Alguém me perguntou se para ser Judeu era necessário conhecer a Torá. Respondi: “é muito bom conhecer a Torá, mas não, não é preciso conhecer a Torá para ser Judeu; é preciso, contudo, não fazer ao outro o que você não quer que façam com você.”
E continuei: “para ser Judeu é preciso ter educação, e saber a diferença entre a sua casa e a casa do outro, ainda que seja uma casa virtual e, assim, na casa alheia fale pouco, não se movimente além do necessário e não dê palpites infelizes.”
E concluí: “os Patriarcas não conheciam a Torá, porque não havia Torá em sua época, mas tinham, e muito, educação, por isso transitavam entre os povos com respeito mútuo.”
Um perfil em quaisquer das redes sociais, é como uma casa (diferente de um grupo de perfis). E, assim, há critérios de etiqueta e educação para se manifestar na casa alheia. Não vá à casa alheia falar besteiras, pois isso demonstra que, além de não ter educação, você deixa, expressa e publicamente claro (e registrado), que é um sem educação!
Nunca debata qualquer assunto com alguém que sabe, sobre o assunto, mais do que você. Limite-se a perguntar e ficar no plano humilde da pergunta, pois o debate pressupõe tanto o conhecimento temático quanto o retórico: sem conhecimento, você se torna um latão barulhento; sem retórica, um ruído ininteligível.
Se, contudo, você se achar na arrogância de debater um assunto que você não domina com um Mestre (e, pior, com um Doutor) deixará publicado ao mundo que você é um asno, um asno arrogante, mas asno, e todo o seu debate parecerá ruído de cascos. Em outras palavras, as redes sociais realmente estão abertas, mas saber quando e com quem debater é sinal de sobrevivência.
Peça licença para entrar, e espere que ela seja dada. Diga “muito obrigado” ao sair, e não cuspa no prato no qual comeu. Lembre-se: você pode ser um asno, mas o mundo não precisa saber disso (guarde esse segredinho só para você...).
Se você tiver dúvida sobre o motor do seu carro, procure um mecânico; sobre construção, um engenheiro; sobre seus direitos, um Advogado; sobre saúde, um médico; sobre vacinas, um imunologista, farmacologista, infectologista (nunca os asnos da internet); sobre livros na biblioteca, uma bibliotecária; sobre sistema elétrico, um eletricista; sobre passaporte, o Consulado; sobre a Ciência do Direito, um Professor de Direito (nunca um Advogado, Promotor, Juiz ou Estagiário, pois estes são operadores do Direito, não Professores); sobre seus demônios internos, um Psicólogo; sobre como plantar, um agricultor; sobre cadáveres, um médico legista; sobre Educação, um Educador; sobre Economia, um economista e; sobre educação, seus pais; sobre Teologia, um teólogo; sobre Ciência da Religião, um cientista da Religião; sobre Israel e Palestina, procure israelenses e palestinos (que tiverem algum grau de conhecimento jurídico, político, geográfico e histórico);
NOTA FINAL
Se você entender tudo isso será bastante para viver bem, entrar em espaços alheios bem, manter-se em espaços alheios bem, sair e deixar aquela impressão de que você pode voltar. Ah, sim, se você entender tudo isso, já será um sinal de que não é um asno arrogante!
© Pietro Nardella-Dellova