Passados 23 dias desde que o Hamas declarou guerra a Israel com um ataque surpresa que custou a vida de 1400 israelenses em poucas horas, e o sequestro de cerca de 230 pessoas, entre israelenses e estrangeiros, já podemos concluir alguns fatos.

O primeiro é de que pouco importa ao mundo árabe em geral, e a esquerda em especial como a guerra começou. Na primeira retaliação de Israel, começaram os pedidos de cessar-fogo. Até o dia de hoje, com cerca de 200 foguetes sendo disparados diariamente contra Israel, seguem acusando nos de genocídio. Imaginem por um segundo, se esta quantidade de foguetes atingisse seus alvos.

Nada do que dissermos, nada do que trouxermos a luz, nenhuma prova cabal do que realizamos para prevenir a morte de civis, vai fazer alguma diferença. Tudo é descartado, colocado imediatamente em dúvida e seguem as acusações. Existe uma parte do mundo que nunca vai nos escutar.

Não existe guerra limpa, ou teria outro nome. A guerra em si já é um crime e demonstra nossa incapacidade de resolver problemas diplomaticamente. Também não existem santos nas batalhas, existem vencedores e perdedores.

Falando de Israel, e digo isto para nossa comunidade, as IDF tentam fazer o que for possível para evitar a morte de civis. Durante duas semanas os habitantes de Gaza foram avisados de que deveriam se deslocar para o sul. Receberam avisos e que todos os locais com a presença de membros do Hamas, seriam objetivos militares. Antes de cada ataque, os civis presentes nestes locais recebem um comunicado de que devem sair imediatamente. Não se pode dizer que tudo isto funciona perfeitamente. Ainda assim existem vítimas, mas é muito mais do que os terroristas fizeram quando nos atacaram. Ninguém foi avisado, a ninguém foi dada a opção de sair de sua casa. Todos foram mortos ou levados como reféns.

Estamos diante de um mundo surreal. Escutamos clichês dos anos 60 como imperialismo e colonialismo sendo utilizados para definir o conflito por gente que se tornou expert em Oriente Médio pelo WhatsApp.  Seria engraçado se não fosse trágico, mas as redes sociais capitalizam uma atmosfera antissionista e antissemita que se apresenta como um movimento em favor de um povo palestino, e não do povo palestino. E ainda representa os judeus como a ponta de lança do imperialismo e dos povos colonialistas.

Não percam seu tempo, sua energia e sua paciência tentando convencer alguém deste modelo de pensamento, de que estamos com a razão. Impossível argumentar com bom senso onde não existe o senso para escutar o outro lado. Vivemos aquele momento em que milhares de refugiados muçulmanos que fugiram de seus países devido a perseguições religiosas, políticas e de gênero se manifestando a favor de um grupo terrorista que ataca as minorias, persegue quem não for muçulmano, não aceita oposição política e mata homossexuais.

Cidadãos de países com tradição democrática e avanços no campo dos direitos humanos e respeito a diversidade, se somam nestas manifestações em favor de um grupo que matou e queimou os corpos de bebês.

Lembrem-se de que são os mesmos que não movem um dedo para condenar os crimes de guerra da Rússia contra a Ucrânia. Pelo contrário, acusam os ucranianos dos mesmos crimes que somos acusados, de genocídio, limpeza étnica etc.

As informações divulgadas pelo Hamas têm mais credibilidade do que as informações divulgadas por Israel. Redes de notícias do mundo inteiro divulgam estas informações sem devidamente informar que não foram verificadas por fontes independentes. E assim, um hospital que estava de pé e seguia funcionando, quando um foguete que falhou ao ser disparado de Gaza, caiu no estacionamento, foi dado como derrubado por Israel com 500 mortos. E ainda hoje há quem acredite nisto.

Esta é a realidade para a qual todos os judeus devem estar preparados. O aumento do antissemitismo é exponencial. Alguns daqueles amigos da faculdade, seus vizinhos e qualquer um ao seu redor pode ser um antissemita adormecido. Com as notícias de que Israel é quem está cometendo um genocídio, uma limpeza étnica, eles estão acordando. Todas aquelas vezes que vocês escutaram o termo “judiar” e pensavam que era apenas uma maneira de falar, aquelas piadas sobre judeus e o holocausto e pensaram que era apenas para rir, lamento dizer, eram demonstrações de preconceito. Agora eles podem encher o peito diante das centenas de vídeos dos bombardeios em Gaza e expressarem seu antissemitismo de forma explícita.

Não tenho aqui nenhuma intenção de criar alarde. Acredito que a maioria das pessoas ainda são capazes de pensar, escutar e discernirem entre o que é fato e o que é propaganda. Compreender de que nenhum país no mundo faria diferente diante da agressão que sofreu e da situação de ter mais de 230 reféns nas mãos de um grupo terrorista fundamentalista.

Que algo de bom venha ao final de todo este pesadelo. Que todos os reféns voltem para suas famílias e que palestinos e israelenses encontrem o caminho para voltar a mesa de negociações de paz.