O território onde hoje existem Israel, Gaza e a Cisjordânia é um dos mais belos do planeta. Um território do tamanho do Estado do Espírito Santo onde a história do homem se faz presente a milhares de anos. Um lugar pequeno, mas que abriga os lugares sagrados das 3 religiões monoteístas.
Neste lugar é possível passear por desertos e florestas, por mares e montanhas. Num único dia pode-se sair da neve no norte para banhar-se nas praias do sul. Uma terra abençoada. Terra do leite e do mel. Um lar para povos de mesma origem: semitas descendentes de Abraão.
Foi aí que nasceram Hadar Hershkowitz e Hussein Al Matwi. Uma jovem israelense e um jovem palestino. Provavelmente nunca se conheceram. Talvez pela idade, ela 15 anos e ele 8 anos. Queriam crescer em paz. Queriam se tornar seres humanos úteis a seus povos. Medicina, direito, engenharia? Quem sabe? Talvez cientistas que viessem a descobrir a cura da dor? Quem sabe? Ninguém poderá saber. Ambos foram mortos em 11 de junho de 2002. Hadar vítima de um homem bomba na cidade de Hertzlia. Hussein em Gaza.
Em comum entre eles a mesma morte fruto da mesma covardia. Hadar foi alcançada por estilhaços de uma bomba presa ao corpo de um terrorista que se aproximou do local onde ela estava aguardando para almoçar, e detonou o explosivo sem dar a ela e aos outros qualquer chance de defesa. Hussein foi alcançado por uma bala disparada de um assentamento judaico. Foi alcançado quando saia para comprar um doce e não teve como se defender. Nenhum deles viu a face de seu assassino. É provável que tampouco o assassino tenha visto o rosto deles.
Estes atos de barbárie só acontecem porque as lideranças israelenses e palestinas o permitem. Elas fazem com que sintamos vergonha de pertencer à raça humana. Crianças assassinadas na flor da idade por covardes abrigados na política belicista de Sharon e Arafat.
Quantas mais deverão morrer sem nunca poder ter conhecido as belezas desta terra abençoada? Quanta covardia será perpetrada contra a inocência de vítimas incapazes de se defender em nome de uma rixa pessoal? Quando é que isso vai terminar?
Hadar e Hussein sequer poderão saber por que morreram.. Seus nomes logo serão esquecidos porque novos nomes irão se somar aos deles. Todas vítimas desta mesma insanidade.
Pobres crianças. Que tristes são estes povos que custam a acordar para uma solução pacífica. Única capaz de acabar com este círculo de autodestruição mútua em que se encontram. Hadar e Hussein não vão poder mais inventar a cura para a dor. Esta dor que suas famílias estão sentindo agora. Hadar não vai mais poder estar com sua família em Israel e Hussein com a sua em Gaza. Duas famílias destroçadas na mesma dor incurável.
Por isso, Hadar e Hussein, escrevi estas palavras. Aqui longe de sua terra presto meu tributo a sua memória. Que suas mortes não tenham sido em vão. Que elas iluminem nossos povos a encontrarem uma forma de terminar com este ciclo de violência e não sirvam para fomentar o ciclo da revanche.
Basta de tanta crueldade. Basta de tanta violência. Basta de tanta covardia.
Dêem uma chance a Paz. Agora!