A perseguição aos judeus bolcheviques depois da revolução de 1917 foi um fenômeno complexo e multifacetado. Em alguns casos, foi uma perseguição direta, com judeus sendo presos, deportados ou mortos por motivos étnicos ou religiosos. Em outros casos, foi uma perseguição indireta, com judeus sendo discriminados em empregos, educação e outros aspectos da vida pública.
Perseguição direta
A perseguição direta aos judeus bolcheviques começou logo após a revolução. Em 1918, o governo bolchevique lançou uma campanha antissionista, acusando os judeus de serem agentes do imperialismo estrangeiro. Esta campanha levou a uma série de pogroms contra judeus em toda a Rússia.
Em 1920, o governo bolchevique criou o Comissariado do Povo para Assuntos Judaicos (Yevsektsiya), que tinha como objetivo promover a assimilação dos judeus na cultura russa. A Evsektsiya foi responsável por uma série de políticas discriminatórias contra os judeus, incluindo a proibição da língua e cultura judaicas.
Perseguição indireta
A perseguição indireta aos judeus bolcheviques foi mais sutil, mas não menos prejudicial. Os judeus eram frequentemente discriminados no emprego, sendo frequentemente excluídos de cargos de liderança. Eles também eram discriminados na educação, sendo frequentemente impedidos de frequentar universidades e outras instituições de ensino superior.
Durante a Revolução Russa de 1917, os bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin, assumiram o controle do governo. Muitos judeus, assim como outras minorias étnicas, se envolveram em movimentos revolucionários devido à opressão e discriminação que haviam sofrido sob o regime czarista.
Após a Revolução, houve uma onda de pogroms em várias partes da Rússia e do Império Russo, nos quais judeus foram alvos de violência e perseguição. Estes pogroms foram frequentemente realizados por grupos anticomunistas, nacionalistas e antissemitas, que viam os judeus como simpatizantes ou beneficiários do novo governo bolchevique. Muitos judeus sofreram terríveis atrocidades, incluindo assassinatos, estupros e saques de propriedades.
O governo bolchevique, sob a liderança de Lenin e posteriormente de Joseph Stalin, tentou combater os pogroms e promover políticas antissemitas foram oficialmente condenadas. No entanto, o regime também foi responsável por repressões políticas em larga escala e perseguições contra pessoas de todas as origens étnicas, incluindo judeus.
Os eventos que ocorreram após a Revolução Russa são complexos e muitas vezes controversos. Eles refletem a diversidade de opiniões e atitudes em relação aos judeus na Rússia naquela época, bem como a instabilidade política e social que prevaleceu no país. É importante abordar essa história com sensibilidade e nuance, reconhecendo que os judeus eram tanto vítimas de pogroms quanto participantes ativos em vários aspectos da Revolução Russa e seus desdobramentos.
A perseguição aos judeus bolcheviques foi um fator importante na emigração de judeus da Rússia soviética. Entre 1917 e 1923, cerca de 2 milhões de judeus deixaram a Rússia. Meu avô foi um deles.
Com a ascensão de Stalin, a perseguição aos judeus bolcheviques intensificou-se sob seu governo. Em 1936, Stalin lançou a Grande Purga, uma campanha de terror contra seus inimigos políticos. Centenas de milhares de judeus foram presos, deportados ou mortos durante a Grande Purga.
Após a Segunda Guerra Mundial, a perseguição aos judeus bolcheviques diminuiu. No entanto, ainda havia casos de discriminação contra os judeus na União Soviética.
A perseguição aos judeus bolcheviques foi um capítulo sombrio na história da Rússia soviética. Foi um exemplo de como o antissemitismo pode ser usado para justificar a perseguição política.
Minha história familiar é parte destes acontecimentos. Meu avô por parte de pai, juntamente com muitos de seus irmãos (eram 10 no total), lutaram nas fileiras bolcheviques. A família residia na atual Ucrânia nas proximidades de Odessa.
Quando começaram os pogroms liderados por seus próprios companheiros de armas, um a um, os irmãos decidiram partir. Iam para o porto e embarcavam em qualquer navio que os tirassem de lá. Meu avô acabou embarcando em um navio que vinha para a América Latina e desembarcou no Brasil.
Ele nunca mais teve notícias de seus pais e irmãos. Aqui ele se casou e teve 5 filhos, um deles, meu pai. Todos já falecidos.
Infelizmente não aprendemos com a história, ou queremos acreditas que a história pode ser capaz de corrigir seus erros passados.
Durante a ascensão do fascismo no Brasil através da campanha vitoriosa e esmagadora de Bolsonaro, criei o maior grupo judaico do Face Book, Judeus contra Bolsonaro, que chegou a ter mais de 8 mil membros.
Fui um dos responsáveis que impediu a ida de Bolsonaro na Hebraica de São Paulo com um abaixo-assinado que reuniu milhares de assinaturas.
Nunca escondi minha identidade sionista socialista, pelo contrário, sempre foi minha apresentação em artigos que escrevi em minha coluna no Brasil 247, que foi cancelada.
Participei, mesmo vivendo em Israel, da campanha pela derrota de Bolsonaro e a eleição de Lula, juntamente com inúmeros companheiros judeus e não judeus. Organizei o Comitê Lula-Livre Israel e participamos do Lula Day internacional durante todos estes anos, inclusive com manifestações em Tel Aviv.
Perguntem a esquerda brasileira quem elegeu Bolsonaro e a resposta será dada de pronto: foram os judeus.
Alguém escutou, viu ou participou de algum grupo palestino contra Bolsonaro, contra o fascismo, contra o fundamentalismo religioso, contra a opressão das mulheres, dos homossexuais etc.? Claro que não, porque eles não existem.
Fui incluído em diversos grupos de petistas no exterior e o que estou vendo hoje, é uma explosão antissemita que em tudo se iguala ao passado de meu avô. Uma obsessão incontida da esquerda e de até então companheiros de uma causa, por atacar Israel como um Estado Terrorista, e glorificar o Hamas como um grupo de resistência a opressão colonialista imperialista (sic). Nenhuma solidariedade com as vítimas do massacre cometido contra civis inocentes. Nenhuma palavra aos assassinatos de bebês e o estupro de mulheres. A culpa foi das vítimas.
O que é divulgado pelo Hamas não necessita de comprovação e o que for divulgado por Israel não merece consideração. Um grupo terrorista fundamentalista passou a ter mais crédito que um estado democrático constituído.
A esquerda de ontem, de hoje, e de sempre, foi, é, e continuará sendo antissemita. Muito mais que a direita, tão fascista quanto ela. A esquerda glorifica terroristas, regimes totalitários e fundamentalistas, desde que que sua ira seja contra os judeus.
Isto explica muito por que a esquerda cada vez mais perde importância e relevância nos dias de hoje. Mostra porque cada vez mais países preferem um governo neoliberal a um governo de esquerda. A esquerda trai seus objetivos, trai sua própria história e trai principalmente os que estiveram com ela na mesma trincheira durante suas conquistas.
Nuca vou deixar de ser sionista socialista, mas de agora em diante, pensando antes de tudo na sobrevivência do meu país. Em seguida na continuação da luta por democracia e mais do que tudo, pelo fim do governo atual de Israel.