há uma certa beleza e há encanto
nessas Mulheres que se vestem,
assim, de vermelho e, no entanto,
sem pressa, em prazer, se despem
nos corredores, bibliotecas, Cafés…
e levantam os braços em vitória,
e lutam, e dançam sobre os pés
como quem levita e faz história;
e, quando em preto, há poesia plena
na delicadeza dos toques em vermelho:
porque há luta sem ódio – luta serena,
luta constante de quebrar o espelho:
é vida somente de beleza preto-rubra
e, pois, que eu viva e ela se descubra
sempre, em cada rua, avenida, praça, vila, bairro, sol e chuva, com uma canção de amor, nenhum hino, marcha, ódio ou grito, caminhando pelos mesmos sonhos anarquistas: para todos e todas, o pão e a uva, sem qualquer opressão, morte, reza, choro, dor e espírito aflito…
© Pietro Nardella Dellova
Imagem: L’Origine du monde, de 1866, de Gustave Courbet