Dentre as múltiplas acusações que pesam sobre o “Estado colonial sionista de Israel” está a de praticar limpeza étnica e genocídio, em Gaza como nos territórios ocupados da Cisjordânia. As vítimas seriam, é claro, os palestinos. Será que as denúncias procedem?
A história, na versão palestina, começa com a grande catástrofe, a Nakba, consequência da criação de Israel, em 1948, seguida da primeira guerra. 700 mil palestinos teriam então sido obrigados a deixar suas casas, suas terras, e se refugiar nos países árabes vizinhos. Em maio de 1948, forças do Egito, Síria, Jordânia, Iraque , Arábia Saudita e Líbano invadiram Israel, levando à primeira de uma série de guerras . No ano seguinte foi alcançado um armistício e a Cisjordânia foi separada de Israel para se tornar território jordaniano e Gaza foi designada como território egípcio.
Vejamos sob um outro ângulo, dos nossos irmãos sefarditas: em 1948, 265 mil judeus viviam no Marrocos, em 2023 eram 2 mil; na Argélia, de 140 mil só restaram 50; na Tunísia viviam 150 mil judeus, contra 50 no ano passado. E assim por diante: na Líbia e na Síria eram por volta de 40 mil, hoje, zero; no Egito 75 mil, hoje 40; no Iêmen, 55 mil, hoje 50; no Iraque de 150 mil só restaram 7; e no Líbano (então Suíça do Oriente Médio) dos 20 mil ficaram 100.
Ou seja, a população judaica nos países árabes diminuiu 99,83%.
Em contrapartida, em Israel, viviam 156 mil árabes em 1948, contra 2.178.000 em 2023. Conclusão: neste período de 75 anos a população árabe em Israel cresceu 1.296,15%.
Em Gaza, a população passou de 34.250 a 2.106.745, com uma taxa de natalidade de 2,8, após ter chegado a mais de 4. Obviamente, hoje nenhum judeu vive na Faixa de Gaza.
Interessante também notar que dos mais de 900 mil judeus que foram expulsos dos países árabes, nenhum teria se tornado refugiado sob cuidados da ACNUR, a agência da ONU para os refugiados, enquanto a UNRWA, agência da ONU para os refugiados palestinos, criada em 1949, conta com mais de 30 mil funcionários, encarregados de dar assistência aos palestinos, que continuam vivendo em condições precaríssimas, em campos situados nos países árabes vizinhos. Em muitos deles, não têm o direito de trabalhar, de ter uma habitação digna, sem água nem saneamento básico, e sequer direito de se casar com alguém de fora do campo. Muito embora eles sejam filhos, netos e até bisnetos de refugiados.
Hoje, o Estado de Israel e os judeus da diáspora são acusados de terem cuidado dos seus. Talvez, na cabeça dos antissemitas, isto signifique limpeza étnica ou, quiçá, genocídio