quer dizer, é que estão “matando muita gente”, mas “Genocídio é um termo utilizado para descrever a destruição deliberada, parcial ou total, de um grupo étnico, racial, religioso ou nacional específico. Este ato é caracterizado por ações que têm como objetivo eliminar completamente ou diminuir substancialmente a presença desse grupo, incluindo assassinatos em massa, perseguições, deslocamentos forçados, entre outras formas de violência intencional.”. Isto é exatamente o que o Hamas fez e o que consta em seu Estatuto.
Meu presidente, o Hamas declarou guerra a Israel em 07 de outubro quando atacou e matou 1200 israelenses sem chance de defesa e sequestrou outros 240 para Gaza, incluindo mulheres e crianças. Israel não está destruindo deliberadamente os cidadãos de Gaza, nem tem como objetivo eliminar a presença deles na faixa. Israel não está cometendo assassinatos em mass. A luta é contra o Hamas e seus combatentes. Sim, existe o pedido de deslocamento de civis, mas é a única maneira de evitar mortes.
É por isto que o governo americano, assim como potências europeias, se recusam em falar na possibilidade de um genocídio em Gaza.
Na nota do governo consta que você: “recordou a condenação imediata pelo Brasil dos ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023”. “Reiterou, contudo, que tais atos não justificam o uso indiscriminado, recorrente e desproporcional de força por Israel contra civis”.
Meu presidente, não se pode falar desta maneira com a vítima. O que seria, na sua opinião, o uso de força proporcional? Olho por olho, dente por dente seria aceitável? Israel não está se vingando, Israel está decidido a terminar com um regime terrorista que aplicou toda a ajuda que recebeu até hoje para criar uma máquina de terrorismo. Todos aqueles túneis que estão sendo descobertos, poderiam abrigar a maior parte da população durante os bombardeios. E quando se trata de bombardeios, estou falando de residências-militares, escolas-militares, mesquitas-militares, hospitais-militares e até mesmo cemitérios-militares. De todos estes locais, partem disparos de foguetes contra as cidades israelenses. O Hamas transformou a população em escudos humanos e os abandonou a própria sorte. Até mesmo boa parte da ajuda humanitária que entra em Gaza é imediatamente sequestrada por eles e vendida no mercado negro. Pense nisso.
Segundo o governo na sua nota, “já são mais de 23 mil mortos, dos quais 70% são mulheres e crianças, e há 7 mil pessoas desaparecidas”. Sério que você acredita em números divulgados por um grupo terrorista que não diferencia entre civis e combatentes, e que não podem ser comprovados por nenhuma organização independente? Não quero dizer com isso que não existam vítimas inocentes, existem e eu lamento por cada uma delas. No entanto seja coerente, sabemos que todas elas poderiam ser evitadas, e ainda podemos evitar mais mortes se o Hamas depuser as armas e entregar os reféns. Pense nisso.
Fico feliz quando você diz que “reitera a defesa da solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, sem dúvida é uma boa solução que cabe as partes discutir e chegar a um acordo.
Todos pedem um cessar-fogo e foi exatamente o que Israel ofereceu em troca de reféns há cerca de 30 dias, mas o Hamas não aceitou. Eles não dão a mínima importância ao povo de Gaza, povo este que tinha trabalho em Israel, recebia água e eletricidade de Israel, até mesmo tratamento médico em casos especiais. Nada disso teve nenhum valor na hora de realizar o maior massacre de judeus desde o Holocausto.
Por fim, Caro Lula, é muito fácil apresentar críticas quando não se trata das suas filhas que foram estupradas, abusadas e assassinadas. E se tivesse acontecido com a Lurian? Israel não pode mais conviver com um vizinho que prega, não apenas a sua destruição, mas a de todo povo judeu. Nenhum país poderia, nem mesmo o Brasil. Pense nisso.
Se o Brasil realmente deseja acabar com todo este sofrimento de parte a parte, lidere uma campanha para a rendição do Hamas e o fim da guerra.