As cenas da morte da jornalista da Al Jazeera, a palestina-americana Shireen Abu Akleh correu o mundo como fogo em palha. Em todas as difusões jornalísticas a acusação de que ela teria sido morta por forças israelenses. Sem dúvida uma possibilidade, mas não a única.
Soldados israelense e militantes palestinos trocaram tiros em uma área onde não havia ângulo para acertar Shireen e outros colegas que se encontravam próximos. Todos vestiam capacete e coletes a prova de balas que os identificavam como jornalistas. Quem atirou foi um profissional que acertou o olho esquerdo da jornalista a uma distância ainda não identificada.
O mundo se apressou em acusar Israel pela morte, o que até pode vir a ser confirmado pelas investigações em andamento. No entanto, não seria a primeira vez que fatos como estes tivessem um resultado diferente daquele inicialmente tido como verdadeiro.
Em 13 de maio, Giora Eilad, publicou no jornal Yediot Hacharonot que em 2001, durante os primeiros dias da Segunda Intifada, Muhammad al-Durrah, de 12 anos, foi morto durante um violento tiroteio em Gaza entre forças da IDF e militantes palestinos.
Logo um repórter de TV francês, que filmou o momento em que o menino foi baleado, testemunhou que ele foi morto por soldados do exército de Israel.
Naquela época, ele era o chefe da Diretoria de Planejamento do Exército e devido às inúmeras trocas de tiros que ocorreram no momento do incidente, e porque foi relatado por um canal de mídia europeu e não árabe, acabou presumindo que o relato de testemunha ocular estava correto.
Foi quando, segundo ele, cometeu um erro imperdoável ao assumir a responsabilidade pública pela morte do menino frente a mídia estrangeira. Explicou que o incidente foi precedido por tiros palestinos maciços em direção a um assentamento israelense, e os palestinos deliberadamente empurraram a criança para a linha de frente. Achou que bastaria como explicação. Ele estava tremendamente errado.
Uma investigação completa do incidente conduzida pelo exército revelou que o menino quase certamente foi morto pelo fogo palestino. Além disso, fortes evidências começaram a surgir, apontando para a possibilidade de que o menino sequer tenha morrido, e que todo o calvário pode ter sido encenado.
Claro que cada episódio de violência deve ser condenado. Mais do que isto, a ocupação dos territórios palestinos são a causa de todos os ciclos de mortes conhecidos no conflito. Tivera sido encontrada uma solução para viabilizar um Estado Palestino e muitas vidas teriam sido salvas.
Neste caso em especial, a morte da jornalista tem servido de combustível para antissemitas e antissionistas despejarem todo o seu ódio aos judeus e a Israel. A tentativa de saírem do hospital com o caixão nos ombros para o funeral deflagou uma forte reação de parte da polícia. Algo que poderia ser evitado com diálogo, se diálogo houvesse. Todos os funerais em Jerusalém devem ser realizados com o corpo sendo transportado em um veículo apropriado, o que acabou acontecendo. Aqui uma imagem valeu mais do que mil palavras.
Israel propôs uma investigação conjunta com a Autoridade Palestina, o que não foi aceito. Desta maneira, uma investigação está acontecendo por cada uma das partes. Infelizmente esta tragédia não une israelenses e palestinos.
Shireen, devido a sua militância e importância como jornalista despertou os defensores dos Direitos Humanos e a todos que prezam pela liberdade de trabalho e divulgação independente de todas as mídias para um fato que teria passado despercebido, não fosse ela.
Os cidadãos de Israel estão vivendo um terror há cerca de dois meses com o assassinato de cidadãos inocentes e indefesos por militantes palestinos e do ISIS. Na cidade onde eu vivo, no caminho quase diário por onde eu passo ocorreu um atentado. No mais recente, dois jovens mataram quatro cidadãos da pequena cidade de Elhad e feriram outros tantos com o uso de machados. O primeiro a ser morto foi o motorista judeu que deu carona para eles. Civis palestinos também são vítimas de balas perdidas em operações do exército israelense nos territórios ocupados e a mídia não dá a eles uma linha sequer em seus noticiários.
Eu não vou entrar numa discussão do porquê não escutamos das mesmas mídias e Defensores dos Direitos Humanos uma única condenação a estas mortes. Não se trata de uma disputa entre quem tem mais ou menos mortos para mostrar. Trata-se de deixar claro que famílias judias e palestinas estão sofrendo os males causados pela falta de diálogo entre aqueles que deveriam estar sentados em uma mesa de negociações para tratar do fim do conflito e da criação de um Estado Palestino.
Eu como judeu, como sionista-socialista condeno toda forma de violência. Mais do que isso, como ser humano e como israelense, não posso admitir o uso da força para ocupar um território que não nos pertence e subjugar todo um povo as nossas leis e costumes contra sua vontade.
Quem realmente deseja que palestinos e israelense possam viver em paz com justiça, deveriam estar pressionando as partes para se reunirem e chegarem a um acordo. Ficarem apontando dedos não vai resolver nada e apenas nos colocam a horas da próxima vítima.