Além de Teori Zavascki, foram mortas mais quatro pessoas: o piloto, um empresário, a massoterapeuta e bailarina Maíra Lidiane Panas Helatczuk (foto do post) e sua mãe. Fiquei sabendo apenas hoje, e com imensa tristeza, os nomes das outras vítimas, além do Ministro, por intermédio do meu querido amigo, Iehudá, que me deu a notícia por celular, e me informou que, entre as vítimas, estava Maíra Panas.

Tristeza imensa, pois conhecia Maíra Lidiane Panas Helatczuk (Maira Panas) desde quando (final de 2009) coordenei um Projeto de Faculdade de Direito do Vale do Juruena, atuando na graduação e pós-graduação, na região que ia da Amazônia legal até Cuiabá, principalmente no Vale do Juruena. Maíra era uma guria ávida, inteligente, super bailarina, muito linda e com uma alma imensa.

Nosso primeiro contato se deu quando ela soube de um Curso de “Teoria e Crítica Literária”, que ministrei na região. Durante algum tempo a orientei sobre possibilidades de atuar na dança, dentro do Brasil e na Europa. Indiquei várias Faculdades e Cursos da região Sudeste. Um ano depois que deixei o projeto, ainda consultei amigos de Milano para apresentá-la. Ela merecia todo o apoio, todo carinho e afeto. Era uma pessoa singularmente formidável. Recebi notícias que, mesmo depois da queda do avião, ela estava viva – e lutando pela vida… Ela era isso mesmo: lutadora!

Uma vez, após ela relembrar uma palestra que proferi na região sobre “O Elemento Feminino do Judaísmo”, passamos horas falando sobre a “dança” na tradição judaica e, principalmente, sobre a obra “Shir Hashirim” (Cântico dos Cânticos de Salomão) e suas conexões com a Literatura e Música.

Em outra ocasião, meados de 2012, depois de ver sua dança e, sobretudo, ouvi-la falando sobre dança, escrevi e dediquei a ela a Poesia “Bailarina, Porque Danças!”. Hoje, em sua homenagem, depois desta trágica morte, publico aquela Poesia aqui, pois uma bailarina tão ávida e intensa, tão cheia de vigor e alegria, deve continuar, em algum lugar, dançando. E que dance com a Poesia!

Eis a Poesia, escrita e dedicada à Maíra:

BAILARINA, PORQUE DANÇAS!
e
enquanto
moves os pés
e danças,
assim, plena e única,
te darei o sorriso
que nasce no canto
esquerdo da minha boca
que canta
e o fogo da poesia
que te liberta da túnica
e vem de entre
os sabores da língua
em tons
sem rimas
nem formas
na noite, madrugada e dia
para o amor
que cria a dança,
sorriso
e poesia
dos pés às bocas,
agora, abertas
em
recanto de descobertas
nas
mesmas asas
e, outra vez,
o canto
em uma mesma língua.

[© Pietro Nardella-Dellova, “Bailarina, Porque Danças!”, escrita e dedicada à Maíra Panas”, em 2012. O texto sobre sua morte foi escrito em janeiro de 2017]

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foto do post: de Maíra Panas, talvez de 2011 ou 2012