O que é isso companheiro?

Eu achava que era à direita a principal fabricante de Fake News, aquelas do tipo Kit Gay e Mamadeira de Piroca. Qual não foi a minha surpresa ao saber que um companheiro aqui do Brasil 247, também é afeito a elas.

Na última sexta-feira, dia 15 de março, no programa Leo ao Quadrado, Leonardo Stoppa destilou sandices contra Israel. Instigado pelo Leonardo Attuch para falar sobre a visita do Embaixador de Israel a Bolsonaro, provavelmente para tratar da visita que fará ao país no final do mês, veio a questão da transferência da embaixada e daí em diante o que se viu foi uma avalanche de asneiras.

Antes de tudo, quero deixar bem claro em alto e bom tom, que sou radicalmente contra o governo de extrema direita de Israel. Concordo com praticamente todas as acusações que lhe são feitas e atribuo a ele a perda da solidariedade internacional que Israel conquistou a duras penas para sobreviver como nação. Quem acompanha minha coluna no Brasil 247 sabe do meu combate também ao atual governo brasileiro.

Dito isso, quero enfatizar que defendo Israel como defendo o Brasil. O fato de estarmos submetidos a um governo fascista, não significa que alguém tenha o direito de atacar o país, ou o seu povo. Falemos mal do governo, detonemos com o seu presidente, mas nunca a nação. Os governos, felizmente são passageiros.

Voltando ao companheiro Stoppa, é sabido e notório sua ignorância a respeito de Israel. Não é a primeira vez que ele ataca o país com toda sua eloquência.  Desta vez, no entanto, ele foi a beira da insanidade. Afirmou que Bolsonaro está a mando do sistema financeiro, de Israel, do serviço de inteligência israelense e dos algoritmos dos Estados Unidos.

Companheiro, sério isso? Nós que estamos na mesma trincheira precisamos escutar tanta baboseira junta? Eu imagino que tu tenhas em mãos todas as provas destas informações. Não me venha com teorias conspiratórias. Estou falando de atas de reuniões do tal Sistema Financeiro, de áudios e vídeos de agentes da inteligência de Israel, e sei lá o que dos tais algoritmos americanos. Sim, porque sem estas provas, você está abaixo do nível do Kit Gay e da Mamadeira de Piroca.

Companheiro, você tem alguma ideia do mal que estas afirmações fazem a nossa causa? Elas são tão ridículas que parecem coisas ditas por uma criança. Estas besteiras fortalecem a direita e somam argumentos aqueles que dizem que a esquerda é antissemita e antissionista. Seria este o seu caso?

Eu sinceramente preciso entender qual é exatamente o teu propósito com estas Fake News. Me explique, por favor, se é o desejo de atacar a esquerda judaica em especial. Se é o teu antissemitismo se manifestando acima da razão ideológica. Talvez o teu manifesto antissionismo que te sobe a cabeça. O que é que te passa na cabeça quando inventas estas tolices?

Para sua informação, a importância do Brasil hoje para Israel é zero. O Bibi não se importa se a próxima embaixada em Jerusalém seja do Togo, ou do Brasil. Ele só sabe contar números. O Brasil não tem a mínima importância comercial para Israel e todas as empresas israelenses que quiseram fazer negócios com o Brasil, já o fazem há muitos anos. A mudança do voto brasileiro na ONU não tem significado nenhum e se acontecer, se soma a outra meia dúzia de países sem influenciar ninguém. Aqui em Israel as pessoas em geral gostam do país, da sua música e do seu futebol.  Se este louco mudar a embaixada para Jerusalém será para agradar os evangélicos e não para agradar o Bibi, que diga-se de passagem, corre o risco de perder as eleições em 9 de Abril.

Eu entendo porque sou atacado pela direita em geral e a judaica em particular. É uma questão de bom sendo da parte deles, afinal eu os ataco da mesma maneira por uma questão de bom senso da minha parte. Temos visões opostas, ideologias que nos dividem e conceitos de mundo irreconciliáveis.

Mas quando sou atacado por fogo amigo, isso dói muito. Quando a gente pensa que está ombro a ombro na mesma luta e descobre que o companheiro ao lado te odeia, isso é uma facada nas costas. Pior ainda, quando este amigo municia o inimigo em comum.

Desde as eleições eu não soltei a mão de ninguém. Perdemos, foi muito doloroso. Foram-se parentes, amigos queridos e uma decepção estratosférica. Quem viveu intensamente aqueles dias sabe do que estou falando e dos sentimentos envolvidos. Pela primeira vez, desde então, eu estou disposto a soltar a mão de alguém, a tua mão companheiro, se não te retratares.

Espero que tenhas a honradez de admitir que passastes do ponto. Que aquilo foi um equívoco a luz do momento. Que encontres as palavras certas para explicar o inexplicável, ou que soltes a minha mão.