Sinto ciúmes de tuas ausências Elas são misteriosas Cheias de silêncios Pré-determinados em acordos em comum Mas ainda sinto as dores Aceitar não garante isenção de sentimentos Calar faz parte do contrato Mas gritar esse amor Pode ser o meu maior ato Sem importar-me em ser patética Afinal, como já dizia o poeta ‘‘Todas as cartas de amor são ridículas’’ Ridículas são todas as expressões de sentimentos Expõem toda a frágil e piegas forma humana Nos reduz ao que somos Meros mortais Seres sentimentais Quem dera fossemos apenas animais Vivendo cada cópula pelos simples instintos Apenas sobrevivendo, e pouco sentindo Mas tudo isso são apenas divagações Pensamentos soltos Ideias fragmentadas E dentro de mim Todas as juras quebradas Jurei não sentir, e sinto… Prometi não amar, e apenas amo! 20 De Tishirei, 5782
No mês em que se celebra o orgulho, deparo-me com manifestações de pseudorreligiosos em retaliação a uma marca de fast food, que nos brinda com uma campanha de marketing com a abordagem LGBTQIA+, com o foco na pureza das crianças, sim porque as crianças são puras, e não enxergam maldade no amor. Respeitar todas as formas de amar deveria ser uma bandeira do cristianismo, porém, os neopentecostais se comportam de forma avessa ao que prega a sua própria religião, são apenas fundamentalistas que desejam impor seus pensamentos e comportamentos a toda sociedade.
Há muito tempo sinto-me sufocada pelo rumo que o Brasil tomou, enchendo-se de um conservadorismo pré-histórico, trazendo toda sorte de mazelas para um povo. Essa gente que hoje vai às redes sociais gritar contra essa empresa de fast food é a mesma que colocou no cargo de mandatário da nação brasileira, um genocida, negacionista, incapaz de sentir empatia pelo sofrimento de um povo, que ele deveria cuidar, o Brasil tornou-se palco internacional de espetáculos diários de intolerância, arbitrariedades, homofobia, destruição de direitos. E tudo isso tendo como pano de fundo pilhas e pilhas de mortos, seres humanos asfixiados pelo fundamentalismo de muitos, pelo nazi fascismo de outros.
Esses cidadãos de “bem”, sabem criticar outros fundamentalistas que matam os missionários cristãos em seus países, mas não se enxergam como responsáveis pelos assassinatos diários de homossexuais no Brasil, pois desde que Bolsonaro foi eleito presidente, os homofóbicos sentiram-se a vontade pera exacerbar toda sorte de comportamentos desprezíveis.
Respeitar as diferenças é obrigação de todos, independente de seguimento religioso, e falo como religiosa que sou. Não somos iguais nem nas digitais, por que teríamos que seguir padrões de comportamento impostos por uma parcela da sociedade?
Viva as liberdades de orientação sexual, de culto religioso, ou de ausência de religião!
Servidora pública no Estado do Pará, diretora de gênero no Sindicato dos Servidores Públicos do Pará – Sepub, fliada ao PC do B Pará, filiada ao Bloco de Esquerda – Portugal.