Ao que tudo indica, até termos uma vacina, nossas vidas vão continuar sendo o inferno do Covid-19. Um vírus que já tem seu nome inscrito na história humana. Um acontecimento que vai determinar muitas referências históricas, como antes de 2020, e depois de 2020.
Eu não passo um dia sequer sem desejar “meus sentimentos” a amigos nas redes sociais que perderam um parente próximo para o vírus. Junte-se a eles os que são anunciados pelas mídias e temos um quadro do tamanho da catástrofe que se abate sobre nós.
O Brasil vai passar a marca dos 100.000 mortos em breve. A falta de gerenciamento da crise pelo governo federal nos aproxima cada vez mais deste número. Infelizmente vamos ultrapassá-lo em muito. Sem diretrizes mínimas nacionais, o vírus vai tomando vidas. Já são quase 750.000 mortos no mundo.
Para os que ficam, as perspectivas de vida também não são nada promissoras. Salvo os ricos que vão ficando mais ricos, a maioria da população sofre os efeitos na economia. Negócios foram a falência, empregos foram perdidos. A economia sucumbe diante dos efeitos das quarentenas e do medo da população em sair de casa, mesmo de máscara.
Setores como o do turismo e da cultura enfrentam a maior crise de sua história. Com as fronteiras fechadas, o turismo se restringe a população interna, onde é permitido. Com as casas de espetáculos e cinemas fechados artistas e toda a estrutura ao seu redor mínguam.
Restaurantes e bares sofrem com as restrições e ordens de fechamento. Mesmo fechados precisam seguir pagando alugueis e impostos. Difícil resistir até poderem reabrir e ter de volta seus cliente. Boa parte estão encerrando suas atividades definitivamente.
Com as engrenagens da economia travadas, o dinheiro não circula. Desta maneira, profissionais liberais também são prejudicados. A população sem salário, vivendo de economias, algumas necessidades precisam ser adiadas. As reservas são finitas e nem todas as despesas podem ser cortadas. A inadimplência bate a porta de muitos lares.
As escolas e universidades particulares vão ter uma enorme evasão de alunos. Parte deles vão para as públicas e outra parte vai abandonar os estudos. O país vai sentir este efeito na próxima geração.
Prestadores de serviço, como as TVs a cabo, por exemplo já veem o número de clientes despencar em milhares. Uma despesa que já não se encaixa quando se entra no modo sobrevivência. Planos de saúde passam pelo mesmo problema. O SUS vai ser a boia salva-vidas.
O número de suicídios é outra consequência de toda esta situação. Um tabu do qual ninguém gosta de falar, e com códigos de ética respeitados pelas mídias, são números alarmantes que ficam a margem da toda esta tragédia.
As vacinas vão chegar em alguns meses. Não vão ser baratas. As grandes farmacêuticas estão investindo bilhões para chegarem antes ao mercado e vão querer obter lucros. A produção será incapaz de inocular todo mundo. Vai levar anos para se chegar neste patamar.
Quando estiverem disponíveis, quem vai bancar os custos? Os governos vão adquirir e vacinar a população? Quem terá direito? Quem serão os primeiros? Vai se poder comprar para furar a fila? Vamos ter mercado negro de vacinas? Afinal de contas, quanto vai custar uma dose e por quanto tempo ela será válida?
Alguns laboratórios já tem um bom caminho andado e já testam suas vacinas em seres humanos. Provavelmente até o final do ano, o mais tardar no início de 2021, as primeiras vacinas funcionais vão estar disponíveis. A pergunta final é: disponível para quem?
As vacinas vão nos permitir retomar nossas vidas. Mas será preciso destravar a economia, fazer as engrenagens rodarem novamente. Complicado de se fazer algum prognóstico neste sentido. Cada país se encontra em uma situação diferente e o Brasil já estava em uma crise econômica antes da pandemia.
O mundo já passou por problemas maiores do que este e sobrevivemos. As grande guerras são um exemplo disso. Temos capacidade de superação e será preciso muita paciência e perseverança para seguirmos em frente. Não tenho dúvida da nossa capacidade para isso.
Uma grande lição que fica é que nos países onde impera o neoliberalismo, onde se encontram os mais odiados representantes deste sistema perverso, a crise é muito maior. Tomara posam os povos, nestes países, incluindo o Brasil, se libertarem deles junto com o Covid-19.