O que George Floyd, João Pedro e o palestino morto hoje em Jerusalém (o nome ainda não foi divulgado), têm em comum? Todos foram vítimas do racismo de estado. O tipo de violência, no qual membros das forças de segurança estatal cometem contra minorias.
Nenhum deles representava qualquer ameaça a vida dos policiais envolvidos nas suas mortes, e ainda assim foram assassinados por aqueles que deveriam proteger suas vidas. São os nomes mais recentes de uma lista interminável que aumenta todos os dias no mundo inteiro. Não importa o país, a motivação é sempre a mesma: o preconceito enraizado na sociedade.
Ninguém nasce odiando outro ser humano. Aprende-se a odiar. A lição pode vir de casa, da família, do círculo de amizades, da Internet, não importa. O fato é que em algum momento de nossas vidas, alguns de nós, passam a odiar o diferente. Pode ser por sua cor, seu gênero, seu peso, sua aparência, sua origem, sua religião, sua afinidade ideológica, e por aí vai.
Esta atitude, que deveria ser combatida incialmente nas escolas com programas educacionais antirracistas e mais tarde com leis rigorosas, é, na maioria das vezes, desdenhada pelas autoridades. Uma advertência, o pagamento de uma cesta básica, e tudo é esquecido. Diante da pouca importância que tais comportamentos recebem do judiciário, o resultado é este que estamos assistindo diariamente. Até mesmo policiais, aqueles que deveriam proteger todos os cidadãos, especialmente os mais frágeis na sociedade, cometem estas atrocidades.
A motivação é sempre a mesma. Alguém diferente é suspeito de ter cometido uma infração, ou mesmo um crime, mas por conta de ser quem ele é, passa a ser tratado como uma ameaça real aos cidadãos de bem. Por qualquer razão que seja, e até mesmo sem razão nenhuma, é utilizada uma força desproporcional e uma conduta de extrema violência resultando na morte do suspeito. De uma só vez, o policial torna-se juiz e carrasco.
No centro deste comportamento está o ódio. De acordo com a Wikipédia “O ódio, também chamado de execração, raiva, rancor e ira, é um sentimento intenso de raiva e aversão. Traduz-se na forma de antipatia, aversão, desgosto, rancor, inimizade ou repulsa contra uma pessoa ou algo, assim como o desejo de evitar, limitar ou destruir o seu objetivo”.
Toda a sociedade que tolera este tipo de comportamento, é uma sociedade doente. O que estamos assistindo hoje no Brasil é um exemplo clássico. O ódio ao PT, a esquerda em geral, propagada e instigada pelo presidente da república e seus seguidores, encontra eco na sociedade em geral que a propaga e instiga. A partir disso, todos os preconceitos são ato continuo. Na sua cola vem o ódio aos LGBTs, aos não cristãos, aos negros, as mulheres etc.
George Floyd morreu com um joelho sobre o seu pescoço dizendo que não conseguia respirar. Se o policial o tivesse escutado, e movido sua perna, ele estaria vivo. Não foi o que aconteceu. O policial, deliberada e conscientemente, optou por manter desnecessariamente sua posição levando Floyd a morte.
Nós temos no Brasil um presidente preconceituoso, que é o retrato da sociedade brasileira, um comportamento que passou desapercebido por muitos anos. Sempre convivemos com o Bullying, ações preconceituosas. Achávamos graça de humoristas em papeis de homossexuais. Rimos muito de negros sendo humilhados na TV. Que mal havia nisso?
Hoje assistimos as consequências. O ódio mostra a sua cara. Ele tem a cara, principalmente, de brancos supremacistas. São os ricos e descendentes da Casa Grande. Eles saem as ruas com suas bandeiras verde-amarelas atacando a tudo e a todos que não compactuam com suas ideias. Não se importam em gritar em alto e bom tom o que representam e o que pensam. Eles são a personificação do ódio em sua plenitude. Possuem um líder que fala sua língua e os saúda diariamente. Não se importam em serem chamados de bostas, de serem os bostas de estimação de seu líder.
O Brasil está com um joelho sobre o seu pescoço e não estamos mais conseguindo respirar. Quanto tempo mais vamos aguentar?