Afinal de contas, qual é o valor de uma vida? É com esta pergunta que Israel entrou ontem, quando comemoramos a entrada de 5781, no seu segundo Lockdown. Desta vez, por pelo menos 3 semanas consecutivas.

Ainda tentando digerir as novas regras de distanciamento social, o governo já anuncia, para a semana que vem, a possibilidade de aumentar as restrições e deixar mais pessoas em casa. Desta vez o alvo são os trabalhadores privados de empresas que não recebem público e foram autorizados a continuar trabalhando. Mercados públicos de rua que foram autorizados a permanecerem abertos, talvez tenham de fechar.

Na última semana o número de novos infectados chegou a bater em alarmante 6.000 casos em um único dia. Para um país com apenas 9 milhões de habitantes, este é um número inaceitável. Dentro de duas semanas teremos um aumento significativo de pessoas em estado grave necessitando internação. Os hospitais já estão chegando ao seu limite e novas alas para receber pacientes do Corona precisam ser abertas. Isto significa cerrar para outro tipo de pacientes como Câncer, Coração etc. A conta não vai fechar.

Tudo se encaminha para um colapso do sistema. Traduzindo, vão faltar camas em UTIs para receber novos pacientes graves do Corona. Como eles precisam de isolamento, os hospitais não podem usar corredores ou alas que são abertas. Eles terão de voltar para casa com prognóstico pessimista de sobrevivência.

Enquanto isso, o governo é atacado de todos os lados. Desde aqueles que culpam pelo mau gerenciamento da crise, passando pelos religiosos que não aceitam seus lugares de culto fechados, até obviamente, aqueles que tiveram fechados seus negócios e fonte de renda. Cada um, por suas razões, acredita que podemos manter uma vida quase normal, bastando que todos usem máscaras e mantenham distância uns dos outros.

O uso obrigatório de máscaras e o distanciamento estão em voga desde que o Corona chegou por aqui. Sair a rua sem máscara implica em multa. Se o cidadão estiver dentro de uma loja sem máscara, ele e o local são multados. Mesmo assim, o número de novos casos não parou de crescer. Parte da população, pelas razões mais absurdas, não obedece as normas, e aquela que obedece paga o mesmo preço.

O Lockdown é terrível para a economia como um todo. Negócios quebram e o desemprego aumenta vertiginosamente. Por mais que o governo coloque em prática planos de ajuda, eles nunca são suficientes. O país sofre, mas é a população mais fragilizada que recebe o maior impacto.

Israel não é o único país a enfrentar a segunda onda. Inglaterra, Espanha e Itália, por exemplo, estão se vendo com o mesmo problema e relutam em decretar o Lockdown. Não será por muito tempo. Cada pessoa infectada, infecta ao menos outras 3. A progressão é geométrica fazendo os números aumentarem rapidamente. Mais infectados, mais casos graves, maior ocupação de UTIs. Não existe alternativa responsável.

Até a chegada das vacinas, o remédio será amargo. Este é o ano que todo mundo vai desejar esquecer. Salvo os poucos bilionários que estão ficando trilionários com o Corona, e os laboratórios que vão vender as vacinas, todos nós estamos sendo atingidos de uma maneira, ou de outra.

Raro quem ainda não teve um parente, amigo ou conhecido que faleceu devido ao Corona. Eu mesmo, já perdi a conta. Vidas perdidas que nunca mais vão voltar. E afinal de contas, qual é o valor de uma vida?