Os membros do atual governo não têm mais a menor vergonha em dizer para que tipo de gente eles governam e quais são seus objetivos em relação a classe social para a qual se importam. Quando Guedes diz que o dólar baixo só serve para a felicidade das domésticas, que podiam ir para a Disney, me vem a lembrança a foto daquela menina nos ombros do pai, em uma manifestação contra a Dilma, segurando um cartaz, onde dizia que não estava podendo viajar para Disney.
Relembrando aqueles dias, também me volta a memória a foto de um casal com um carrinho de bebe sendo empurrado por uma doméstica, também em uma manifestação contra a Dilma. Fica claro, para mim ao menos, de que aqueles manifestantes dominicais da classe média e alta, toda de verde amarelo da seleção, foram as ruas como grande massa de manobra. E continuam com seu comportamento de gado até os dias de hoje.
Quando o governo se propõe a deixar de construir escolas, vejo que finalmente batemos no fundo do poço, ou em outras palavras, chegamos de maneira clara e objetiva, onde eles queriam estar. Quem precisar de educação, que pague por ela. O mesmo vai acontecer em breve com a saúde e depois com a segurança. Tudo privatizado a serviço de quem puder pagar pelo serviço.
Nesta mesma direção, vamos ter as mesmas políticas nos estados e municípios. Quer que a sua rua, ou o seu bairro seja patrulhado por policiais, pague por isso. Precisa de saneamento na sua rua, pague por isso. Iluminação pública, pague por isso. O lixo precisa ser retirado, pague por isso. No seu bairro as pessoas podem pagar? Que bom, sua vida será ótima, mas não saia dele e não vá para os lugares onde as pessoas não podem pagar.
O Brasil solidário, o Brasil de todos, aquele que tinha saído do mapa da fome, que investiu em educação, saúde e segurança com respeito aos direitos humanos, acabou! Ele está realmente sob nova direção e ela aponta para o neoliberalismo assentado na meritocracia. Os bancos sempre lucraram, mas agora seus lucros vão superar todas as expectativas. E quando isso acontece, é sinal de que a Casa Grande está feliz.
O dólar alto significa que exportadores estão podendo vender mais para fora. O mesmo dólar que antes comprova um Kg de carde brasileira, agora compra dois. Tudo ficou mais barato para ser mandado para fora do país.
Por outro lado, o dólar alto, causa um grande problema para os importadores. Não é de produtos supérfluos que estou falando, para eles o governo compensa baixando os impostos. O problema são as máquinas, insumos para a indústria, medicamentos e tudo aquilo de que necessitamos para modernizar nosso parque industrial e tecnológico.
Vamos aos poucos voltar a ser exportadores de commodities e importadores de manufaturados, exatamente onde estávamos há 50 anos atrás. O terceiro mundo está recebendo o Brasil de volta ao seu lugar. Todo o esforço para desenvolver o país e melhorara a qualidade de vida da população está sofrendo um enorme retrocesso.
Estamos perdendo também nossas melhores mentes. Pesquisadores, engenheiros, médicos e cientistas estão abandonando o país. Este processo silencioso de profissionais gabaritados e brilhantes em seu campo de atuação em direção a outros países, tem um custo enorme para o desenvolvimento do país.
Quando vejo pesquisas de opinião afirmarem que Bolsonaro ganharia as eleições contra qualquer oponente, se elas fossem realizadas hoje, me pergunto o que está faltando para este povo se dar conta do que está acontecendo. Qual o nome desta apatia generalizada que tomou conta da população que permanece fiel a este governo? É como aceitar que eles devem estar fazendo alguma coisa muito boa, estão certos em tudo e por isso a felicidade geral da nação.
Eu sei que nada acontece até depois do Carnaval. Que somente em março começa o ano realmente, mas o que já aconteceu até aqui é desanimador. A esquerda não consegue mobilizar a militância que não consegue mobilizar as massas. Aqui de fora, lamento ter de dizer, o que se enxerga é que eles, não somente venceram as eleições, como estão sendo muito bem sucedidos em seu planejamento de poder.
Nem mesmo a imprensa e jornalistas, achincalhados diariamente, menosprezados e agredidos pelo presidente, reagem de maneira condizente. Vergonhosamente se omitem, ou se muito, se contentam em dizer que o presidente está errado, que foi muito feio o que ele fez, ou que esperam que ele compreenda a necessidade de serem imparciais… Covardes!
Obviamente que resistimos. Nós que colocamos nossa cara a tapa, nós que não nos calamos e fazemos nossa voz chegar longe nas redes sociais. Que denunciamos e mostramos a realidade do que está acontecendo. Aqueles que não soltaram a mão de ninguém e não saíram da trincheira. Nós que nunca vamos deixar de ser a consciência do povo mais humilde. Estamos aqui!
Use a sua voz, ajude a denunciar, mostre o que está sentindo, seja mais um a lutar por um Brasil mais solidário e mais igualitário. Nos dê a sua mão.