O Grito do Silêncio

Yad Vashem é solo sagrado. Nele está preservada a memória de seis milhões de judeus assassinados pelo Nazismo e seus simpatizantes. Um crime tão hediondo que recebeu um nome único, Holocausto.

O regime nazista foi uma ditadura militar e como todas elas, um regime sanguinário. Nunca existiu um regime militar pacifista. Militares no poder são sempre responsáveis por guerras internas e externas. Milicos são preparados para a vida do quartel, não para controlarem populações civis.

A ditadura militar brasileira não foi diferente. Perseguiu e assassinou seus opositores. Impôs uma censura prévia sobre tudo que podia ser visto, lido ou escutado. Criou a maior dívida externa do Brasil.

Entre aqueles que combateram a ditadura estavam jovens judeus idealistas. Perseguidos, quando capturados foram torturados e mortos por serem de esquerda e lembrados até o fim de que eram judeus.

Entre muitos torturadores, um em especial é lembrado por ter escrito um livro: A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça, foi lançado em 2006 e narra principalmente como os militares venceram o que chamam de guerra contra terroristas. Seu autor, o coronel reformado do Exército brasileiro, Carlos Alberto Brilhante Ustra, foi primeiro militar brasileiro condenado por praticar torturas durante a ditadura militar no Brasil.

O que ficou de fora do livro foram suas técnicas de tortura que incluíam inserir ratos e insetos na vagina das prisioneiras. Foi ele um dos torturadores da Presidente Dilma.

As editoras brasileiras se negaram a publicar seu livro e ele teve de ser bancado pela própria família e ficou no esquecimento até que um de seus adoradores passou a mencioná-lo: Jair Bolsonaro, o atual presidente do Brasil em visita a Israel.

Bolsonaro não apenas se refere ao livro como uma obra prima, mas enaltece seu autor e seus métodos de tortura. Claro que ele não unicamente um adorador de torturadores, ele também é racista, homofóbico e misógino.

A pergunta que não pode calar é como Yad Vashem permite a visita de um ser tão desprezível. Sua presença neste solo sagrado envergonha não somente a memória dos seis milhões de judeus que morreram sob o regime militar nazista, mas todos os brasileiros, judeus e não judeus que morreram sob o regime militar brasileiro.

Diante desta situação é que nós vamos estar presentes para que ele saiba que não é bem-vindo pelo povo de Israel. Que uma embaixada em Jerusalém não compra nossa consciência.

Com certeza neste dia será possível escutar o grito do silêncio da vergonha de todos que lá estão eternizados como um símbolo do direito à vida de todo ser humano.

Convocamos a todos que venham amanhã a tarde, 15:30 h para se manifestar contra a presença de Jair Bolsonaro em Yad Vashem.