Que país é este onde o presidente chama o povo de “Maricas”? Diz que não suporta o cargo e se nega a cumprimentar o vencedor das eleições americanas que derrotou seu mentor. Este é o país onde tudo isso e muito mais acontece como se não fosse nada de mais, vida que segue.
A passividade do brasileiro é realmente digna de estudos sociológicos e antropológicos, nada o abala. Seu presidente faz propaganda política proibida em sua “Live”, mas nada acontece de fato. Seu comportamento envergonha o país e mesmo assim, se falar em Impeachment é cair no vazio. Ele continua se sustentando politicamente enquanto mantiver as boas normas de um bom miliciano.
O Brasil vai ter eleições e nada será mais admirável do que ver os mesmos nomes da velha política vencerem em seus currais eleitorais. O brasileiro não vota com a razão, vota com a onda, vota para onde sopra o vento. Se deixam enganar coniventemente por promessas vazias e em sua grande maioria nem sequer lembram em quem votaram quatro anos atrás. Elegem bandidos que nunca viram na vida, ou dão seu voto aos mesmos de sempre.
Aqui fora, quando digo que sou brasileiro, escuto o famoso clichê, “um pais com tamanho potencial” em tom de lamento. Uma verdade que dói sempre. Quantas chances o Brasil perdeu de se tornar uma grande nação ao nível de qualquer país europeu, ou até mesmo dos EUA? Incontáveis vezes que nos trouxeram a situação em que nos encontramos hoje. Uma desigualdade social abissal que atrasa nosso desenvolvimento e nos condena a ser uma nação medíocre entre as nações.
Nenhum país do mundo se desenvolveu sem educação, nenhum. Mesmo países que eram considerados subdesenvolvidos e pobres, conseguiram sair de seu atraso com educação. Países arrasados por guerras se recuperaram investindo na educação. Ela é o pilar de qualquer civilização em qualquer momento da história. A educação é toda a diferença entre a barbárie e a civilização.
O Brasil teve seu maior investimento em educação durante os governos do PT. Nunca antes, e principalmente depois se viu tal preocupação. Foi graças a ela que a vida de milhões de brasileiros mudou para melhor. O caminho que parecia traçado para levar o país ao pleno desenvolvimento foi interrompido por um golpe dado pelas elites que viram o perigo que isto representava para elas.
A educação abre mentes, ela ensina a pensar e o pensamento não tem grilhões, ele é livre. Um povo bem educado se desenvolve em harmonia. O crime se reduz naturalmente, a economia gira e o bem estar social com a diminuição das desigualdades leva o país para frente. O mundo está cheio de exemplos de nações que trilharam este caminho.
Infelizmente no Brasil ainda temos uma elite retrógada e poderosa que sobrevive da desigualdade. Quanto maior o número de pobres, quanto menor o salário mínimo, mais elas enriquecem e se satisfazem. A boa educação é reservada para elas. Ao povo em geral a ignorância e o trabalho braçal. Este modo de vida precisa ser preservado a qualquer custo, onde cada um sabe o seu lugar na sociedade e nele precisa permanecer.
Este equilíbrio de aparências é a fotografia do Brasil. Em nome dele vale uma ditadura militar, vale um AI-5, vale um golpe político contra uma presidente, e as favas com todos os escrúpulos de consciência, como disse Jarbas Passarinho, vale uma família fascista miliciana no poder.
A elite sozinha não é capaz de fazer seus candidatos se elegerem, ela precisa dos votos do andar de baixo. É preciso alimentar a ignorância e para isso se utilizam da religião. Igrejas Neopentecostais fazem o trabalho sujo. Pastores de araque, bispos de fantasia, todos unidos no mesmo propósito de enriquecerem as custas de suas ovelhas com a promessa de uma vida melhor no Céu.
Sem educação, com uma religião magnânima, uma pitada de Fake News é a cereja do bolo. Quem imaginaria que notícias sem o menor bom senso, verdadeiras piadas ou histórias da carochinha seriam tomadas como verdades inexoráveis. Mas este é o efeito delas em pessoas desprovidas de pensamento crítico, ou dos que estão no andar de cima as propagando.
O Brasil está sendo espoliado de suas riquezas, e seu povo da sua autoestima em prol de uma minoria cujo reinado quere, ver mantido a qualquer preço. Ela é o inimigo a ser combatido, com ela nunca teremos um país que oferece as mesmas oportunidades a todos, vamos continuar sendo a pátria da meritocracia neoliberal.
Paulo Freire estava com toda razão quando disse que a educação não muda o mundo, mas muda as pessoas. Antes dele o filósofo grego Epictelo, (55 DC a 135 DC) já dizia que só a educação liberta.
Domingo quando for votar, olhe para cima e lembre-se que tem alguém mal educado ali gritando: “Maricas”.