Ontem 30 de Janeiro aconteceu o aguardado ato de entrega de uma carta de apoio ao presidente Lula. Seria mais uma, entre tantas, que ele tem recebido, não fosse o detalhe de que esta vinha de um grupo judaico que se tornou um coletivo.
O acontecimento que teve a participação de inúmeras pessoas, lotou o auditório do Sindicato dos Químicos. Companheiros da esquerda judaica, políticos, artistas, amigos e convidados prestigiaram a festa.
Tudo transcorreu em um clima familiar. Foi como assistir a um encontro fraternal de amigos de sempre, unidos na resistência a este governo fascista, que vieram prestigiar aos companheiros judeus na entrega de uma carta simples, com um conteúdo de amor ao presidente Lula, reconhecendo a perseguição e a injusta condenação sofrida por ele.
Quando Lula pegou o microfone no final, Lula foi Lula, o sindicalista, o presidente, o estadista que todos aprenderam a admirar e que a direita nunca aceitou, nunca vai aceitar. Contou suas passagens relacionadas ao Oriente Médio. Suas tentativas de fazer um acordo nuclear com o Iran e ajudar a mediar o conflito entre israelenses e palestinos. Explicou como as nações europeias e os EUA não quiseram aceitar o Brasil como igual entre as nações, como um país emergente que pudesse ter um papel preponderante nos grandes conflitos mundiais.
Também contou dos 580 dias que esteve detido. De como escutava de dentro de sua cela todos os dias o Bom Dia, Boa Tarde e Boa Noite presidente Lula. Do quanto foi gratificante para ele saber que todas aquelas pessoas estavam lá por ele.
Lula foi implacável em dizer com todas as letras que Moro e todos aqueles que o condenaram são parte de uma quadrilha que estão entregando as riquezas nacionais. Disse que a Globo é responsável pelo ódio que está disseminado pelo Brasil. Falou tudo aquilo que todos gostariam de ter escutado antes.
Eu aqui de longe, tenho orgulho de todas e todos que lá estiveram e cumprimento os organizadores na pessoa do Jean Goldenbaum que tornou possível tudo isso. Uma prova de como uma atitude de amor ao próximo, contra a injustiça e pela democracia pode ajudar a aproximar todos aqueles que mantém a resistência e a esperança.
Claro que uma atividade como essa não poderia passar sem despertar uma ira doentia nos Bozojews. Uma parcela da comunidade judaica que segue apoiando o atual presidente a despeito de todos os sinais de atitudes nazifascistas que se somam dia a dia. Parcela esta que irá para o lixo da história juntamente com todos aqueles que ainda apoiam este governo.
Entre frenesis, mimimis, xingamentos e ameaças típicas desta gente, judias e judeus progressistas mostraram que a comunidade judaica não é aquela que estava dentro da Hebraica do Rio de Janeiro, mas a que estava do lado de fora protestando.
Nesta última semana, publiquei nas redes sociais diversas postagens relacionadas a esta atividade e outras que diziam respeito ao Holocausto pela passagem do dia Internacional de Memória pelos 6 milhões de judeus que foram assassinados pelos nazistas. Sem dúvida alguma, a imensa maioria das manifestações nas postagens foram de solidariedade e apoio. Poucas foram de antissemitas de esquerda, o que mostra que estamos desmontando a ideia incutida de que os judeus elegeram Bolsonaro.
A Carta ao presidente Lula entregue em mãos foi a mostra definitiva de somos parte de uma comunidade plural, inserida na sociedade brasileira, e que sofre, todos os dias, juntamente com ela, as mesmas mazelas que são impostas ao povo por este governo.
Mais do que tudo, o ato mostrou que judias e judeus continuam na trincheira da resistência até o fim, por justiça e democracia.