Quero ser um pássaro livre, e voar nos céus, onde o oxigênio seja rarefeito. Alto, muito longe do mundo dos homens, onde minhas asas comportem a eternidade, e meu alçar seja um círculo de sonhos perpetuados.
Quero me preocupar apenas com meus momentos de parada, em algum rochedo, aqui e ali, um descanso inevitável, um aprumo ao visualizar a paisagem, o azul do céu, cálido, ao oferecer o presente da imensidão sem fim.
Procurar minha companheira no momento certo, sem riscos e dores, pois o principio da espécie é feito de matéria e submissão mas, sobretudo, da força dos não resignados.
Voando, desvendarei terras, alcançarei mares, e gozarei da solidão dos que perpetuam a vida dos inocentes e não crédulos, porque o mundo é feito de angústias travadas dentro de nós mesmos, pássaros que somos, gaiolas em nossas existencias.
Abençoado o sonho das correntes que me desamarrem, e levem aos picos, onde emerjo em ritos de passagem, dançando por sobre vôos, entre as nuvens que me façam companhia.
Voe, dentro de mim, e me galguem as alturas, onde os céus são infinitos e não caibam as solidões de nenhum tempo, sem passado ou futuro, a se pensar ou sentir.
Firme-se num ponto distante, sólido e visível, que ainda me dê a esperança de que haja vida na imensidão de um oceano de azul, profundo e vasto, completamente adorado pelos meus sentidos.