Existem muitas lições do Pessach, a Páscoa Judaica. A maior delas, sem dúvida alguma é o ensinamento a respeito do valor da liberdade. Mais do que isso, lembrar a cada geração que fomos escravos no Egito e lutamos para sermos libertos e encontrar nosso Lar Nacional na Terra de Israel.
Eu gostaria de falar sobre outra lição, que para mim, não é menos importante, mas poucos se dão conta dela: o exercício da paciência. O que, sem dúvida, se faz muito necessário nos dias de hoje.
A luta pela saída do Egito for precedida por 10 pragas. Pacientemente tivemos de esperar cada uma delas fazer efeito na esperança de que fosse a última. Não foram poucas, e a cada praga, uma nova expectativa de que finalmente poderíamos sair de lá. Foi frustrante, mas nossa paciência foi recompensada com nossa liberdade.
Mesmo depois de libertos, em momentos de desespero por falta de comida, ou de água, tivemos que ter paciência para uma solução, e também fomos recompensados.
Mas houve um momento em que a falta de paciência mostrou que quando nos exasperamos, o que parece uma solução, é na verdade um grande erro. Procurar por atalhos de curto prazo para um problema, normalmente não é o mais indicado podendo agravar ainda mais o problema.
Moisés subiu ao Monte Sinai para receber as Tábuas da Lei. Como custava a voltar o povo moldou um Bezerro de Ouro em adoração. Ao retornar e ver aquela cena, Moisés derruba o Bezerro e quebra as Tábuas da Lei, o que vai custar ao povo caminhar por 40 anos no deserto e a proibição de toda aquela geração de ex-escravos e de Moisés de entrarem na Terra Prometida.
Sim, a falta do exercício da paciência traz suas consequências. Normalmente se mostram piores do que se aguardar por soluções práticas e corretas. De certa forma, nossa vida se move desta maneira. Quem já não foi intempestivo, ao menos uma vez na vida, querendo solucionar um problema rapidamente e depois sofreu as consequências?
O Covid-19 está aí testando nossa paciência. Um vírus, que de uma hora para outra, virou a vida do mundo de ponta cabeça. Fosse a Terra Plana e teríamos caídos no Espaço Sideral. Felizmente a Terra é redonda e a busca por soluções para o problema provaram que todos os governos que tentaram paliativos, incorreram em um erro gigantesco com o agravamento da situação e o aumento do número de infectados e mortos em seus territórios.
A luta contra o Covid-19 é uma guerra. São muitas batalhas, cada uma delas exige de todos muita paciência. Ainda não existe cura, nem mesmo um remédio contra este vírus. Os protocolos de segurança para a elaboração de uma vacina e de um remédio funcional exigem tempo. São várias etapas que precisam ser cumpridas. Isto ocorre em função de efeitos colaterais que podem ser piores que o benefício. Nenhum laboratório no mundo vai colocar no mercado um produto que faça os pacientes morrerem da cura.
Sendo assim, a melhor solução é aguardarmos pacientemente em casa. O isolamento evita o contágio. Menos infectados, menos mortes e principalmente, menos tempo de contenção. É a melhor solução e comprovadamente o que pode salvar mais vidas.
Prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Se tiver que sair de casa, use máscara e luvas. Cuidado ao retirá-las depois que voltar. Lave imediatamente as mãos com água e sabão, ou use álcool gel.
Há cerca de 3.000 anos atrás o povo judeu aprendeu o significado de se procurar soluções de curto prazo e suas consequências. Toda uma geração foi impedida de entrar em Israel, aquela que teve a paciência para aguardar por sua liberdade no Egito, mas a perdeu ao não suportar aguardar pelo retorno de Moisés com as Tábuas da Lei.
Hoje a falta de paciência pode significar a diferença entre a vida e a morte. Sua, ou de seus entes queridos.
Este vírus será derrotado com nossa paciência. Temos esta capacidade, então vamos exercê-la. Fique em casa até a situação permitir a volta a normalidade. Vivos vamos nos recuperar e todos juntos vamos poder continuar comemorando muitas Páscoas futuras.