Semana passada escrevi sofre os massacres cometidos pelo recém criado Exército de Israel e milícias de extrema direita contra a população civil árabe durante a Guerra de Independência. Vamos agora ao outro lado da moeda.

No final de maio de 1948, a fazenda coletiva Yehiam estava sendo bombardeada. Um comboio de ajuda com ajuda médica tentou chegar ao local para socorrê-los. Próximos da vila Kabri foram atacados por milícias árabes. Dos 86 passageiros, apenas 39 sobreviveram. Muitos corpos não puderam ser identificados devido a mutilações dos corpos.

Naqueles dias Jerusalém Ocidental se encontrava sitiada. Um comboio deixou a cidade em 13 de abril de 1948 em direção ao Monte Scopus que abrigava o Hospital Hadassah e o campus da Universidade Hebraica. Era composto de ambulâncias, caminhões com mantimentos, veículos blindados e ônibus transportando médicos, enfermeiras, estudantes de medicina e acadêmicos. No caminho, próximo da vila de Sheikh Jarrah, o comboio passou por uma mina, teve de parar e foi atacado. Os ônibus transportando civis foram metralhados e incendiados deixando 80, dos 105 passageiros, mortos.

Um dia antes do fim do mandato, a fazenda coletiva Kfar Etzion caiu. Entre membros da fazenda e das milícias judaicas da Palmach e do Hish, 242 foram massacrados por combatentes palestinos depois que a batalha havia terminado. Somente quatro escaparam. Nesta mesma zona, outras três fazendas se renderam e seus membros se salvaram graças a intervenção da Legião Jordaniana que os transferiram para campos de prisioneiros na Jordânia. Todas as quatro fazendas foram totalmente destruídas.

São algumas das histórias de uma guerra cruel e sanguinária com atrocidades cometidas por todos os lados envolvidos. Muitas delas como vingança de parte a parte. Para se ter uma ideia, Israel tinha 600.000 habitantes judeus, 6.000 morreram nesta guerra.

Quando nos voltamos para aqueles dias é preciso colocar os fatos dentro do contexto no que se refere aos acontecimentos que são trazidos ao nosso conhecimento. Havia uma guerra por sobrevivência. Uma nação recém formada que graças a ajuda soviética com armas e munições através da então Tcheco-eslováquia, conseguiu vencer 6 exércitos que pretendiam sua aniquilação.

Convém lembrar que em nenhum momento, qualquer dos países árabes que participaram da guerra, pretenderam a criação de um Estado Palestino. Mesmo aqueles que ficaram com parte do território, a Jordânia com a Cisjordânia e o Egito com Gaza, aceitaram que ali fosse criado um Estado Palestino.

Campos de refugiados para a população árabe-palestina que deixaram o território espontaneamente, ou a força, surgiram nos países árabes circundantes. Nunca, em nenhum deles, até os dias de hoje, foi oferecida a cidadania a eles e seus descendentes.

Nada disso, no entanto, serve de consolo para ninguém. A questão palestina permanece viva e somente a criação do Estado Palestino pode reparar estes erros históricos. Não existe outra solução para o problema, mas como chegar a ele tem sido um caminho cheio de obstáculos.

Mesmo passando uma régua no passado, os dias presentes se mostram ainda recheados de ódio e sede de vingança. Neste ano 75 palestinos foram mortos pelas forças de Israel nos territórios ocupados. Uma série de atentados contra civis, cometidos até por menores de idade palestinos tem acontecido quase que semanalmente neste final de ano. É um círculo de violência difícil de ser quebrado.

Na minha opinião, sem uma intervenção internacional, a causa palestina é uma causa perdida. Sem entrar no mérito das consequências disto, eu vejo que a cada dia, menos importa as nações o futuro da população dos territórios ocupados e de Gaza. Nem mesmo os países árabes parecem mais querer se envolver. O planeta enfrenta desafios maiores e urgentes como o Clima e a Pandemia.