( Em homenagem ao meu saudoso amigo e primo Celso )
Durante a pandemia, fiquei isolada,na companhia da minha gata Conchita.
Comunicação com os filhos, somente por telefone ou pelo Whatsapp. Mas, não me sinto sozinha. Pelo contrário, em meu quarto conto com o apoio de uma dinastia de pernilongos.
Dizem que os insetos se reproduzem numa velocidade inversamente proporcional ao seu tamanho. Eu nem conseguiria informar com quantas gerações de pernilongos venho compartiĺhando meu espaço…
Caros amigas e amigos, podem ficar tranquilos:
Os pernilongos do meu quarto são inteiramente “do bem”. Não transmitem dengue, zika ou chicungunha. E mostram – se apenas um tantinho invasivos.
À noite, costumam perturbar meu sono, mordiscando – me os dedos.Como sou avessa aos inseticidas, procuro me defender, puxando as cobertas, até à cabeça….
Nos dias mais quentes, adoto a estratégia de direcionar para a cama o fluxo de dois circuladores de ar – arcaicos mas eficientes ! Consigo ,assim, dormir sossegada  sem sufocar sob o lençol .
Particularmente, sinto – me gratificada , pois é  graças ao meu sangue , que as mamães pernilongas conseguem nutrir sua prole: Como sucede com as leoas, são as pernilongas que saem à caça para alimentar os filhotes.
Ocasionalmente, acabo estapeando uma pernilonga mais lerda,  empanturrada de
 sangue. Nessas ocasiões, fico dividida entre o instinto satisfeito de caçadora e a culpa por haver eliminado uma vidinha da face da Terra: Segundo a crença budista, tratam – se de  almas em evolução!
Viver é estar em permanente conflito com a consciência! E o jeito mesmo é ir levando, com o cuidado de manter, sempre ao alcance da mão,um potinho de Pomada de Ledum, em caso de coceira.