“Houston, temos um problema”, Essa frase célebre foi dita pelo astronauta Jack Swigert durante a viagem da Apollo 13 à Lua, em 11 de abril de 1970, com três tripulantes. Um tanque de oxigênio havia explodido e ele tentava alertar a base.
O resultado da última pesquisa Data Folha mostrando que Bolsonaro melhorou em dois quesitos, melhorou sua popularidade e diminuiu sua rejeição, mostram que o país está com um sério problema político e ético.
Depois da incredulidade do resultado, vem a tentativa de digerir os dados, a aceitação deles e a profunda decepção com o que se viu. Como é possível que o país passando de 110 mil mortos com o Covid-19 sem um ministro da saúde, um recorde de desempregos e negócios fechando as portas, sem que o líder da nação tome qualquer providência, o brasileiro sinalize apoio a sua falta de qualquer política de intervenção na crise?
É preciso estudar atentamente os resultados, mas acima de qualquer dúvida, eles mostram o quanto a oposição e a resistência não estão sabendo passar a sua mensagem, de que um presidente inepto é o timoneiro de uma nau a deriva chamada Brasil.
Antes de apontar o dedo para a direita, temos de fazer nossa lição de casa começando por admitir que somos incapazes ainda de vencê-los nas redes, a principal fonte de informação do seu eleitorado. Quando a maioria dos desempregados apoiam seu governo, sejamos honestos, os caras sabem fazer muito bem o seu trabalho.
Bolsonaro atendeu em parte os pedidos de seus marqueteiros e tem mantido a boca fechada, evitado críticas aos costumeiros adversários e se afastando de seus apoiadores mais radicais. Isto me faz lembrar sua não participação em debates durante as eleições. Bolsonaro calado é muito melhor compreendido.
Nós estamos fazendo tudo errado. Nossa voz circula nas redes erradas, pelas pessoas erradas, nos momentos errados. Não estamos sendo capazes de mostrar o óbvio que o mundo inteiro vê, escuta e se assombra. Aquele brasileiro gentil, pacífico, malandro, mas simpático que o mundo enxergava entre um samba e uma partida de futebol, se mostrou uma imagem deturpada da realidade.
Quem apoia Bolsonaro é o estereótipo do que de mais retrógrado existe na nossa sociedade, eles são a imagem do brasileiro real, aquele que a gente achava fossem uma minoria presa no passado. Ledo engano, eles ão a maioria neste momento.
Ainda assim, preciso lembrar que uma maioria de brasileiros elegeu Lula duas vezes, e depois Dilma, mais duas vezes. O que aconteceu foi que ao lado de lá se somaram parte dos que votaram antes no PT. Perdemos votos para a extrema direita e isso permitiu o surgimento deste enorme problema chamado Bolsonaro e família.
Não temos de discutir os números, temos de assimilar a lição e planificar o que fazer. Esta agenda do cada um por si no seu grupo de resistência não está ajudando no principal, derrubar este governo. Nosso marketing é de jardim de infância, o deles é de Mestrado.
Não temos nenhuma agenda. Somos críticos do dia seguinte. Aguardamos pelo que ele disse para jogar nossa pedra. Não somos capazes de nos antecipar a nada. Nenhum pedido de Impeachment, por mais embasado que esteja na Lei e na Constituição avança no Congresso. Este caminho está fechado para nós. Precisamos encontrar outras alternativas, e precisamos já!
Lamento ser o mensageiro de más notícias, mas o mal está vencendo de goleada. Se não começarmos a pensar de outra maneira, encontrar alternativas consonantes com a realidade, mudarmos nosso marketing, Bolsonaro se reelege em 2022.