‘‘Moralidade Sexual’’, de quem? Para quem?

Moralidade sexual, termo que foi usado pela Advocacia Geral da União – AGU, para cobrar do STF respostas sobre a decisão de junho de 2019, que enquadra atos de homofobia e transfobia, como crimes de racismo.

A AGU se pauta em bases medievais para argumentar sobre esse tema, trazendo dúvidas sobre a legitimidade da Constituição Federal de 1988, que concede igualdade de direitos entre todos os cidadãos brasileiros, e também a liberdade religiosa, sem ressalvas, sem parênteses, sem dubiedades, apenas, liberdade e direitos iguais para todos!

Diante das informações acima, faço-me uma pergunta: de onde vem o respaldo para esse tipo de colocação? Quando começamos a mergulhar no obscurantismo? Quando deixamos de ser um Estado laico?

Estabelecer ou restringir leis com bases teocráticas é um terreno deveras perigoso, pois não sabemos o que isso pode acarretar. O Brasil é um país com uma cultura diversificada, e com diversas vertentes religiosas, e sendo assim, estabelecer direitos e deveres baseados em uma só tendência religiosa, por mais que ela seja maioria, será uma ferida aberta na nossa tão valiosa constituição. Atualmente estamos assistindo um festival de horrores no Brasil, são tantos acontecimentos esdrúxulos, que já não sabemos como administrar de forma racional, e diante disso, volta a pergunta, de onde veio tudo isso? Quando foi aberta a porta do inferno? O que tornou possível esse tipo de colocação de um órgão tão importante como a AGU?

Há mais de dois anos estamos vendo um enxurrada de acontecimentos dantescos no Brasil, e não adianta alguém querer fazer a defesa do indefensável, pois o atual mandatário da nação, desde sua campanha, sempre fez questão de vomitar impropérios dos mais inusitados, e com isso, fez surgir uma legião de “cidadãos de bem”, que são providos de hipocrisia, e se acham donos de uma verdade absoluta e particular.

Qualquer pessoa que tenha um mínimo de conhecimento sabe que todo absolutismo é danoso, a liberdade é fundamental para a alma humana, sem isso, não conseguimos viver, no máximo, sobrevivemos. É chegado o momento de darmos um basta nessa sanha conservacionista do povo brasileiro, vamos dizer NÂO a instalação de um Estado teocrático neopentecostal, vamos elevar a nossa voz de indignação, e lutar com todas as nossas forças para manter a nossa Constituição, vamos gritar, vamos fazer o que for possível para manter a democracia e o direito a liberdade de ser e estar aonde se queira, independente de etnia, credo ou ideologias!