Semana passada dei inicio a uma série de três artigos. O primeiro “Que país é este?”, falava dos graves defeitos da democracia israelense, frutos em parte, do longo conflito com seus vizinhos. O segundo “Que povo é este?”, falou de vários problemas que o povo palestino possui e que de certa forma contribuem para a permanência do conflito com Israel.

Agora trago o terceiro e último desta série. Feitas as críticas quero falar olho no olho com todos aqueles que recebem meus artigos, seja através de minha lista direta, seja através de terceiros.

Israelenses e Palestinos são dois povos semitas. A história os coloca como povos primos. Portanto, posso dizer que o conflito ocorre em família. Como tal, nenhum dos dois pode afirmar que tem razão. Nenhum deles é o lado bom. Tanto um, como o outro, possuem graves defeitos. Israel como nação se afasta cada vez mais de uma democracia universal para todos seus cidadãos. Os palestinos como povo se afastam cada vez mais de constituir uma nação.

Israelenses e palestinos sofrem do mesmo temor. Acham que só existe lugar para um povo naquela terra. A simples existência de um, ainda é contestada pelo outro. Se os judeus não são um povo, não devem possuir uma nação. Se os palestinos não constituem um povo, também não podem almejar um Estado. Esta dialética do absurdo, ainda leva muitos incautos e oportunistas a darem crédito para algum dos beligerantes. O que talvez seja um dos maiores responsáveis pela continuidade desta guerra insana.

O fato é que existe lugar para os dois povos naquele mesmo espaço de terra. Todos sabem que o Estado Palestino deverá ser criado na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Jerusalém deverá ser compartilhada como Capital dos dois Estados e o problema dos refugiados deverá ser solucionado de forma a não comprometer a identidade de cada uma das nações. O que se coloca como óbvio, se torna inatingível na prática.

Palestinos e Israelenses simplesmente não confiam uns nos outros. A confiança foi minada por acontecimentos provocados por extremistas dos dois lados. Em Israel, a comunidade de colonos que hoje soma cerca de 200.000 pessoas, acredita na Israel Bíblica e no seu papel divino de não ceder um centímetro da terra dada ao povo judeu por Deus. Os palestinos por sua vez, impulsionados por grupos terroristas e fundamentalistas, acredita que somente pelas armas porão fim a ocupação e libertarão o solo sagrado dos infiéis. Para eles só existe lugar para uma Palestina em todo o território do Mediterrâneo ao Rio Jordão.

O mais triste em tudo isso, é que são justamente estes grupos minoritários que ditam a política de seus líderes. Em Israel, Ariel Sharon curvou-se aos seus desígnios. Não desmantelou as colônias e com isso contribuiu para que os grupos terroristas e fundamentalistas palestinos tivessem maior apoio popular. Nos territórios ocupados sob o ar complacente de Yasser Arafat, estes mesmos grupos agindo de forma indiscriminada contra civis, ajudaram a direita israelense a se perpetuar no poder, prometendo um combate implacável contra o terror, sem se importar com os efeitos colaterais contra civis.

Graças a estas políticas, cerca de 2500 vidas já foram perdidas. As economias estão arrasadas. O desemprego leva um número cada vez maior de famílias para a linha da pobreza. A corrupção graça dentro da AP e cresce entre os militares e políticos israelenses. Tudo em nome da intransigência e da intolerância.

Diante deste quadro, observando que as duas sociedades estão bastante debilitadas, é preciso se empenhar cada vez mais para que elas possam voltar a se entender. As eleições em Israel neste mês já serão um parâmetro do grau de dificuldade que teremos pela frente. Caso a direita saia vitoriosa, o processo de paz vai continuar inerte. Mas se a esquerda voltar ao governo, existem muitas esperanças de um retorno imediato à mesa de negociações.

De qualquer forma acredito do imenso potencial dos dois povos para sobreviverem a estes dias terríveis. Acredito do fundo do meu coração na paz e na reconciliação entre eles. Tenho convicção de este momento vai chegar mais dia, menos dia. Somente com o fim da ocupação e da Criação de um Estado Palestino que conviva lado a lado com Israel, é que o valor a vida e o respeito aos direitos humanos voltarão a ter seu lugar de destaque nesta terra. Cabe a nós prestar nossa solidariedade aos dois povos e exigir deles maior comprometimento para o imediato fim do conflito.

Apesar deste atentado covarde e de seu revide, dêem a vocês uma chance a paz.