Um dia irá amanhecer nesse país estranho, onde certas noites duram anos. É uma travessia por desertos escuros, e os caminhantes andam com passos pesados. Escuto gente assustada com a fúria mortífera que assaltou esse país distante marcado por séculos de escravidão e longas ditaduras. Tempos armados com grupos excitados exalando ódios sem fim, dividindo a nação. Esse país hoje é dominado pelas Forças Desalmadas, forças de guerra que favorecem a morte dos brasileiros pelo covid 19. São contra a medicina, contra as artes, os livros, as ciências, a civilização. Apoiam a maior devastação da maior floresta do Planeta. Tudo para beneficiar poucos empresários, sem se importar que a mineração e o corte de arvores estão secando os rios e matando a vida dos seus habitantes naturais. Sobram motivos para chorar, com notícias intoxicantes do desastre político que destrói a vida e a democracia. São muitos que afundam num desânimo com lamentos e lágrimas. A eugenia- só o bem-nascido vive- ataca os velhos desprezados, assim como os índios, negros, pobres e rebeldes. Eugenia foi praticada no passado, como ocorreu no nazismo, onde mataram milhões de judeus, e também os ciganos, doentes e opositores. Esse país distante vive a necropolítica, a política da morte, pois a população foi abandonada na pandemia.

Por tudo isso e muito mais convém sonhar, pois os sonhos oxigenam a vida, animam, como já ocorreu no passado. Por exemplo: milhões de negros escravos desse país distante, após trabalharem de sol a sol sendo chicoteados, cantavam, dançavam e contavam histórias dos seus ancestrais.Hoje estar próximo às artes e aos artistas é indispensável, pois assim aumenta o ânimo e o humor. Entre todos é preciso potencializar o cotidiano para diminuirem as depressões que afundam. As redes sociais são redes de proteção, e aos poucos, vai sendo construída uma união invisível, com vozes dizendo NÃO à crueldade.

Uma história para animar ocorreu há pouco, para os que puderam escutar um canto vindo do Palácio do governo argentino. Um país que viveu uma das piores ditaduras militares superou sua longa noite de terror. Foi um canto a cappella, numa cerimônia em que os representantes dos trabalhadores argentinos que combatem a pandemia foram homenageados. País com baixíssimo número de mortos e infectados. Ah, importante foi a presença do presidente, que aplaudiu e também foi aplaudido. Parecia um sonho, foi um espanto ver como um povo que teve trinta mil mortos pôde se reerguer. Um povo que ainda viveu a Guerra das Malvinas, pode agora festejar a vitória contra o vírus, graças a um governo para todo o povo. O vídeo está no Watts, não sei se no YouTube, recomendo que busquem, é um poderoso antidepressivo! As conquistas do país de los hermanos não veio de graça, foi fruto do trabalho de um povo unido. Eles merecem um brinde, na divulgação da letra de “Cuando Llegue el Alba”, cantada por Soledad Pastorutti na Casa Rosada em Buenos Aires.

Cuando Llegue el Alba
Vieja soledad, hoy me iré de ti
Buscando la luz, de un amanecer
Cuando llegue el alba
Viviré, viviré

Noche adentro irá, vencida de amor
La tristeza gris, de mi corazón
Cuando llegue el alba
Viviré, viviré

A un costado del olvido, mis sueños maduraran
Reventando en luz, florecidos
Cuando llegue el alba
Viviré, viviré

Encontrarte fue, intuición de Dios
Todo nace en ti, como nací yo
Cuando llegue el alba
Viviré, viviré

Tus palabras son, fresco manantial
Sintiendo tu voz, aprendí a cantar
Cuando llegue el alba
Viviré, viviré

A un costado del olvido, mis sueños maduraran
Reventando en luz, florecidos
Cuando llegue el alba
Viviré, viviré.

Quando Chegar o Amanhecer

Velha solidão, hoje me afastarei de ti
Buscando a luz de um amanhecer
Quando chegar ao fim da madrugada
Viverei, viverei

Adentrará a noite vencida de amor
A tristeza cinzenta do meu coração
Quando chegar ao fim da madrugada
Viverei, viverei

Em um lado do esquecimento, meus sonhos amadurecem
Explodindo em luz, florescidos
Quando chegar ao fim da madrugada
Viverei, viverei

Te encontrar foi intuição de Deus
Tudo nasce em ti, como nasci eu
Quando chegar ao fim da madrugada
Viverei, viverei

Tuas palavras são refrescante primavera
Sentindo tua voz aprendi a cantar
Quando chegar ao fim da madrugada
Viverei, viverei

Em um lado do esquecimento, meus sonhos amadurecem
Explodindo em luz, florescidos
Quando chegar ao fim da madrugada
Viverei, viverei