Todos sabem que a morte de civis em uma guerra é deplorável. Existem convenções internacionais supostamente para proteger essas vidas. No papel, tudo está muito bem explicado e justificado, mas na vida real não é o que acontece.
A guerra na Ucrânia está aí para provar o que significa o desrespeito às mais elementares regras de proteção a ida dos civis. A Rússia vem atacando cidades, dizimando vilas e aldeias, bombardeando hospitais, escolas e prédios urbanos incessantemente. Nenhum deles é algo próximo de um alvo militar justificável.
Soldados russos estupraram mulheres e abusaram de crianças. Mataram civis a sangue frio e sequestraram crianças. Tudo documentado, filmado e com a complacência de setores da esquerda.
Durante todos esses meses de guerra, a esquerda se colocou ao lado do agressor, justificando seus atos como necessários para livrar o mundo de um suposto governo nazista que havia se instalado na Ucrânia, ameaçando a paz mundial. Todas as atrocidades seriam justificáveis em uma situação de guerra, como efeitos colaterais inerentes a uma zona de combates.
No último sábado, uma força com cerca de 1500 membros do Hamas destruiu a cerca que separa a Faixa de Gaza de Israel em diversos pontos e invadiu o país com um único objetivo: matar e sequestrar o maior número possível de civis.
Muito próximo da cerca, estava sendo realizado um evento musical com a participação de 3000 jovens. Eles foram atacados. No ataque, 260 deles foram assassinados, e um número ainda desconhecido foi sequestrado.
As aldeias próximas também foram invadidas. Em uma única delas, 100 civis mortos, homens, mulheres, crianças, idosos, ninguém foi poupado. Quando o exército chegou, só restava recolher os corpos. Muitos deles estavam queimados, mutilados e alguns, inclusive bebês, com a cabeça decepada.
Somados os mortos até agora, passamos de 1200, com 4500 feridos e um número ainda não confirmado de cerca de 150 sequestrados.
Mais de 5 mil foguetes foram disparados nas primeiras horas contra as cidades israelenses e continuam até o dia de hoje.
Neste sábado que passou, 7 de outubro de 2023, às 6:00 da manhã, o Hamas declarou guerra a Israel com uma operação muito bem planejada e levada a cabo com certa facilidade. Os serviços de inteligência israelenses não previram o que estava por acontecer.
Passadas as primeiras horas, Israel começou a tomar ciência da gravidade do que estava ocorrendo e as forças de segurança começaram a se mobilizar. Bombardeios a Gaza tiveram início com o uso da força aérea. Israel declarou guerra para poder mobilizar os reservistas e em 48 horas, 300 mil se apresentaram.
Os bombardeios a Gaza, por mais que estejam sendo direcionados aos locais de permanência ou frequentados por membros do Hamas, também têm efeitos colaterais, e civis estão sendo atingidos com mortos e feridos.
A mesma esquerda que apoia Putin se manifestou: Israel estava atacando os palestinos em Gaza! O mundo precisa condenar o estado assassino! Palestinos estão sendo mortos!
Até este momento, eu tinha uma dúvida sobre a possibilidade da existência de uma esquerda fascista. Essa dualidade seria uma aberração semântica e ideológica. Impossível, pensava eu. Mas eis que me deparei com a realidade.
A princípio, parece contraditório ser de esquerda e fascista ao mesmo tempo, uma vez que essas duas ideologias políticas possuem princípios e valores muito diferentes. A esquerda geralmente defende ideais de igualdade, justiça social, além de uma maior intervenção do Estado na economia para proteger os direitos dos trabalhadores e das minorias. Por outro lado, o fascismo é uma ideologia de extrema direita que promove autoritarismo, nacionalismo extremo e desrespeito aos direitos individuais em favor do Estado.
No entanto, é importante lembrar que a política é muitas vezes complexa e multifacetada. Pode haver pessoas ou grupos que se identificam como de esquerda em algumas questões, como economia e intervenção do Estado na economia, mas que também apoiam políticas autoritárias, nacionalistas ou discriminatórias, que são mais características de ideologias de extrema direita.
Nesses casos, elementos que se promovem como de esquerda são uma mistura de diferentes ideologias políticas. A chave aqui é o fator antissemitismo, antes relacionado à extrema direita e agora cooptado por essa esquerda fascista, mas que na verdade, é o que une os dois extremos.
A esquerda que condena Israel neste momento, alheia ao massacre perpetrado pelo Hamas, é fascista. Uma esquerda antissemita que apoia um regime fundamentalista que humilha as mulheres, persegue a minoria LGBT+, não permite a existência de oposição e não promove eleições desde que chegaram ao poder, justamente vencendo a última delas.
Para uma pessoa de esquerda apoiar políticas autoritárias, nacionalistas e discriminatórias, conceitos típicos do fascismo, somente sendo antissemita. Isto é o que explica o contraditório. Esta é a realidade que eu não acreditava possível.
Todo esse tempo, essa esquerda fechou os olhos e tampou os ouvidos para o que acontece na Ucrânia, mas bastou Israel revidar a agressão criminosa do Hamas para levantarem sua voz. Sim, a hipocrisia tem nome: antissemitas.