UM CORPO DE MULHER ( DESEJO QUE NÃO CALA )

Foi quando me vi olhando para o perfil do corpo daquela mulher, que se movimentava à minha frente.
Saboreei suas curvas e cintura fina emoldurada por um training preto, que a vazão da performance não escondia.
E sorri, acompanhando as nuances de um corpo fresco, trajes negros, a se movimentar.
Sua escultura me serviu de deleite a prescrutar, em minha imaginação, quais olhos serviriam à majestade daquele corpo esguio.  E não lhes imaginei, até o momento em que os cruzei, ziguezazeando-nos pelos desfiladeiros de um supermercado.
Pego-me, ainda, relembrando minha busca por um corpo feminino, pernas, deslize no andar, e minha descoberta, ainda que tardia, do aflorescer de um desejo inconteste.
Clausulo em fantasia, abro-me à medida em que meus sentidos não traiam, e meus afetos sejam, apenas, o desfrutar do prazer, sem enganos.
Minhas definições esbarram no medo da entrega, não menos a caricia do que poderá o contumaz trazer.  Um receio doce, por vezes aflitivo, em me descobrir meio ao avassalador que virá, ou não, trazendo o terno enlevo dos afetos cometidos.
Não mais pretendo desvendar o óbvio, fruto do desejo.  Mulheres são fonte de prazer e, nisso, sendo seu preço.
Ela resvala, límpida, no seu andar descompromissado ao que a cerca.   Eu a devoro em suas curvas, sem um rosto que me defina, mais ou menos, a atração.
Olho um corpo que se me destaca, e ele me sussura prazer.  Dele exalo, e me completo, assim sendo, desejando, em todo, uma mulher.  Aberta a essa confissão, destino do que, talvez, me aguarde.
Entrego-me ao fortuito de minha descoberta, sem mais pensar, acatando-me à realidade do que me pulse, nova descoberta.
Na verdade que existe em mim, extraio um casulo de esperança.  Quem sabe conhecerei o amor, ou o deliciar de momentos de enlevo.
Perguntas sem respostas, num principio em que não ha cartas marcadas.  O proprio desenrolar da vida dando sequencia a estorias, talvez acabadas, ou não.  Força em que se acredita, e sabe o melhor.
Vou rumando em meus dias, cultivando a sapiencia da esperança.  Do cultivar, em sonhos que voem a terra plana, não distantes do seu prumo.
No equilibrio entre a volupia e o terno, na busca da serenidade, onde há paixão.  No desejo mudo, em vida.  Sabe-se lá a que caminhos me levarão.