Muito em breve o mundo vai conhecer uma nova divisão de classes sociais, a dos vacinados e a dos não vacinados para o Covid-19. Isto nunca aconteceu antes, e as consequências por enquanto são meramente especulativas, mas nem por isso, menos estarrecedoras.

Em Israel, a vacinação deve começar antes do final do ano. A estimativa, pelo menos o desejo do governo, é de vacinar 60.000 pessoas por dia. Se for assim, em 150 dias toda a população estará protegida. Como nem todos precisam se vacinar, e nem será alcançado um número tão grande de vacinações diárias, fica elas por elas e em aproximadamente 5 meses a pandemia será história num país com 9 milhões de habitantes.

Aqui já se fala que os vacinados vão  receber uma espécie de passaporte verde. Uma licença para andar livre pelas ruas, poder frequentar cinemas e teatros, rezar nos seus templos, viajar etc. Em outras palavras, se transportar de volta para 2019, ou para quando o vírus pertencia somente aos filmes de ficção.

Israel é um país pequeno, nem todos os países vão poder vacinar toda a população em poucos meses. Então na maioria das nações vamos ter convivendo ao mesmo tempo aqueles que estão livres para voltar a nova normalidade, junto com aqueles que ainda vão ter de usar máscaras, manter a higiene e o distanciamento social. Imaginem isto nas ruas. Complicado.

Em teoria, quem não se vacinou, por qualquer razão que seja, precisa se manter dentro das regras. Por um período de tempo estas pessoas serão cidadãos de segunda categoria. Vão continuar não podendo frequentar os mesmos lugares dos demais e terão restringidos seus movimentos, mais ou menos como estamos neste momento.

Vamos ter numa mesma família vacinados e não vacinados. O mesmo nas empresas, nas escolas, no transporte público etc. Por um período de tempo a convivência ainda será apartada e nem todos vão poder voltar a receber beijos e abraços de seus entes queridos. Muita paciência nesta hora.

As vacinas não vão chegar em todos os lugares e para todos ao mesmo tempo. Obviamente que para proteger toda a população serão necessários no mínimo alguns anos. E se a vacina for como a da gripe, será necessário fazer isso anualmente. Enquanto uns ainda nem receberam a primeira dose, outros vão estar precisando se revacinar. A logística para isso é sem precedentes.

No momento existem dois tipos de vacinas, a desenvolvida pela Pfizer e Moderna com uma nova tecnologia, e as tradicionais como a Sputnik. As primeiras exigem duas doses, as outras uma só. A da Pfizer necessita ficar armazenada em -70º C, o que complica muito sua chegada em países mais pobres com pouca estrutura. O desafio para vacinar toda a população da Terra é enorme.

Infelizmente o Covid-19 ainda vai permanecer vivo e ativo em nosso planeta por muito tempo fazendo vítimas. O bom é que deixará várias lições para serem estudadas e aprendidas. Foram muitos erros e poucos acertos até aqui. Cada país lidou com a ameaça a sua maneira. Necessitamos que sejam criados protocolos internacionais para futuras ameaças. A contenção terá de ser imediata e a reação não vai poder levar o tempo que levou, as perdas em vidas e econômicas ainda estão sendo contadas.

Mas sejamos otimistas, uma luz surgiu no fim do túnel com a chegada das vacinas. Depois de tantas perdas neste ano trágico, este é o melhor presente de Natal de todos os tempos.

Boas festas!