Quando o exército de Israel causa a morte de uma criança palestina de apenas 3 anos, chamamos isso de barbárie. Quando um terrorista palestino invade um assentamento e mata um bebe de sete meses, também chamamos isso de barbárie. Tudo isso ocorreu em 24 horas na semana que passou.

O circulo vicioso da vingança não se interrompe e a morte de inocentes segue sendo a força motriz dos líderes de ambos os povos. Quando se imagina que já se viu o máximo tolerável, os fatos mostram que ainda estamos longe do que serão capazes os dois lados.

Em meio a tudo isso, ao menos poucos lampejos de sanidade. Há poucos dias, vinte e sete pilotos da Força Aérea de Israel assinaram um documento, onde declaram não estarem mais dispostos a bombardear populações civis palestinas. O grupo Yesh Gvul (Existe um Limite), entrou esta semana com uma petição na Corte Suprema de Israel, pedindo que o advogado geral, e o procurador geral do país, investiguem a existência de crime no assassinato em Julho de 2002, de Saleh Sheadeh – quando uma bomba de uma tonelada foi jogada sobre o prédio onde ele e sua família residia causando a morte deles e de outros quinze civis, incluindo onze crianças.

Atitudes como estas nos fazem pensar que o conflito tem solução. Enquanto existirem cidadãos israelenses dispostos a brigar pela manutenção da moral e da ética do povo judeu, podemos acreditar que a paz virá. Nem tudo está inexoravelmente perdido, ainda existe sanidade em meio à barbárie.

Do lado palestino alguma ações também caminham nesta direção. Um delas é a iniciativa de Sari Nusseibeh juntamente com Ami Ayalon, com sua proposta de paz simples e direta, de dois estados vivendo em paz lado a lado. Outras ficam no anonimato devido ao clima de terror imposto pelos fundamentalistas sobre a mídia palestina.

Vivendo em completa liberdade de expressão a mídia israelense se divide. O Jerusalém Post defendeu em editorial o assassinato de Iasser Arafat. Já o Haaretz, vem mostrando que ele ainda é a chave para a solução e pergunta como o governo aceita negociar com o Hezbolá a troca de prisioneiros, e se nega a conversar sobre paz com Arafat. Indaga ainda como é possível exigir da AP o que nem o exército, nem o Mossad e nem o Shabak conseguiram fazer: acabar com os grupos terroristas ou evitar suas ações.

Muitos em Israel falam que em escolas palestinas se ensina a odiar os judeus. O Jerusalém Post acaba de adotar a mesma tática dos radicais, disseminado o ódio e acirrando as desavenças ao invés de aproximar os dois povos. Agindo assim, eles lembram os panfletos da direita israelense que mostravam as fotos de Rabin e Arafat lado a lado. Rabin tinha um “X” sobre ela e abaixo das fotos podia se ler: Um já foi, falta apenas o outro.

Barbárie e Sanidade sempre estiveram presentes na história da humanidade. A primeira nos lembra os momentos de horror e vergonha quando o homem cometia atos de destruição contra os seus semelhantes. A segunda nos faz recordar os momentos em que se assinaram os tratados de paz que trouxe consigo o desenvolvimento e a prosperidade.

Alguns povos ficaram sendo conhecidos para sempre como Bárbaros, outros passaram a história como pacificadores. Como é que nós, israelenses e palestinos vamos ser conhecidos pelas próximas gerações?

Junte-se ao Campo da Paz, ajudando a manter a sanidade acima da barbárie.