Existem hoje vários grupos de WhatsApp e Telegram que reúnem a resistência contra a implantação de uma ditadura em Israel. Um dos grupos dos quais eu participo se chama Bandeiras Negras Nacional. Meu grupo é o de número 357. Quando entrei, nos primeiros dias de protestos, ele reunia cerca de 200 membros, hoje passa de 1000.

Somos atualizados diariamente sobre as ações que estão sendo tomadas e os resultados delas. Muitas vezes recebemos pedidos de apoio imediato quando uma ação exige presença em um local onde está um parlamentar que apoia a ditadura. Isto aconteceu, por exemplo nesta quinta-feira que passou. Miri Regev a ministra dos transportes veio a um hotel na minha cidade, Hedera, que fica próximo da minha casa. Eu estava trabalhando de casa em respeito ao dia de paralizações. Imediatamente peguei minha bandeira e fui para o local.

Ao chegar lá haviam uns poucos manifestantes que enfrentavam a ira dos seguranças do hotel que queriam nos afastar a todo custo. Logo a polícia foi chamada e mais companheiros chegaram depois de receber a mensagem com pedido de apoio.

Membros do Likud apareceram para nos confrontar e a polícia teve muito trabalho para acalmar os ânimos que se exaltavam. No final Miri Regev teve que sair por trás do hotel, o que consideramos uma vitória. Eles não vão ter sossego onde quer que estejam.

Durante 12 semanas tivemos manifestações todos os sábados a noite e nas últimas semanas a quinta-feira foi incluída. Agora a resistência sobe de patamar. Será uma semana inteira de lutas. Mais de 200 pilotos reservistas voluntários da Força Aérea anunciaram que não vão mais comparecer para exercícios e não vão servir a um regime autoritário. A eles se somam 150 médicos e 180 membros da defesa Cyber. Isto representa a ponta do Iceberg do que está para acontecer. Sem eles, os reservistas voluntários, não existe força aérea, e o exército vai enfrentar muitos problemas.

Segue a tradução livre da mensagem da resistência divulgada nesta sexta-feira dia 24/03/2023:

Na próxima semana teremos a Semana Nacional da Paralisia que incluirá: dias de paralisação, ações de resistência contra membros da coalizão e uma grande manifestação em Jerusalém.

A luta está se intensificando.

Diante da tentativa de Netanyahu na próxima semana de realizar uma apropriação hostil da Suprema Corte, e de nomear juízes, em flagrante violação do acordo de conflito de interesses, da decisão do Supremo Tribunal de Justiça e da ordem do Provedor de Justiça, os líderes da resistência à ditadura declaram esta noite (sexta-feira) a próxima semana como semana de paralisação nacional.

Aos domingos e segundas estaremos onde quer que estejam os membros do Knesset (coalizão) e ministros do governo e silenciaremos sua agenda. Vamos alcançá-los em todos os lugares e deixar claro para eles que a ditadura não passará sob nossa vigilância.

Na terça-feira teremos um dia de paralisação generalizada em todo o país, o que representará um avanço em relação aos dias anteriores da resistência.

Na quarta-feira realizaremos eventos significativos de paralisação pela manhã e depois iremos a Jerusalém e realizaremos uma grande manifestação em frente ao Knesset israelense.

Na quinta-feira haverá eventos de protesto que não podemos revelar agora.

“Estamos entrando na semana fatídica da história do Estado de Israel. O governo destruidor de lares está destruindo o povo, desmantelando o exército e a economia israelense.

Diante da tentativa de transformar Israel em uma ditadura, milhões sairão às ruas e defenderão o Estado de Israel e a Declaração de Independência.

Todo cidadão que quiser viver em democracia deve sair às ruas, opor-se a todo custo à ditadura e paralisar o país. Não temos medo de um longo caminho, o povo de Israel vencerá – a democracia vencerá.”

O protesto das bandeiras negras.

Salvando a democracia.”

Sem dúvida esta será uma semana decisiva. O governo já anunciou que pretende aprovar a lei que vai permitir a ele nomear os ministros do supremo colocando uma maioria de políticos governamentais na comissão que nomeia os juízes. Netanihau anunciou antes de viajar a Londres que não vai parar o que ele chama de reforma do sistema jurídico.

O Ministro da Defesa, Galant quer fazer com que a coalizão pare a reforma. Tentou dizer isto em uma declaração pública, mas foi silenciado momentaneamente por Netanihau que pediu a eles alguns dias de trégua antes de viajar. Na volta da viagem,o demotiu desencadeando revolta na população que saiu num domingo a noite para protestar.

A Bolsa está caindo e o dólar subindo. A economia já dá mostras do que está por vir. Donos de restaurantes reclamam que os clientes sumiram, não há clima para sair de casa. Já vemos aqui o rompimento de amizades, de separação entre familiares, como aconteceu no Brasil.

Estamos próximos do Pessach, uma festa que reúne as famílias e amigos. Este ano não será igual aos anos anteriores.

Logo vem o Dia da Lembrança pelos caídos nas guerras de Israel centenas de famílias pediram para não receberem nenhuma mensagem do governo e que membros do governo e da coalizão não compareçam nos cemitérios neste dia.

E aí o Dia da Independência com o povo dividido por um governo inconsequente.

Felizmente somos a maioria e o fascismo está enfrentando uma resistência feroz, destemida e determinada a não permitir a implantação de um regime ditatorial em Israel. São homens e mulheres, laicos e religiosos, jovens e idosos, de esquerda e de direita com a Bandeira de Israel em mãos lutando para preservar a democracia.

Salve a resistência!