Lockdown é a palavra inglesa para determinar confinamento, muito utilizada nos dias de hoje com o Covid-19. Normalmente é uma medida governamental que obriga os cidadãos a permanecerem em suas casas por um determinado período de tempo. Cada um faz as suas regras, mas na maioria dos casos é permitido sair próximo da residência para a compra de comida e remédios.

Esta medida drástica continua sendo utilizada nos países onde o pandemia continua com um alto número de novos infectados por dia. No mundo inteiro se mede o fator “R”, que nada mais é do que o número de pessoas que são infectadas a partir de um único doente. Todos buscam estar abaixo de 1, o que significa que um doente infecta menos de uma pessoa, ou em outras palavras, que a propagação está controlada e decrescente. Nos países onde o fator “R” permanece acima de 1, o número de casos continua subindo dia a dia. Quanto maior, mais o vírus se espalha.

Quando as pessoas ficam confinadas, a probabilidade de novos infectados é cortada drasticamente. Nas primeiras duas semanas os números ainda parecem altos, mas são resultados das infecções passadas. Na terceira semana os números caem e a partir daí, também o fator “R”. Então começa a pressão pela reabertura e aí está o problema. É preciso abrir, mas como?

A necessidade do uso da máscara não desaparece, e o distanciamento social continua sendo obrigatório, assim como lavar as mãos com sabão ou álcool gel. Inicialmente começam a abrir os lugares que não recebem público. Depois os locais onde a entrada de público pode ser controlada. O transporte público funciona permitido para apenas 50% de ocupação. E assim gradativamente, monitorando os resultados semanalmente, mais e mais negócios vão reabrindo e consequentemente a economia volta a girar.

O que vira o jogo completamente é a vacina. Vacinados não transmitem o vírus e portanto podem ir a qualquer lugar. Quanto mais habitantes vacinados, menor vai ficando o fator “R”, menos doentes graves, menos mortes e consequentemente mais abertura.

Neste momento, enquanto em Israel a vida começa a ter ares de normalidade, onde 55% da população já recebeu a primeira dose e 48% a segunda, os índices são animadores. O número de novos contaminados dia vai caindo, da mesma forma o número de casos graves, e consequentemente a mortalidade. O fator “R” está em 0,72 e diminuindo a cada semana. Parece que a situação está controlada e a batalha sendo vencida.

Na Europa a situação volta a se agravar com a terceira onda chegando forte. Vários países estão decretando Lockdown, a medida inicial mais importante e a única maneira de impedir a deterioração do sistema de saúde. Sem isso, é o inferno como o que estamos vendo agora no Brasil.

A situação brasileira é caótica desde o inicio com a falta de um Gabinete de Gerenciamento de Crise. Todos os países criaram os seus e as medidas de combate ao Covid-19 levam em conta as recomendações feitas pelo gabinete formado normalmente por membros do ministério da saúde, epidemiologistas, economistas e cientistas ligados a saúde.

Quando o presidente do país é um negacionista, como no caso brasileiro, o combate a pandemia fica extremamente complicado. Aqui, são os governadores e prefeitos que precisam tomar as medidas necessárias. Elas são tomadas individualmente e acabam, em muitos casos, sendo inócuas. A população perde a credibilidade nos seus governantes e a situação vai se deteriorando. Toda a cadeia de medidas de combate a pandemia ficam comprometidas sem que exista uma coordenação nacional. Não há como vencer esta guerra desta maneira. O confinamento não quebra a economia, a falta de um gestor, sim.

Com hospitais sem mais lugares para internar novos doentes, os brasileiros começam a morrer em casa por falta de UTIs. Agora, mesmo os que tiverem a sorte de conseguir uma internação, vão morrer pela falta de medicamentos para intubar, sufocados pela falta de ar. O Brasil se transformou em uma Manaus.

A propagação não para de subir e o número de mortos por dia hoje no país vai batendo novos recordes. Uma coisa que todos sabem é que não existe milagre para acabar com este vírus, pelo contrário, novas mutações vão acontecendo e sempre existe a chance de uma delas se tornar imune as vacinas. Se isto acontecer, o mundo vai fechar as portas e janelas para o Brasil.

Se fosse uma ferrovia, o trem descarrilou. Agora é preciso arrumar os trilhos e recolocar a locomotiva de volta no lugar. O problema é que não existe um responsável para o que deve ser feito, faltam peças sobressalentes, meios para chegar ao local, engenheiros e trabalhadores para realizarem o serviço. Todos sabiam que iria acontecer, mas ninguém assumiu a responsabilidade para evitar.

Não quero ser o arauto das más notícias, mas a situação ainda vai piorar muito antes de melhorar um pouco. E com este presidente aí, chamá-lo de genocida, em breve será um eufemismo.